31 julho, 2010

As peixeiras do Bolhão que conheciam bem António Feio, ficaram a conhecer Saramago (ou como eu gostava que tudo isto fosse verdade...)

O Programa do "Festival Sete Sois Sete Luas" desenvolve-se em vários países,
(em Portugal em várias localidades) sem que muita gente o saiba... o que é pena!
O Semanário Expresso de hoje não diz peva. Quase toda a imprensa ignora...
Assim, como é que as notícias podem chegar ao Bolhão?
Claro que a classe média não pode saber quem foi Saramago e, ainda menos, quem foi o Zezito....

Enquanto dura a homenagem a José Saramago, um pouco por todo o Mundo e na sua terra natal o fazem com particular carinho, por cá perdem-se energias para se conseguir atribuir o seu nome a uma rua do Porto. Num blogue amigo, dava-se conta da existência de uma petição para reparar a injustiça do executivo portuense que, numa atitude do mais retrógrado provincianismo grunho, rejeitou uma proposta naquele sentido. Aí e de pronto, alguém, também de entre as minhas recentes amizades, discordava nestes termos:
"Mas o que pensa o portuense da classe média? Sabe o portuense que vive na rua, quem era o Saramago? Perguntem às peixeiras do Bolhão, se querem uma rua com o nome de um Prémio Nobel?"

Claro que não sabem. Mas eu fui lá dizer-lhes. Embora não sabendo como, o estado emocional em que se encontravam facilitou-me a tarefa. Entrei assim: "Aposto que essa lágrima se deve à morte do nosso António Feio" e, sem esperar resposta, lá fui dizendo o que ontem escrevi no meu post: "O que recordarei dele é a imagem de um homem que falava com ele mesmo, olhos nos olhos", acrescentando, " e recordarei também o seu sorriso" . "Ah, o sorriso..." exclamaram algumas, sublinhando em coro o seu acordo às minhas palavras. Senti-me assim encorajado a falar de Saramago, contado-lhes como Saramago definia os sorrisos dos homens bons e que tinha lido aqui... "é bonito isso que nos conta, e quem é esse Saramago?" Perguntou uma delas e eu respondi: "Saramago foi um homem da escrita, que uns amam e outros odeiam. Espera-se que o seu nome seja dado a uma rua daqui, do Porto". "É justo!" exclamaram em coro. Saí dali com um sorriso, pensando num dos que Saramago tão bem definiu...
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IMPORTANTE:
Para vencer o silenciamento e a omissão, aceitei a ideia da Fernanda () em, eu aqui e ela lá (Na Casa do Rau), editarmos, num dia da semana, um texto alusivo a José Saramago. Será curto, mas forte e profundo, como eram os pensamentos dele. Matéria-prima não nos falta e se alguém nos quiser seguir o exemplo, escusa de procurar. Pode ir aos seus cadernos. Tem aqui mais de 1 milhão de textos é só escolher. Também pode usar um destes seus 74 pensamentos. (curiosamente a grande fonte é de bloguistas brasileiros...)
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Junte-se a nós, dedique um post por semana a um pensamento de José Saramago!

29 julho, 2010

Farrapos em solidão


A vida a dois não é coisa fácil...
Velhos
Velhos, são os trapos
e os farrapos,
são os velhos...

Da longa vida
resta-lhes a memória
sofrida
do que seria
uma felíz estória
Sombras de sonhos
de uma mesma canção
restando dela
diferentes caminhos
e a solidão

27 julho, 2010

Um apelo ou, se quiserem, uma sugestão (caso não sintam fazê-lo por imperativos de consciência)...

“O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino”, foi a resposta do camponês. “Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e o camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça, porque a Justiça está morta.”
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Carta de José Saramago, ao FSM - 2003
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Hoje li e reli o DN. Normalmente passeio os olhos pelos grandes títulos, não na esperança de voltar a ler a alegria estampada em algum deles, mas sim na esperança de ainda sentir o odor à tinta de impressão ou que esta me suje os dedos. Em tempos idos, quando havia jornalistas e linotipistas era assim e eu recordo esse tempo tentando relembrar esse cheiro a verdade escrita nos laboratórios das entrelinhas, das indirectas ou dos textos mais ousados e desafiadores do lápis azul. Ainda há jornalistas, mas é tão reduzida a sua produção que qualquer jornal não prende mais do que 10 ou 15 minutos da minha atenção. Hoje, excepcionalmente, usei o "pente fino" e li tudo no DN. Senti-me garimpeiro procurando qualquer pepita de ouro esquecida... e encontrei. Encontrei, num discreto suplemento, a carta que Saramago enviou e que foi lida no encerramento do II Fórum Social Mundial, em 2003. Dessa carta extraí a parte com que abro este post.
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Apelo, sugestão ou imperativo de consciência?
A carta, embora de conteúdo urgente, perdeu-se por aí nas páginas do jornal em formato papel. Desesperado, procurei no google as palavras mágicas me conduziriam ao formato adequado. Encontrei. Bloguistas brasileiros, deram-lhe a devida projecção. Nem uma referência nacional, nem uma. Dai que vos faça um apelo ou, se quiserem, uma mera sugestão (caso não sintam dever fazê-lo por imperativos de consciência): difundam este texto. Encontram-no aqui. Podem seguir qualquer formato, desde a sua publicação integral à simples selecção de um parágrafo ou pequeno exctrato. Mas façam-no para que a memória não se perca... Multipliquemos a mensagem que Saramago deixou ...

26 julho, 2010

Pactuar com a estratégia de Pedro Passos Coelho é entrar num labirinto de onde dificilmente se sairá. Deprecia-la, também não é caminho....

Quando se define, como Pedro Passos Coelho fez, uma estratégia labirintica muitos se apressam a dizer que ela não leva a lado nenhum. Cuidado, PPC tem todo o percurso na mão, conhece os atalhos sem saída e, como foi ele que a desenhou, sabe que a única saída é a que conduz a uma consolidação dos interesses da classe que defende, dos ricos e dos poderosos...

É, contrariamente ao que se diz, um momento único para extremar posições e apresentar a "sua" proposta de aniquilação da progressiva da Constituição. Não precisa ter um discurso eleitoralista, pois não é suposto haver outras eleições que não sejam as "presidenciais". Mas há sondagens. PPC resolve submeter o seu projecto ao "escrutínio" das sondagens. Isto é, sonda as sondagens e estas são-lhe favoráveis. Hoje mesmo a TVI/Intercampus dá destaque a resultados que PPC não deixará de aferir, oportunamente: "Se as eleições legislativas fossem hoje, o PSD de Pedro Passos Coelho era o grande vencedor, com 39,2 por cento..."

Algumas pessoas que prezo, apressaram-se ou a evidenciar lacunas e imprecisões ou a depreciar as medidas e o seu autor. No primeiro caso, e a titulo de exemplo, André Freire faz um excelente artigo de opinião no jornal Público de hoje (ver aqui) onde afirma "O PSD pegou em algumas boas ideias e operacionalizou-as de forma deficiente e contraditória, prejudicando-as por isso...". Isto é, o meu querido amigo(*) aceitou entrar no labirinto de PPC ao silenciar-se sobre qualquer das propostas nos aspectos sociais e económicos. No segundo caso, Ana Paula Fitas, na "A nossa candeia", faz juízo depreciativo, escrevendo: "Passos Coelho começou por passear na avenida, distraiu-se numa rotunda, avançou em alta velocidade por uma auto-estrada sem portagens e foi parar a um descampado sem saída?". A imagem é interessante, mas infelizmente não corresponde à verdade. Passos Coelho definiu as regras do jogo e, depois das presidenciais, prestar-se-á a guiar o PS no caminho de saída do SEU labirinto e irá ter a uma nova Constituíção, naturalmente sob a batuta de um presidente... conveniente:

«Objectivamente, Portugal está num limiar da insustentabilidade e parece-me importante que o Presidente possa chamar a atenção de todos os intervenientes políticos para encontrar um caminho alternativo àquele que tem vindo a ser seguido»

Palavras de PPC, ontem, aqui

(*) Considero-me amigo de André Freire mesmo ignorando se me considera assim. Esclareço que, se decidi iniciar este blogue, também é "por causa dele", como aliás dou prova disso aqui e aqui.

Se todos os dias é dia de qualquer coisa, então façam qualquer coisa todos os dias. Por exemplo: hoje, dia dos avós, podem ir ler o post anterior...

À escola o que é da Escola

"Terrear" é um blog de um professor. Dedica o seu trabalho diário "A quem ainda não desistiu de inventar dias mais claros". Portanto dedica-o a mim, a si e a outros que hão-de vir. Lá encontro, sobre educação, muitas reflexões suas e, também, citações. Por lá não passo a correr. Recomendo que façam o mesmo. Deixo aqui parte de uma entrevista com António Nóvoa. Faço-o por várias razões, mas principalmente porque não me excluí nem me excluo do processo educativo: HÁ COISAS QUE NÃO COMPETINDO À ESCOLA COMPETE-ME A MIM enquanto avô ou até mesmo, enquanto cidadão. Eis o texto:

"Qual é o principal desafio de um gestor escolar atualmente?

Acredito que é decidir o que é essencial ensinar aos alunos e garantir que as disciplinas elementares não sejam prejudicadas pela avalanche de conteúdos que são propostos atualmente. Hoje, a equipe docente se ocupa da Educação Ambiental, alimentar e comportamental e com programas de prevenção a aids, acidentes de trânsito e violência sexual. Todos muito importantes, mas que não são responsabilidade da escola. Ao tentar colocar tudo no mesmo pote, falta espaço para o básico."

Este texto pode ser lido integralmente aqui
Nota: Sigo, com igual interesse, outros bogues de professores nomeadamente os que sob influência do Terrear, desenvolvem meritória e militante acção de divulgação de textos e boas práticas da sua profissão. São eles: o "Vox Nostra " e o " Suco, Suquinho, Sucodinho "

25 julho, 2010

Como é que aquele bilhete postal foi parar àquelas mãos?

A minha filha-mai-velha escreveu-me um postal que só mostrei aos amigos e que só daqui saiu porque um outro amigo o levou para o seu blogue (embora não tivesse editado o seu texto). Bernardino Soares apropriou-se do seu conteúdo para denunciar na Assembleia da República o que estão a fazer a Alvega. Que ele tenha sabido do fecho da escola e da farmácia eu percebo. Que conheça os efeitos das portagens na economia da região e contra isso se insurja, eu compreendo. Mas como é que ele soube que tudo isso já está a produzir efeitos e que a Dª Maria já despachou as cabras e as ovelhas deixando assim de fabricar os queijinhos de que a minha mulher tanto gostava?
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A foto, publicada no DN de hoje, não deixa dúvidas quer quanto à influência deste meu blogue, quer quanto aos desejos inconfessáveis de José Sócrates que, perante a persistência de algum eleitorado, pede a Deus que o deixe sozinho com as "bancadas", com as quais alguns entendimentos vão sendo possíveis...
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Claro que contra a deslocalização da farmácia já tive a oportunidade de ouvir o Presidente da Associação Nacional de Farmácias dar uma esclarecedora explicação (aqui). Sobre as SCUTS ainda se vai escrever e falar muito. É sobre as escolas que convirá divulgar a posição da Ministra. Diz-me ela: "Rogério, a qualidade do ensino nas sedes dos concelhos é mais eficaz, empresto-lhe este vídeo e veja se é possível, em meio rural, pôr as crianças a imitar estes comportamentos, se em Alvega não há pais assim, lá onde eles moram ainda menos..."
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Pois! É nas cidades e com as politicas que estão a ser seguidas, que as crianças encontram as melhores condições para a família evoluir civicamente...

24 julho, 2010

Metamorfose - II (Depois de ser árvore, regressei!)

Pediram-me que fosse árvore,
com olhos de implorar...
Não uma árvore qualquer,
mas com ramos de abraçar,
tronco forte
bem enraizado,
suavemente inclinado.

Aceitei e gostei.
Gostei que o vento me sussurrasse.
Uma ave em mim pousasse
escolhendo-me para seu ninho.
Gostei de me sentir enorme, gigante
dando conforto e sombra à caminhante
Gostei de me desnudar, perder folhagem
atapetando a paisagem
Gostei de sentir a seiva quente
percorrer-me como quando era gente...

Aí, senti saudade de voltar
e voltei, em festa...
Quem antes via apenas a árvore,
pode agora ver, através de mim, a floresta

23 julho, 2010

Por tudo isto, não posso dar voz à minha consciência desalmada...

Depois do meu post de ontem, uma onda de solidariedade varreu a blogosfera e dela transvazou. Secundando as centenas de amigos que comentaram a minha "Metamorfose-I", vários sectores se mobilizaram perante a simples e ténue ameaça em deixar esta "conversa" e contra a voz da minha consciência chamando-me tolo por eu ver, na net, um instrumento de mudança.
No sector artístico, Kate Bush ligou-me, desesperada dizendo-me: "Rogério, já falei com o Peter e ele aceita que eu represente os seus amigos numa canção que passa a ser-lhe dedicada. Sinta-me nos seus braços, num gesto de terna amizade e ... não desista"

Atente na letra. Este homem tem fortes razões para desistir.
Ela dá-lhe confiança, tal como os meus amigos me deram a mim...

Contudo, na área política, tal receio não colheu a unanimidade representada no vídeo acima. Cavaco Silva terá dito: "Neste momento ainda é cedo para fazer campanha!". Ninguém terá percebido (como é costume). Por seu turno, José Sócrates, afirmou distante: "todos deverão concentrar-se no que eu faço e não me desviarei um segundo sequer para apoiar um gajo qualquer!". Apanhado desprevenido, Lula da Silva apenas balbucionou: "Ele que não desista. Não! Não pode...". Todos perceberam que Lula entrou fragilizado para a entrevista ao jornal Record , acabando por não conter as lágrimas, que muitos não souberam interpretar e ver-me na sua origem...

A partir de agora, só aposto em políticos que emocionados, me emocionem

Por tudo isto, sinto que tenho de ficar. Até para continuar a divulgar o "circulo virtuoso" de Lula da Silva, como aliás já fiz aqui, aqui e aqui... Assim, lá terei que dar a volta ao texto que tinha preparado para a Metamorfose - II.

22 julho, 2010

Metamorfose - I

METAMORFOSE - I
(autocritica levemente avinagrada)

Tirei este sorriso que trago
entre o nariz e o pescoço
e meti-o no bolso
Rodei o coração
para outra posição
Sem saber onde pôr a alma,
metia-a numa gaveta
ao lado da utopia
que a abraçou
num gesto que há muito não via
(por certo já desesperada
de não ver ninguém,
e aí estar abandonada
ainda me lembra por quem)
Então, pus as mãos sobre o teclado
e, em dois cliques, passei-me para o outro lado.
Deixei coisas por fazer, outras por iniciar
e, sem sorriso, sem coração nem alma
(só eu e o meu cérebro)
começo a navegar

--
Postei
comentei,
naveguei,
sem qualquer mar,
sem ver nem temer,
por onde navegar...
Encontro poetas,
comento coisas belas,
(outras nem tanto),
embalo em canções,
enxugo este
e aquele pranto...
Quando acabo e a alma me volta,
lá fica a utopia,
na gaveta,
quase morta...
Do meu intimo, bem lá do fundo,
sussurra-me a consciência:
"Seu tonto, não é assim que se muda o Mundo"

21 julho, 2010

Um hino não se oferece, partilha-se...

Hoje seria dia de dar prenda. Peguei nela e depressa me arrependi. Como posso eu oferecer um hino? Um hino é para ser ouvido, sentido e partilhado. E nesta reflexão, fez-se luz. É isso: a partilha deste hino é, por si só, a melhor oferta que te posso fazer, cara Fernada (Ná). Espero que esta voz chegue à tua Casa de Rau hoje, dia do primeiro aniversário da tua "acolhedora casa"...



20 julho, 2010

O PSD prepara-se para empurrar mudanças na Constituição e... os simbolos da República também mudarão...

Passos Coelho ultrapassa-me em imaginação e prepara-se para propor a alteração dos símbolos da República. Com tantas tetas quantas as propostas que vai fazer para alteração da Constituição, o texto será apresentado já com esta imagem, convincente para muita boa gente...
NA VERDADE, PREPARA-SE ALGO MAIS GROTESCO DO QUE ESSA IMAGEM

Claro que o PSD não está interessado em tanta teta, das 98 bastar-lhe-á uma 9 ou 10. O PS tratará de lhas garantir e depois cada um irá dizer... (sabe-se lá o que eles rão dizer que não tenham dito antes!)

19 julho, 2010

Fecho de farmácia em Alvega provoca debate entre mim e o Presidente da Associação Nacional de Farmácias

"O recente episódio sobre a deslocalização de farmácias para os meios urbanos, dentro de cada concelho, deve ter como consequência a eliminação dos excessos liberalizadores que a legislação de farmácias actualmente contém, devolvendo-lhe a missão de proporcionar aos doentes e à população em geral uma assistência farmacêutica de qualidade."

Palavras do Presidente da ANF, no decurso do debate que práticamente não teve moderação e onde fiz um interrogatório cerrado a João Cordeiro, sobre o porquê do encerramento da farmácia de Alvega...


Imagens de um debate avinagrado por mim

Eu Caro João Cordeiro, a minha filhota instalou-se com a família em Alvega, uma freguesia do concelho de Abrantes com cerca de 2175 habitantes e agora a farmácia, pimba, fechou. Como é?
Presidente da ANFEstá preocupado? Pois é. Também os meios de comunicação, líderes de opinião e responsáveis políticos acordaram repentinamente, em Portugal, para os males da liberalização da legislação de farmácias, defendendo acaloradamente condicionamento da instalação dentro de cada concelho.
EuE então? Que pensa a ANF de tudo isso?
Presidente da ANF - Por estranho que pareça, estou de acordo com as suas preocupações, mas devo dizer que acordaram tarde. Quando, em 2005, tiveram oportunidade de defender a mesma posição, todos cederam perante a demagogia das ideias liberalizantes que nos conduziram à triste situação em que nos encontramos.
Eu Todos? Mas é uma medida do governo e não da Assembleia… Mas como é que chegámos a isto?
Presidente da ANF - A legislação de farmácias, até 2005, assentava no princípio do condicionamento da propriedade e da instalação. Iniciou-se, então, um período de forte pressão, senão mesmo perseguição, do Ministério da Saúde sobre as farmácias com o objectivo de "liberalizar" o sector. Defender a liberdade económica, proteger os jovens farmacêuticos, facilitar o acesso da população aos medicamentos, criar emprego, promover a concorrência, etc., etc., tudo serviu de argumento para alterar a legislação das farmácias.
EuMas eram argumentos pertinentes, daqueles que os eleitores gostam de ouvir...
Presidente da ANFPois, mas contrariamente ao prometido, não se criou emprego, os preços aumentaram, a qualidade dos serviços prestados pelas farmácias piorou, a sua rentabilidade diminuiu, a acessibilidade aos medicamentos é mais difícil e os jovens farmacêuticos, aos quais se prometia o acesso à propriedade de farmácia, ficaram reduzidos à condição de serventuários de quem tem dinheiro para investir no sector.
EuMais uma vez a demagogia, mas na altura a ANF … .
Presidente da ANF - A ANF nunca defendeu a liberalização da instalação de farmácias dentro do concelho, porque ela significaria a sua inevitável concentração nos meios urbanos, desprotegendo os meios rurais. Em nossa opinião, deve caminhar-se em sentido contrário, isto é, no sentido da valorização dos meios rurais e da criação de condições atractivas para a fixação da população. A farmácia é uma actividade privada que presta um serviço público de saúde, onde devem convergir, de forma equilibrada, os interesses individuais e os interesses colectivos, mas sempre com predomínio destes últimos.
EuEntão o cartel das farmácias, formado pelos senhores com massa é que mandam no sector…
Presidente da ANF - Foi o abandono, pelo legislador, desta característica identitária das farmácias que esteve na origem da liberalização das transferências dentro do concelho. Quando um ministro apela na Assembleia da República aos deputados para que o ajudem a combater o cartel das farmácias, está tudo dito sobre a forma de exercício de funções públicas e sobre a serenidade com que são tomadas as decisões.
EuMas... e agora?

(a resposta, bem como todo o "debate", pode ser lido no DN de 16 de Junho)

"Gritos de alma, não chegam ao céu"

"Gritos de alma, não chegam ao céu". As vozes de burro também não. Ainda me pergunto o que chegará ao Altíssimo... Um pouco por todo o lado, sente-se que Ele não está presente. Não está em Alvega (como ontem se viu). Não está no Alentejo, mais que em todas as outras partes, raios-O-partam...

Estes desabafos, avinagrados, podem (e devem) também ser entendidos como lamentos. Lamento quem, na blogosfera, faça edição nos seus blogues de imagens lindíssimas sobre o nosso Alentejo, vazias das gentes alentejanas. Não sei como o conseguem... De raiva comentei assim alguns desses posts:
Contraponto(com igual amor pelo Alentejo)

Ah Alentejo!
Ainda te tenho de odores
Cheiro a terra e a pão
Mas, as pessoas?
Onde estão?

Ah Alentejo!
Ainda me roçam os ventos
Me queima o do sul, o Suão
Mas, as pessoas?
Como estão?

Ah Alentejo!
Ferve-me o sangue mouro
No montado, na seara, nesse chão
Mas, as pessoas?
Para onde vão?

Ah Alentejo!
Seara de flores, mentiras de sol
Alimentando-te um sonho vão
E tuas pessoas?
Esquecidas estão?
Tanta beleza vejo,
só pessoas não!



Nesta bela imagem também não se vislumbra vulto de gente. Não, não são girassois, nem giradeus, embora acompanhem os movimentos de ambos, quer do Sol e quer de Deus. São Giracídios...
Com um grito de alma, que eu sei que não vai chegar ao céu, digo-vos: No Alentejo há gente. Acreditem que há e, embora vos estraguem a paisagem, são assim:
As mulheres, do meu Alentejo esquecido, são igualmente esquecidas por quem se perde com suas belezas

18 julho, 2010

Eu gosto é do Verão. Nada como esta estação. O mundo pára. Tudo é esquecido (salvo o que tem de ser lembrado)...

Um querido amigo, Carlos Barbosa de Oliveira (crónicas do rochedo), promove uma ideia de Verão. Diz ele:
"Há quanto tempo é que os meus queridos leitores não enviam um postal aos vossos amigos, quando vão de férias? Não me refiro aos postais electrónicos, mas sim àqueles verdadeiros, com selo e carimbo dos correios, que às vezes chegavam ao destinatário depois do nosso regresso, mas enchiam os destinatários de alegria. Pois o que vos proponho é que recuperem , este Verão, esse bom e velho hábito e enviem um postal do vosso local de férias, com um pequeno texto, aqui para o Rochedo. Mesmo sem carimbo de correios, mas OBRIGATORIAMENTE um postal Fotos não são admitidas." Mesmo quebrando as suas apertadas regras, resolvi tentar que ele aceite a excepção. Refiro-me ao "postal" que recebi há dias da minha "filha-mais-velha". É um postal do local onde vou passar uns dias... É na quintinha do meu genro, no Casal Ventoso e cerca de 1 km de Alvega e de 17 de Abrantes, sede de concelho. Claro que este postal não responde ao requisitos do Carlos. É pura invenção e o próprio selo está em (ainda) limitada circulação.
A parte verdadeira é o seu conteúdo escrito. Não posso provar que a cadela dos meus netos (que por acaso é Mula) possa estar contente por já andar solta, sem corrente... Não posso provar que a Dª. Maria faz girar a economia... Mas posso provar que a escola de 100 alunos vai fechar. Que a farmácia já fechou e o Presidente da Junta contestou e, ainda, que se quero lá ir tenho de me apressar, pois as portagens da A23 vão aumentar...
(tudo o que rima, é verdade)

15 julho, 2010

Mais confiante nas gerações futuras do que na eficácia dos deuses...

Ontem, depois de ter lido o que eu próprio escrevi, emocionei-me. Dei por mim a ler e reler os meus textos de base. Emocionei-me por ter verificado que o alargar do conhecimento cimenta-nos convicções e valores. E tudo isso, tendo os mitos de outros povos como pano de fundo... Tal inspira-me este post. Não só para introduzir um factor tangível de esperança, as novas gerações, como também para fazer um apelo aos cerca de 34% dos professores que, como eu, não aceitam de modo nenhum a corrupção (mesmo se pequena e em nome de benefícios pessoais ou doutrem). Assim, ponho em destaque as crianças, porque são o que de melhor o Mundo tem e os que mais podem melhorar o Mundo...

Empolgada com a mitologia egípcia ,
ela aceita o desafio de enfrentar a vida
batendo-se por um coração tão leve quanto a pena da deusa Maat...

Disposto a seguir todos os tiques e preceitos dos adultos que admira, mesmo não entendendo peva do que escrevi, ele faz uma "exigência":Que os seus professores lhe contem e expliquem o que está escrito, nos meus textos e nas inscrições egípcias...

Por fim, o meu neto Diogo tem tanta fé em mim como eu tenho nele...

14 julho, 2010

Isaltino: Acórdão da relação suaviza penas de autarca de Oeiras

AVISO PRÉVIO - Entre este post e o seu título, qualquer relação é pura coincidência

Na sociedade portuguesa está a acontecer algo que tende a instalar-se nos comportamentos como uma nova ética. Claro que ainda não está formalmente assumido mas, em termos da prática corrente da nossa cidadania e das instituições, já é aceite. Cerca de 63 por cento dos portugueses toleram a corrupção desde que produza efeitos benéficos para a população em geral. A maioria dos portugueses elege maiorias parlamentares que inibem legislação apertada contra a corrupção ou produzem-na de forma a que os tribunais possam, sobre um mesmo caso, decidir "assim" ou "assado", ou até mesmo e em passo seguinte, que é "frito". Depois, e se necessário for, tomar uma decisão final determinando que é "cozido". A democracia não penaliza as situações nem os seus agentes e, como é o povo que legitima tudo, tudo está legitimado dentro de um novo quadro de valores que se foi instalando...

Por isso, verte a minha Témis lágrimas de sangue. Por isso, as desigualdades vão-se acentuando perante a complacência de maiorias cada vez mais reduzidas, pois o êxodo da população ameaça a desertificação de grandes áreas do território...


Mas eu, eu não deserto nem desisto. Tenho esperança que a impotência daqueles meus deuses venha a ser superada por outros deuses. E, senão por esses, outros virão. A marcha da humanidade ensinam-nos que existem períodos, longos e tristes, de injustiça tremenda. Mas há, tem havido, forças para contrariar a adversidade...

Para me ajudar, aqui na blogosfera (fora dela resisto de outra forma), fui encontrar na mitologia egípcia uma parceira que me dá esperança. Aceitou colaborar na minha Missão. Chama-se Maat é a deusa da Verdade e do Equilíbrio.
É uma mulher jovem lindíssima, que exibe na cabeça uma pluma. É filha de , o Deus do Sol e esposa de Tot. Com a pena da verdade, ela dispõe-se a pesar as almas de nós todos e, a meu pedido, todos passarão por aquilo que ela chama de Salão de Julgamento subterrâneo. Colocará a pluma na balança, e no prato oposto o coração de cada um de nós, depois de falecermos. Se os pratos ficarem em equilíbrio, o morto em causa pode festejar com as divindades e os espíritos da morte, todos eles lindos. Entretanto, se o coração for mais pesado, ele será entregue a Ammut.

Ammut devorará todos esses corações. Ele é o Deus do Inferno, que é parte hipopótamo, parte leão, parte crocodilo.
Tenho a certeza que Ammut irá engordar com tanto coração mais pesado que a pena da minha deusa Maat... Termino com uma citação das suas sábias palavras da:

"Se és líder e diriges os assuntos de uma multidão, esforça-te por alcançar toda virtude até que não haja mais falhas em tua natureza."

Extraído de um texto que pode ler aqui

SE NÃO QUER VER SEU CORAÇÃO DEVORADO

E DO CONVIVIO DOS DEUSES SER PRIVADO,

LEVE O SELO DA MINHA MAAT, (ELE SERÁ A SUA SALVAÇÃO)...

13 julho, 2010

Isto de ter uma Missão não é só andar por aí com os netos, a brincar aos monstros e fazer de saltitão. Há outras coisas a merecerem atenção...

Cavaco Silva, não liga ao que alguns economistas dizem por aí. Hoje disse ao DN: "Estudei muito a Zona Euro, tenho livros publicados sobre a Zona Euro, não acredito que Portugal alguma vez saia da Zona Euro, nem acredito que a Grécia venha a sair".

A imagem reporta a turma em que Cavaco e a esposa se integram, recebendo uma lição de geografia económica e analisando o mapa e o ranking da dívida nas maiores economias,

Os sorrisos estampados em todos os rostos denotam aquela confiança e optimismo que Sócrates costuma ostentar. Isso a mim incomoda-me... É que:

  1. Se um economista não nobelizado incomoda muita gente, um grupo desses economistas incomoda muito mais;
  2. Se um grupo de economistas não nobilizados incomodam muita gente, um nobelizado incomoda muito mais;
  3. Se um economista nobilizado incomoda muita gente, dois nobelizados incomodam muito mais.

1- Disse um grupo de economistas não nobelizados, da Universidade de Londres, coordenados por Costas Lapavitsas, num estudo "Crise da Eurozona: Empobrece-te a ti próprio e ao teu vizinho" (ler o sumário executivo de 3 páginas aqui):

"A terceira alternativa para os países periféricos é a saída radical da zona euro. Tal alternativa resultaria, de imediato, na desvalorização das moedas nacionais, seguida da cessação de pagamentos e reestruturação da dívida. A banca teria de ser nacionalizada e o controlo público estendido aos sectores estratégicos da economia. Uma política industrial, promotora do aumento da produtividade, seria necessária. Esta opção requer uma alteração radical na correlação do poder que seja favorável aos trabalhadores. De forma a evitar estratégias de autarcia nacional, os países da periferia precisariam manter o acesso ao comércio internacional, à tecnologia e ao investimento. "

2- Disse o actual prémio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz em entrevista à BBC-4 (em 04/05/2010)
"Quando tivermos visto até que ponto fica difícil para a Europa adoptar uma postura comum para ajudar um de seus pequenos países, nos daremos conta de que se um país um pouco maior tiver dificuldades, é provável que a Europa tenha ainda mais dificuldades para chegar a um acordo".
"A longo prazo, enquanto os problemas institucionais fundamentais continuarem, os especuladores saberão que eles existem", acrescentou. Indagado se isso significa o fim do euro, Stiglitz respondeu: "Pode ser que seja o fim do euro"...

3 - Disse Paul Krugman, prémio Nobel da Economia em 2008, em entrevista à imprensa espanhola, citada pelo 'El País' (em 11/07/2010)
"Não ficaria surpreendido de ver um ou dois países serem forçados a sair do euro. Creio que há uma possibilidade plausível de que a Grécia se veja obrigada a sair [do euro] e esse contágio provocaria sérios problemas em todos países, especialmente em Portugal, e logo depois possivelmente Espanha e Irlanda ficariam enredadas", afirmou. Porém, o economista não prevê o colapso da Europa, afirmando que "ficaria surpreendido se a França, a Alemanha ou os países do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) não se mantivessem agarrados à moeda única num futuro mais imediato"... Para o economista, "a Alemanha está realmente a desempenhar um papel destrutivo. Está a empurrar-se a si própria e ao resto da Europa para a via da auto-destruição". Isto porque, explica Krugman, "parte do problema da zona euro é que há muitas vias de contágio, pelo que a austeridade de um país leva à depressão nas restantes nações".

A TUDO ISTO , CAVACO DIRIA O QUE JÁ DISSE DE KRUGMAN, REVELAM "UMA CERTA FALTA DE CONHECIMENTO DO QUE É A ZONA EURO". Certamente que os economistas credenciados pela nossa imprensa de referência, vão na mesma onda. Vou ver...

Se vires um vaso rachado, não o desprezes… Os defeitos, só o são para quem exige a perfeição…

Pode aprender com um pequeno conto, contado pelo meu pássaro azul, em "Só te peço 5 minutos"

12 julho, 2010

As águas e mágoas do monstro, no seu habitat...

AS ÁGUAS
Uma amiga, Na casa do Rau, comentou horrorizada num meu post anterior: "não gostei da cor das águas desse lago. Não, eu não me metia aí nem morta!".
Nem pense, aquela minha cara amiga, que um monstro que se preze se mete em águas que ela despreze...
Ia ele sair de Loch Ness para se meter numa charca qualquer? Que ela nem pense...

Uma lagoa, à séria, funciona conforme o esquema (podem encontrar o detalhe aqui)

Este sistema é mais saudável para as rãs, monstros e outros bichos... Experimentem meter uma rã, aí uns 10 minutinhos, numa piscina devidamente tratada e vai ver se ela depois salta. É o saltas...

Alguma vez uma charca ou uma piscina, reúnem esta envolvente? Ao fim da tarde as cigarras em coro fazem uma longa e harmoniosa introdução ao cochoar das rãs que segue, noite dentro, enquanto todo o tipo de pássaros esvoaçam sem dar tréguas aos mosquitos, melgas e outros insectos que, assim, não chegam sequer a insinuar uma leve picada que seja em qualquer ser ...

Caros amigos, cara Fernanda, se sabem fazer o pino aproveitem agora. Isto é, façam-no se quiserem ver essas árvores direitas. O que lhes mostro são o seu reflexo, nas águas calmas do espelho de água onde o monstro se sentia como um peixe dentro de água doce, muito doce e... terna e... morna! (se querem ver as coisas direitinhas, visitem este site)

E o enquadramento? Ah, o enquadramento... São quintas e fazendas praticamente abandonadas (o que se afigura em perfeito equilíbrio com o resto do país). Mas há verde, verde selvagem e bravio, ao gosto de qualquer monstro... Alfarrobeiras enormes, à beira do caminho que vai dar ao comboio para a Praia do Barril. São velhas árvores, muito velhas que, conforme podem constatar, precisam de alguém para as amparar... (o mesmo alguém que ampara o monstro...)

AS MÁGOAS

Acabou-se! O que anda por aí, vai dar muito trabalho...

11 julho, 2010

Os meus netos ficaram divididos quanto aos méritos da Espanha, mas todos aplaudiram o Paul...

Para terminar as minhas conferências sobre o Mundial, reuni os meus netos e expliquei-lhes as razões que justificam a vitória da selecção espanhola. A falta de concentração dos miúdos foi total. Todos só tinham uma ideia no pensamento: o polvo Paul, a sua verdadeira estrela. Contudo, cada um deles imaginava destinos ou intervenções diferentes ao bichinho. Ela, numa saladinha... Eles, a imaginar que se fossem os seus clubes a jogar, estes ganhariam os jogos todos...
Quase a "passar-me dos carretos", questionei-os sobre o porquê da vitória dos "nuetros hermanos". Eis as respostas:

-Marta (13 anos) - , eu acho que a Espanha foi a melhor!
-Miguel (11 anos, irmão da Marta) - Claro que não foi! Só ganhou porque o Queiroz deixou...
-Duarte (6 anos, o tal lourito) - O Paul explicou as tácticas aos espanhóis. Ele é que devia vir treinar a nossa selecção...
-Diogo (1o meses, o tal "ranhosito") - Tá, tá, tá, pum?
-Eu - Tá. Tá pum, pois! Agora temos que pensar na vidinha...

Em 2014 há mais. Por essa altura, os meus netos terão certamente mais em que pensar...

08 julho, 2010

Impedido de aparecer "lá fora", o Monstro de Loch Ness apareceu numa lagoa, "cá dentro"...

Um conhecido jornal diário publicava há uns tempos: “Será que o famoso monstro do Lago Loch Ness, na Escócia, sempre existe? Jason Cooke, um segurança britânico diz que sim e garante que captou a sua figura, esta semana, através do Google Earth.
O Google disse que as câmaras deste serviço são de alta qualidade e capazes de obter imagens de áreas inacessíveis a outras câmaras mais vulgares.
Segundo declarações de Adrian Shine, investigador do projecto Loch Ness ao jornal britânico "Daily Telegraph", estas novas imagens são "realmente intrigantes" e deverão ser estudadas.”

Já liguei ao Shine a dizer-lhe que não vale a pena realizar tais investigações. Impedido a ir para fora (Loch Ness) o verdadeiro monstro apareceu numa lagoa “cá dentro”.
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O vídeo abaixo dá testemunho inequívoco da sua aparição.

Estas imagens são únicas. Do monstro restam apenas os lugares por onde terá andado e que constituíram o seu habitat nos últimos dias...