A vizinha do 4º andar, vê a luz ao fundo do túnel...
Vizinha do 4º andar - Sabe?, Dª Esmeralda, o meu Otário anda encantado. O patrão dele passou a falar que o amor é um sentimento necessário à competitividade e às relações laborais. E que se for despedido isso será sempre um acto de amor...
Dª Esmeralda (surpreendida) - Não me diga!
Vizinha do 4º andar (olhando religiosamente para o ar) - Assim, já podemos ver... como se diz?... a tal "luz ao fundo do túnel"...
Dª Esmeralda (cada vez mais espantada) - Como, assim?
Vizinha do 4º andar (como se estivesse a pensar) - A pouco e pouco uma onda de solidariedade se espalha. Deus nos valha... (e voltando-se para a Dª Esmeralda) Sabe que o Banco Espírito Santo fez um acordo com a Cáritas, para ajudar os mais azarados, desfavorecidos e marginalizados?
Dª Esmeralda (admirada) - Não, não sabia não!
Vizinha do 4º andar - Pois é!... não sabia... E por acaso sabe que agora, se o diabo bater à nossa porta, até podemos ir passar a ter um take away, das refeições servidas ali do restaurante do sr. Malaquias, quando ele não der vazão à alimentação, com os clientes que lá vão? Os cantores cantam um hino a isso, do desperdicio... Ah, o sr Presidente da Republica, também se meteu nisso...
Dª Esmeralda (pasmada) - O Cavaco?
Vizinha do 4º andar - Sim, e a coisa não acaba aqui. Por certo também ignora que o movimento do Banco Alimentar, recolheu alimentação que mata a fome a gente que até mais não... que já mobiliza quase 40 000 voluntários e que se vai internacional e terá de admitir mais gente para se profissionalizar... talvez o meu Otário tenha lá lugar...
Rogérito (gritando da sua janela) - O governo já pode dar cabo do Estado Social e fundar o Estado do Amor e Caridade... o povo passa a ser uma irmandade...
(O Rogérito até acha que o que disse é uma laracha e que há...
quem, dentro da igreja, não se desvia da luta necessária... )
Querido amigo Rogerito, são tantas e tantos os pacóvios deste nosso querido e lindo país que acreditam nisso tudo e têm o mesmo discurso da "sua" vizinha do 4º andar! Por isso aguentámos o Salazar 48 anos e não nos ralamos nada se tivermos de aguentar estes Passitos e estes Cavaquitos mais 48 (t'arrenego!) porque eles são tão bonzinhos e o senhor prior na missa também diz que eles são bonzinhos, malvado e anticristo era o do governo anterior que roubou tudo quanto pôde e depois fugiu para França, sim que o Dias Loureiro e o Duarte Lima nem precisam de fugir que graças a deus estão acobertados pelo Cavaquinho e pelo Coelhinho que são tão bonzinhos graças a deus. (Já pareço a Guidinha...)
ResponderEliminarNOJO!
Também ouvi esta... estamos a regredir à velocidade de cruzeiro... e, à medida que o tempo passa, cada vez, temos menos chances de evitar o Inferno.
ResponderEliminarEste país nem precisava de austeridade, apenas de gente honesta e com um mínimo de ética mas, entre os jogos de poder e os interesses instalados, a única coisa que sabemos... é quem vai ficar a perder.
Pior que a estupidez é ser "cego" e a maioria dos portugueses nem está a ver onde os estão a meter, especialmente os que nasceram depois do 25 de Abril, ouvem contar como era antes mas, acho que não fazem a mínima ideia como é viver sem direito a nada, excepto... à flexibilização do direito... de ser explorado.
Bjos
A propósito: Se nao estou errado, alguém terá escrito que o "amor é f***do"...
ResponderEliminarRogério, posso pedir-lhe que me dirija à Isa?
ResponderEliminarEu prefiro o inferno, estar no INFERNO, ir para o INFERNO...
(e que isto seja visto, não como um desejo,mas um ato de amor e um sentimento necessário)
É que uma das Bem-Aventuranças diz: " Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles será o Reino dos Céus."
Em vista disto, antes o INFERNO, que no CÉU andamos nós. Já viste, Isa, com quem conversaríamos, que retorno teríamos? Nenhum! Mal por mal, pregamos entre nós, revoltamo-nos contra os pobres de espírito que nos governam e, quem sabe, até consigamos pôr a arder este país seco até à raiz.
3 beijos: um para a Isa, outro para si e o último para o Rogérito.
Laura
Sabe, se formos falar deles todos então não teríamos espaço nos blogs todos. Mas enfim, que fazer? Eu digo sempre, é preciso uma vassoura!
ResponderEliminarAusteridade? sim mas de saber governar!
Beijinho
A vizinha do 4.º é bem o retrato do país! Por causa disso é que estamos assim...
ResponderEliminarÓptima edição.
Bj e boa noite.
Rogério,
ResponderEliminarSou católica, mas sinto-me mais próxima desses jovens da JOC do que todas essas organizações que estão a tomar uma projecção que ultrapassa a simples e cristã caridade. É certo que as necessidades e carências aumentam todos os dias mas há que mobilizar é para a resolução do problema.
Beijinho
Maiuka
Tá falando do teu país - não comento, não devo.
ResponderEliminarApenas vou sangrando aos poucos o meu país aqui (ainda) na tua caravela.
Afinal, o Atlântico não nos difere muito nas dores não.
Barbara.
É o que eu ando a dizer há que tempos: estamos a eressar ao passado "alegremente"!
ResponderEliminarLamentavelmente...
Oportuno este post! Tem um excelente domingo , meu querido.
BShell
já fiz o tal ensaio sobre maquiavel, ficou um bocado grande e uma bela porcaria :p
ResponderEliminarbeijinhos
Meu amigo:
ResponderEliminarFui "roubar" esta quadra a José Barata Moura que responde por mim a este seu post.
O pobre no seu penar
Habitua-se a rastejar
E no campo ou na cidade
Faz da sua infelicidade
Alvo para os desportistas
Da caridade
Vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e boa comidinha
Vamos brincar à caridadezinha
Beijinhos
Marta,
ResponderEliminarMandas-me teu trabalho?
Prometo-te tratá-lo com todo o respeito.
Não to vou qualificar...
Apenas peço autorização para o usar,
se me deres esse direito.
Mandas?
por vezes quero entender, e apenas me resta um nó na garganta...
ResponderEliminarum texto oportuno e que merece atenção.
um beij
essa "irmandade" não me convence - sou heretico.
ResponderEliminaras tuas vizinhas são um caso serio de sabedoria e humor.
abraço
É assustador pensar que o estado social se desmorona a cada dia, empurrando uma multidão, sem trabalho, sem alento e sem esperança, para esse miserável estender de mão à caridade ou para outra forma de escravidão qualquer.
ResponderEliminarL.B.
O discurso do fariseu de S. Bento deixou-me num tal estado de nervos, que não consigo comentar esta conversa, Rogério
ResponderEliminarRogério,
ResponderEliminarÉ fenomenal este teu texto! Oportuno e um alerta prementemente essencial para os menos atentos.
Estou de viagem e passei num computador com pouco tempo mas li com atenção. Logo que possa verei os outros textos.
Adorei este bocadinho.
Beijos.
Branca