«Non dimittitur peccatum nisi restituatur ablatum»
Não! Não é do «Sermão do bom ladrão»
Que vos falo, com mágoa na voz.
É de mim, é do povo, é de nós,
Das sombras que se estendem pelo chão.
E dos pés que nos pisam? Esses não,
Não podem ser de gente assim atroz.
É que os pés sem as sombras morrem sós,
As sombras sem os pés não morrerão.
Eu não gosto dos pés, eu tenho medo
A quem o rosto dei, nele cuspiu.
Antes o rude corpo do penedo,
E sem alma, sem razão, cego ou mudo,
Onde possa como ele, também eu,
Resistir às tempestades e a tudo.
Né Fonte / "Mais 1 Poema"
Imperdoável!
ResponderEliminarMais um belo poema.
Não sei se resistimos às tempestades...mas podemos afastar os pés que nos pisam.
ResponderEliminarAbraço
Excelente soneto que em nada fica a dever ao Sermão de Padre António Vieira, tal a semelhança do tema.
ResponderEliminarQuanto ao estilo parece-me inspirado nos sonetos de Camões.
Só sei que gostei, mas não quero ser penedo. Quero ser gente com alma, com razão, a tudo resistir
sem pés que me pisem, ter voz e não ter medo.
Parabéns à Né Fonte e beijos para ambos.
A bota hitleriana daria mais força ao poema.
ResponderEliminarNão somos, ou não nos sentimos, cascas de ovos e, por isso, muitos não terão, sequer, o cuidado de dar a atenção que o poema merece.
Abraço
José Luís
Um soneto em que a voz do sujeito balança entre a acusação e o medo do porvir.
Veste bem a realidade [nua] que vivemos.
Lídia
Muito bonito.
ResponderEliminarGanhou muito por associar o PAV.
Um soneto de quem está atento ao que nos consome.
ResponderEliminarGostei muito!
beijinho
Fê
Muito bom! Cheio de alma e ... de desânimo. Como andamos todos nós, enfim: cheios de desânimo!
ResponderEliminarNão sei se ficou como José Ferreira :)
ResponderEliminarBom poema.
Parabéns para quem o escreveu e mais ainda pra quem o escolheu.
Ná