20 setembro, 2020

Eis senão quando, alguém acende uma luzinha...

Centro de Canoagem de Alvega

Dei conta ontem de um passeio triste, passando por paisagem que fora bela, que agora a desfeava os múltiplos sinais de abandono, a desertificação, as ruínas por onde passei e que, tendo descido à beira Tejo, falei com as águas e, por acaso, com um jovem que por ali estava e cuja conversa guardei para a ela voltar um dia, quando calhasse.

Calhou hoje. Por detrás do edifício do Centro de Canoagem de Alvega, sem sinais de uso, o referido jovem começou por ser um vulto indistinto até me aperceber ser gente. À medida que me ia aproximando percebi não ser pescador. Já próximo, ele deu por mim, e perguntei que fazia ele ali com água pelo joelho, fato adequado para entrar Tejo dentro. Ele foi dizendo quem era e o que estava fazendo. Que era aluno da Faculdade de  Ciências, que estava ali em estudo, que o estudo se inseria numa investigação relacionada com a sua tese de mestrado, que estava ali em Alvega, como já tinha estado na Barragem de Fratel e noutros pontos, a colher dados de qualidade da água. Depois referiu fases seguintes da investigação, sem grande detalhe, mas que deu para perceber que ele acreditava na ressurreição do rio, e do regresso de muitas espécies, desde que, e que...

À medida que ia falando, ia eu pensando que ele era uma luzinha de esperança...

À despedida, perguntou se eu era lá da terra. Eu disse quem era e o que fazia ali.  Ele comoveu-se e eu também.

8 comentários:

  1. Há sempre uma luz, algures, que nos consegue alumiar a alma.
    Que bom, Rogério. Fico tão mais aliviada com esse feliz encontro.
    Não se feche em si, caminhe e fale com outros caminhantes.
    Todos terão uma história para contar.

    Um abraço amigo.

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  2. Sei que farás o teu luto segundo a tua alma to dite e que, aos poucos, irás descobrindo mais luzinhas espalhadas por aí.

    A que ontem encontraste, também a mim me alumiou um pouco. Obrigada!


    Abraço

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  3. Haverá sempre luzinhas no nosso caminho e nós talvez também sejamos luz para alguém!

    Abraço

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  4. A vida é imparável e nós todos somos seus agentes dinâmicos, tanto nas nossas alegrias como nas nossas tristezas.
    Um abraço.

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  5. A vida que por vezes a nossa dor nos faz acreditar que acabou para nós, é a mesma que põe no nosso caminho essas pequenas luzinhas, para nos iluminar o espírito e nos mostrar que não é assim.

    Abraço

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  6. cada ser tem dentro de si um mar de luz à espera de um náufrago para guiar
    saibamos nós encontrá-lo.

    Um beijinho

    Fernanda

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  7. Luzinhas de esperança ajudar-te-ão na caminhada. Não as ignores.
    Beijo, amigo Rogério.

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  8. Eu sabia que alguma coisa corria mal, suspeitava que iria ter um trágico desfecho, mas procurei não intervir, porque uma pessoa em profunda ansiedade (como devia ser o caso do Rogério) não tem disposição para dar explicações a quem quer que seja. Tentei ler nas entrelinhas das mensagens que o Rogério ia publicando.

    Só agora, quando leio a palavra "luto" num dos comentários, é que me atrevo a intervir, pois tudo indica que nada mais há a fazer. Eu não conheço o Rogério pessoalmente, mas quero que saiba que me solidarizo com a sua dor e desejo-lhe, do fundo do coração, que consiga superá-la e seguir em frente, «fazendo das tripas coração».

    Um grande abraço

    Fernando de Sousa Ribeiro

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