11 junho, 2024

CAMÕES, SE FOSSE VIVO SERIA MILITANTE DO MEU PARTIDO (além de NÓBEL, certamente)

 


O título revela sectarismo? Talvez, mas o que me vêm à mente quando leio o texto que vos trouxe é um nome: Saramago. Vejamos então os "meus" argumentos:

"Como escreveu Óscar Lopes: «Só se pode ver Camões e todas as suas condignas dimensões humanas se colocarmos a sua obra na perspectiva de vários séculos de luta, quer do povo português, quer de muitos outros povos, contra a exploração feudal, capitalista e capitalista-imperialista, luta pela autodeterminação real, inclusivamente económica e cultural, do povo português e de todos os povos que com ele podem hoje livremente dar-se as mãos, num combate que continua, e agora inequivocamente em comum».

(...) 

Artista de grande dimensão, não protegido pelo poder, marginalizado pelos poderosos e privilegiados do seu tempo, Camões é um poeta do povo e da pátria portuguesa – pelo modo como reflectiu um acontecimento histórico, os descobrimentos geográficos, e como desenvolveu e apurou as capacidades da língua portuguesa, tendo sido um criador de palavras e arranjos sintácticos.

(...)

Ligado ao pensamento progressista português do seu tempo, Camões traduz na sua obra um pensamento de tipo dialéctico – de que é exemplo o soneto «Todo o mundo é composto de mudança / Tomando sempre novas qualidades» – a crítica da injustiça – «Vê que aqueles que devem à pobreza/Amor divino, e ao povo, caridade,/ Amam somente mandos e riqueza,/ Simulando justiça e integridade./ De feia tirania e de aspereza/Fazem direito e vã severidade;/ Leis em favor do Rei se estabelecem;/As em favor do povo só perecem.» (Lusíadas, Canto IX, estrofe 28) - a par da evidência do período de descoberta e do saber de experiência feito.

(...)

«Camões não é a voz da reacção e do colonialismo. Camões é a voz do nosso povo, dos Lusíadas, a voz da insubmissão ante os privilégios, a voz do progresso social e científico, a voz da nação portuguesa, num elevado sentido humanista»"

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4 comentários:

  1. Apesar de estar novamente silenciada por motivos de saúde , não poderia ficar em muda diante da tua publicação de hoje, Rogério, sobretudo porque, tal como tu, acredito que nenhuma outra ideologia o tocaria tão profundamente quanto a que nós professamos.
    Sei que estás a trabalhar desde que me trouxeste do hospital e me deixaste à porta de casa, enquanto eu nada faço além de escrever sonetos, décimas e quadras... e cada vez mais raramente, que nem a saúde, nem a medicação me estão a facilitar a produção poética e o corpo, esse, sabes bem como está debilitado.
    Camões nunca serei, mas vou humildemente tentando amassar o mesmo barro que ele amassou , embora hoje não me sinta capaz de aqui te deixar um soneto ou uma quadrazita que seja...

    Talvez amanhã acorde um pouco menos exausta.

    Um abraço apertado!

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    1. Querida "avó" estamos de acordo...
      Quanto ao trabalho, deu para tudo

      Abraço e as tuas melhoras

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  2. Então, como é que é?
    Venho por mor da Desgarrada e não vejo cá nada?

    Aproveito e ensejo para desejar as melhoras da Maria João, que segundo ela disse levaste ao hospital e não se sente bem. Isso da falta de foça tb me anda a afectar, e o tempo incerto, ora frio ora calor, não ajuda nada.

    Um abraço e as melhoras de ambos.

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    1. Aguenta essa impaciência
      A pressa é má conselheira
      Daqui a nada terá V Exª
      Desgarrada à nossa maneira

      Não tarda nada

      Abraço rápido

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