Não poeta,
Pão da alma, desse tenho
e dele não desdenho...
Preciso do outro,
que resulta de quem trabalha…
Nesse teu poema,
não há nada que me valha
Acredita,
que tempos houve em que tentei comer e comi
uma saborosa palavra.
Mas a fome, essa… voltava
Não poeta, hoje não preciso de ti
--------II
Tenho mar de dar peixe
Terras de semear
Força de fazer
Vontade de acontecer
Porquê, então
poemas sem pão
nem insurreição?
(Post inspirado pela Nossa Candeia, e pela Manuela)
Fechem a porta, não vá a fome entrar sem bater...
Abram a janela, pode a mudança aparecer...
Obrigado, Rogério... pela referência mas, principalmente, pelo poema!
ResponderEliminarUm abraço :)
Já li! e reli!
ResponderEliminarMas as palavras não saem.
Entupi!
Encheste-me os olhos de lágrimas pela emoção!
Pelo conteúdo, pela falta de pão!
Fecho a porta à fome...
Abro todas as janelas à mudança!!!
Obrigada
Beijo
Ná
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarRogério,
ResponderEliminarEste texto e o anterior revelam uma grande sensibilidade social e são do melhor que escreveu. Ou será que o melhor é o que vai escrever a seguir?
Beijinho
como gosto de vinagre , não podia deixar de visitar seu blog e estou a gostar muito, vou voltar.
ResponderEliminarAs palavras são bonitas, mas o clip choca-me e revolta-me. Triste, muito triste.
ResponderEliminar"Vemos, ouvimos e lemos não podemos ignorar..."
ResponderEliminarTantas portas trancadas que não querem deixar sair a fome e a miséria.
Há campos para cultivar o pão e a alegria que faz abrir janelas carregadas de esperança e amor.
A fome é produto político que cria barreiras sociais.
A fome é um débito político que nunca mais encontra o crédito....
20 % da população mundial come desmesuradamente (Europa e USA) se o resto do mundo que passa fome come-se metade dos egoístas os recursos acabaram em 11 meses...
ResponderEliminarRogério
ResponderEliminarEnquanto espero pelo almoço estou no seu blogue.
Há realidades que sabemos existirem, mas que não estão á nossa frente e por vezes até nos esquecemos delas.
Mas como o Luis recordou o poema cantado pelo Luis Cilia, ao ver ouvir e ler não podemos de facto ignorar.
Utilizemos a blogsfera para isto, mas sobretudo, façamos dos nossos post um manifesto contra estas gritantes situações que nos tiram o apetite, mas sobretudo nos envergonham.
Abraço
O seu ao seu dono
ResponderEliminarNo meu comentário anterior atribui erradamente a Luis Cilia a Cantata da Paz. Quem cantou e ainda canta este poema de Sophia de Mello Breyner Andresen é o francisco Fanhais, que é actualmente o presidente da AJA Associação José Afonso.
Caro Rogério
ResponderEliminarLi, vi e ouvi com muita atenção, não vou dizer o que senti, porque não encontro palavras, é algo muito forte, mas assustador quando penso na tendência que existe de vir a aumentar e sinto-me impotente perante estas e outras mais. De facto não foi com este mundo que eu sonhei.
Continuação de um bom Domingo
Abraço
Palavras a um tempo duras e belas.
ResponderEliminar:))
Rogério, como sempre oportuno. A reportagem já a tinha visto na TV e deixa-nos com amargos de boca. Hoje fiquei com a casa mais vazia de bens, mas com alma infinitamente mais cheia, de calor humano.
ResponderEliminarBeijinhos
Tão débeis as portas estão, que nem se conseguem fechar! A fome entra sem bater!
ResponderEliminarAbramos, sim, abramos as janelas, gritando por elas
"Tenho mar de dar peixe
Terras de semear
Força de fazer
Vontade de acontecer
Porquê, então
poemas sem pão
nem insurreição?"
até que a mudança apareça.
Abraço
Olá, Rogério
ResponderEliminarGostei de te ver na minha casinha.
Já tinha saudades...
Pois, meu amigo, quem dera poder evitar o entrar da fome. O pior é que ela já existe em muitos lares. E entrou mesmo sem bater à porta, embora há muito tempo houvesse sinais evidentes de que isso poderia acontecer...
Concordo que devemos manter a janela aberta, a janela da mudança. Se até essa esperaça nos abandonar, o que nos resta?
O poema é muito bonito, embora retrate uma realidade bastante triste.
Uma noite feliz. Beijinhos
Olá Rogério, muito prazer.
ResponderEliminarNessas andanças de blog em blog, encontramos pessoas que sempre têm algo a dizer. Mas há pessoas que têm algo à dizer mais do que as outras. Você é uma delas.
Me permita a grosseria de ir chegando e citando poema. Não é meu, mas o seu poema, belíssimo, me lembro este.
Receba com carinho.
Um abraço,
Malu
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Apetite sem Esperança
(Elisa Lucinda)
Mãe eu tô com fome
eu dizia eu gritava eu mugia
minha vó zangada respondia
você não está morrendo e nem tem fome
Você tem é apetite
Você sabe que vai comer, aonde comer, o quê vai comer.
Fome não! A fome, minha neta,
a fome, meu irmão,
a fome, minha criança,
é um apetite sem esperança.
Quando há certeza de cereais, toalhas americanas,
guardanapos e alegrias da coca-colândia
não há fome de verdade.
Minha vó já dizia pra mim um futuro de Brasil.
Minha vó nem viu edifício crescer no lugar de pão
no lugar de trigo
nem viu criança com infância de semáforo
vendendo mariola barata, criança que mata
porque seu quintal tá sempre no vermelho
criança cujo ralado de joelho
dói menos do que o não morar, não existir, não contar
com a fome tenaz
Não há tenaz na escola
há só a cola de cheirar a dor doída
de um monstro estômago a roncar
um animal doído dentro do corpo a uivar
todo dia, sem boa vista, sem quinta zoológica onde morar
Com a fome das crianças brasileiras
forra-se a mesa, arma-se o banquete
dos que sempre tiveram apenas apetite.
A faminta criança foi apenas o álibi, o cardápio, o convite.
Desmamada ela cresce procurando o peito da pátria amada
uma banana, uma manga, uma feijoada
e a mãe pátria diz nada.
Tem ela apenas o horror, o descalor, a calçada
um ódio a todos os tênis dos meninos nutridos
um ódio a mochilas, a saudáveis barrigas
com contínuo furor de assaltar os relógios
um deter o tempo que é o seu verdadeiro balão
um cai-cai balão que só cai à mão armada.
A fome gera a cilada de uma pátria de não irmãos.
A gente podia ter gripe, asma, catapora, bronquite
A gente podia ter apetite mas fome não.
Minha vó bem que dizia sem errança:
fome é um apetite sem esperança.
(Escrito especialmente para a Campanha Ação da Cidadania Contra a Miséria e Pela Vida/ Betinho / 93. Encenado pela Cia. Teatral do Movimento sob a direção de Ana Kfouri)
Meu Amigos
ResponderEliminarComeço a ter um problema sério: Estar dotado
de um um só coração
por sinal, demasiado pequeno
p´ra alojar tanta emoção
Obrigado todos!
(é bom saber que somos muitos
em estado de alerta
e a ter
uma janela sempre aberta...)
Meu amigo:
ResponderEliminarDesculpe a minha visita atrasada e principalmente desculpe-me por hoje não saber o que comentar.
Fiquei emocionada com a poesia, com as palavras com as imagens com os afectos.
Beijinhos