31 janeiro, 2011

Irá a elegante avestruz passear-se pelo Fórum Novas Fronteiras?

Veio-me este post à cabeça quando hoje li no “Público” o texto de André Freire que, como é sabido, foi um dos causadores da minha decisão em me tornar bloguista. Ele e outros. Apetecia-me recomendar que alguém, - porque não ele mesmo? – tomasse esse texto como base de proposta de discussão no Fórum Novas Fronteiras.
É uma reflexão sobre as presidenciais e sobre as divisões da esquerda não comunista. Podia dar-lhe um jeitinho apenas no formato e, talvez já agora, não excluir a esquerda comunista. Saliento partes do texto e alguns links que seria igualmente interessante fazer integrar no texto. Talvez o fórum retirasse conclusões importantes (ou talvez não):

“Vários factores pesados concorriam contra Alegre. Primeiro, o facto de se tratar de uma reeleição, que favorece o incumbente (vencedor Cavaco Silva). Segundo, por ser apoiado por um partido que suporta um governo impopular, seja pelos enormes sacrifícios que tem pedido à população (PEC), muitos deles experienciados à "boca das urnas" (Orçamento 2011), seja por estar a governar a contrario do que prometeu em 2009 e do seu código genético (independentemente da eventual necessidade das medidas). Terceiro, as divisões no seio do PS, de que o apoio à candidatura de Nobre é um sintoma (ver aqui). Quarto, a contradição entre o discurso em defesa do Estado social e a circunstância de o principal partido que o apoiava estar, todos os dias, a emagrecer o dito. Last but not least, os problemas da relação entre o PS e o BE.”

Como, à excepção do primeiro e do quarto, todos os outros factores permanecem após a eleição presidencial, afigura-se que a unidade de esquerda´ser vier a ser um objectivo, terá que ser adiado. Julgo que será até para data distante pois as razões (e mais do que estas, a própria metodologia) que levaram ao lançamento da candidatura de Manuel Alegre se não forem revistas tornam ainda mais distante a percepção, por parte do País, de qualquer possibilidade da unidade da esquerda. Aquilo que André Freire apelida por esquizofrenia da esquerda vai continuar. Resta ao PCP continuar a sua luta. De acordo também com André Freire, o PCP tem “apenas e só apostado em resistir, além de tentar disputar a liderança do voto de protesto ao BE”. Eu não diria assim, mas diria quase igual ao que André Freire escreveu.

16 comentários:

  1. Não posso estar mais de acordo. Ainda hoje o Francisco Assis, a propósito da alapardada proposta de Passos Coelho, mostrou mais uma vez que não quer qualquer união com a esquerda. Como a direita que agrada ao PS ( o PSD) também não está disposta a dar-lhe a mão, o PS vai continuar orgulhosamente só. Não creio que isso seja um bom sinal para os socialaistas.

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  2. Dizer que a avestruz, elegante ou não, enfia a cabeça na areia, não passa de um mito, mas esta continua a enterrá-la...

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  3. Não será com José Socrates que o PS fará alianças à esquerda.Mas também nunca vi, nem me lembro de na história da democracia portuguesa, o PCP ter apresentado uma plataforma susceptível de encostar o PS à parede e de ficar claro que seria possível um entendimento, fora a excepção da Câmara de Lisboa, cujo acordo o PCP na primeira oportunidade denunciou.

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  4. Eu acho, francamente, que toda a Esquerda tem responsabilidade nesta divisão que só favorece a Direita.

    Saudações.

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  5. Ariel
    um de nós vive noutro planeta
    (e não sou eu, que vivo com os pés bem assentes na Terra do sobranceiro Dr. João Soares)

    Resultado das eleições autarquia de Lisboa- 2001:

    PPD/PSD-PPM 131135 41.98%
    PS-PCP-PEV 130279 41.7%
    CDS-PP 23584 7.55%
    B.E. 11877 3.8%
    PCTP/MRPP 2419 0.77%
    P.H. 1352 0.43%
    MPT 1347 0.43%
    P.N.R. 652 0.21%

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  6. Rogério, sorry,:)))) essa aritmética não responde à minha questão, [nem estou à espera que responda]. E sim, nestas questões vivemnos planetas diferentes.

    :)))

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  7. By the way, essa sua avestruz é um "must"...

    :)))

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  8. Olá!! Gostei e sigo!!

    Bjs!!

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  9. Porque resiste a "esquerda comunista" (não gosto da expressão, mas para o efeito serve), e a outra (ou outras) se esfarelam e baixam a cabeça, parecendo ter medo de dizerem o que são, e de se afirmarem e agirem como tal?
    Que interesses prevalecem sobre a ideologia?
    Nunca viajei, nem viajarei, por outro lado da vida que não o da Esquerda. Essa viagem, que já vai longa...,tem-me levado a concluir que o povo de Esquerda (à excepção da referência que faço ali em cima)tem sido votado ao abandono.
    As lideranças das esquerdas (a que chamo do caviar e desencontrada)têm revelado uma insaciável sede de protagonismo,mandando às urtigas valores que deviam ser os seus, colocando-se em territórios alheios, mais precisamente nos da direita. Aí, por muito que pensem que não, perderão. A direita une-se, a Esquerda desmembra-se.
    Nos debates das comissões parlamentares de inquérito (e para aqui chamo também a liderança da "esquerda comunista")foi confrangedor e inquietante observar a "ferocidade" com que a Esquerda combatia a Esquerda, perante o gáudio da direita. Passou-se, muito para além, da justa e desejada vontade do esclarecimento, do apuro da verdade...!
    Na minha opinião tal combate fortalece a direita e destrói o que de recuperável ainda possa haver na "esquerda desencontrada".
    Quanto à esquerda caviar, não passa de um fugaz momento de ilusão, de pura masturbação intelectual, perdoe-se-me o termo.
    O povo de Esquerda está entre balizas. A quem cabe, afinal, derrubar os postes?
    Quanto a mim a "esquerda comunista" deve abrir a concha.Talvez isso auxilie a outra a libertar-se da clausura.
    Haverá força e vontade para o golpe de asa?
    Um abraço

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  10. A esquerda está em crise. E a direita "afia os dentes"
    Será que a essência das ideologias é "letra morta"?
    Já tudo parece obedecer a condicionantes mesquinhas, conchavos que me ultrapassam e enjoam.

    Um bom motivo de reflexão, este "post"


    L.B.

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  11. Caro Rogério
    Já por aqui passei hoje 2 ou 3 vezes mas só agora penso dizer qualquer.
    Sou daqueles que quando fala na esquerda, só a entendo como plural. A história mostra-nos que quando os Bolcheviques, derrotaram os Mencheviques e tomaram o poder, a pluralidade acabou. Talvez um dos mais nobres sonhos do homem, tenha terminado aí.
    Quanto à nossa esquerda caseira sou dos que pensa que o PCP continua na velha linha "Bolchevique" Quer o poder sim senhor. Mas para o exercer só.
    A esquerda que alguns chamam de "Caviar" e tal como o meu caro escreve, disputa o voto de protesto com O PCP.
    Resta o PS e aí uma coisa qualquer mascarada de esquerda tomou de assalto esse partido, não só para tomarem o poder no partido e no estado, mas em mais umas coisas que estavam à mão.
    Sou daqueles que tem esperança que passe por aí qualquer ventania e leve a que a parte sã que existe dentro do PS acorde. O problema está em quando?
    Abraço

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  12. Folha Seca,

    Acabaram as revoluções, por ordem dos seus fantasmas. Esperemos então, sentados, pela tal parte sã que tem andado a dormir...

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  13. Caro Rogério Pereira
    Das duas uma: ou eu me expliquei mal ou o meu caro não entendeu. Até porque sabe que não sou muito de ficar "sentado".
    É no que dá querer fazer comentários curtos. Fica sempre algo para dizer e nem sempre nos fazemos entender.
    Abraço

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  14. Caro Folha Seca,

    Vamos ver se nos entendemos: a única coisa que "reclamo" que a parte sã dos socialistas (de entre ela o André Freire), não meta a cabeça na areia e apresente, no Fórum dos socialistas, o documento que foi publicado no Público e ao qual aludo no meu post. Não peço para que seja um documento meu mas sim um que saiu das mãos de um homem cujas ideias respeito. Apenas alerto para o facto de a Democracia não se fazer contra ou à revelia da esquerda comunista. Seria interessante que o PS reflectisse na sua experiencia iniciada no comício do Teatro Trindade. Só isso...

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  15. À "aílma" do Rogério Pereira
    Carissimo não disse nada em contrário. Apenas um simples comentário não dava para ir tão longe como o post... vai haver mais oportunidades de discutir o assunto, ai, vai, vai.
    Abraço aos 3.

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  16. Meu amigo:
    Gostava muito de comentar qualquer coisa de jeito, mas infelizmente tenho pouco jeito para comentar política, deixo então para quem sabe.

    Beijinhos

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