20 outubro, 2013

Geração sentada, conversando na esplanada - 36 ("Medo" e mau gel)

(ler conversa anterior)
Este espaço tem sido dedicado a uma leitura obrigatória de domingo. Hoje não.  Eu sei, eu sei, o disco referido é a nossa memória e é muito belo... Mas por isso mesmo as metáforas de Gonçalo são um exercício (hoje) escusado. Deixo, sobre os joelhos, a revista aberta... 
Na esplanada não faltava ninguém, nem o sol. As conversas delas iam das noticias do dia ao mau estado das unhas da Teresa - que após breve discussão, terão todas concluído ser imputável à má qualidade do gel. O senhor engenheiro afagava, silencioso, o seu cão rafeiro. Desliguei-me da atenção que lhes tinha dado. A mente foi-me povoada por um fado e voltei à leitura da revista para decifrar metáforas... 

4 comentários:

  1. Decifrar metáforas, ou elas te devorarão.
    Rastros indeléveis projetam fantasmas de luz nas minhas paredes...aguardo, incansável, a materialização. O dia virá...
    Um bj querido amigo

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  2. Um excelente exercício

    decifrar metáforas

    Abraço

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  3. Lindíssimo, Rogério... lindíssimo esse pousar da revista entreaberta - para que outros possam espreitar, ou não... - e este fado da Amália...


    Abraço!

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  4. Medo

    Quem dorme à noite comigo,
    É meu segredo.
    Mas se insistirem lhes digo:
    O medo mora comigo
    Mas só o medo...

    E cedo, porque me embala,
    No vai-e-vem da solidão,
    É com o silêncio que fala.
    Com voz que move onde estala
    E nos perturba a razão

    Gritar, quem pode salvar-me?
    Do que está dentro de mim?
    Gostava até de matar-me
    Mas eu sei que ele há de esperar-me
    Ao pé da ponte, do fim.

    Amália Rodrigues

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