07 janeiro, 2021

Recomendo... sem vislumbre, sombra ou sintoma de febre partidária - IV

Tenho vindo a recomendar e a facilitar o acesso aos debates entre João Ferreira e os outros candidatos. Pergunta-se: é alinhamento pela sua candidatura? É! Mas lembro que tal permite dar a conhecer o que pensam e quais as propostas dos outros candidatos. A esse propósito, faz sentido que vos recomende isto:

As três dimensões da direita

Os candidatos Marcelo Rebelo de Sousa, Tiago Mayan Gonçalves e André Ventura apresentam-se nesta campanha como os representantes de uma direita a três dimensões: social, liberal e caceteira.


Ao contrário do CDS-PP e de alguns sectores mais conservadores do PSD algo «insatisfeitos» com o actual Presidente da República, os «liberais» foram a jogo nestas eleições presidenciais através da candidatura de Tiago Mayan Gonçalves, numa tentativa de marcar terreno à direita.

O candidato participou, esta quarta-feira, num debate com João Ferreira no âmbito da campanha eleitoral para a Presidência da República, marcado por profundas diferenças, no plano político e ideológico.

Um debate em que João Ferreira assumiu a defesa da Constituição da República, nomeadamente no plano económico e, por exemplo, em relação à coexistência dos sectores público, privado e social. Para além da necessidade de ampliar a capacidade produtiva nacional, o candidato comunista criticou a privatização de empresas estratégicas nacionais, como a ANA-Aeroportos, os CTT ou a EDP, cujas repercussões nefastas na economia nacional são evidentes.

Por seu lado, Tiago Mayan assumiu as posições conhecidas de quem defende a chamada «reforma do Estado», que a direita apresenta como a panaceia para todos os males, mas que na prática não seria mais do que um Estado minimalista, sobretudo no que se refere aos apoios sociais e ao financiamento dos serviços públicos essenciais. No fundo, a destruição de funções sociais do Estado, nomeadamente nas áreas da Saúde e da Educação, e a privatização de todos os sectores rentáveis e lucrativos da economia nacional.

O sector da Saúde é disso um exemplo, com o candidato da Iniciativa Liberal a assumir uma posição crítica em relação ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e em favor de um «sistema» nacional de saúde, em que os donos do negócio privado da saúde, já hoje os grandes sorvedores do orçamento do SNS, passariam a ter papel determinante. Veja-se que, das verbas públicas que financiam os cuidados de saúde, cerca de 41% vão para os privados.

Uma direita que recusa o papel central do Estado, a não ser para financiamentos a fundo perdido às grandes empresas, a troco de promessas de criação e manutenção de emprego, nem sempre concretizadas.

Também esta quarta-feira se realizou um debate à direita entre o actual Presidente da República e André Ventura, que procurou separar as águas. Marcelo Rebelo de Sousa, que se apresentou como candidato da «direita social», aproveitou para, de forma clara, se demarcar do projecto de uma direita mais reaccionária e caceteira, representada pelo presidente do Chega.»

Artigo publicado no AbrilAbril

9 comentários:

  1. Li e apreciei a introdução escrita por si.
    Acedi aos sites ( o 1º inacessível ) e o segundo, creio que já fora de 'validade'.
    Apresentadas que estão as três dimensões da direita, fico a aguardar as do centro, esquerda e extrema esquerda. Boa?

    Um abraço e força, aí, nesses actos de Cidadania!

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    1. Já lá está, o que não estava. E o outro, está dentro do prazo, pois o que se passou em 2018, em 2017 e 2016, sempre em valor acumulado, explica a carência de camas, equipamentos, médicos e enfermeiros... o SNS está depauperado pois o nosso dinheiro foi para o outro lado...

      Não aguarde, a nossa amiga Lídia (diz em baixo) que não vai ler mais nada...

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  2. Sejam quais forem as dimensões da direita não me interessam!

    Abraço

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    1. Pode não lhe interessar... mas o pior é que contam (e de que maneira!)

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  3. Não tem sido fácil assistir a isto tudo. Chega a ser triste. Não são debates de ideias, de propostas para melhorar o que temos. São combates onde o que mais insulta, ganha! Não tenho aprendido nada. A postura de alguns candidatos chega a ultrapassar os limites do aceitável. Não vou ver mais nada. Ontem foi o último, para mim.

    Lídia

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    1. Basta o que me diz, para eu parar por aqui. Apenas abro a exceção para quando estiverem todos...
      Recomendo, que veja mas não oiça. Tire o som. Avalie as expressões, as posturas e os rostos. Nestes, nunca perca um grande plano.
      A linguagem gestual por vezes fala mais verdade pois o que é dito nem sempre o é com sinceridade...
      Boa?

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  4. Tenho visto os debates. Confesso que o meu nível de irritação se eleva, principalmente quando está presente o trambiqueiro-mor, Ventura.

    Beijinho, Rogério

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    1. Pois é, esse está lá para a irritar
      e a empurrar para abstenção...
      se o fizer
      está fazendo o que ele quer

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    2. Abster-me, nunca! Comecei a votar aos 18 e nunca mais deixei de o fazer!

      Beijinho

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