30 junho, 2024

E A PURGA CONTINUA!...


Ontem, a Teresa num seu comentário escrevia "As pessoas actualmente não querem salvar o mundo. A imprensa sabe disso e desfaz-se de jornalistas que ainda não compreenderam isso. Carmo Afonso não foi a única a ser despedida." 
Mesmo, que em rigor, não se trate de jornalistas, ela escreve certo, pois a purga continua.
Mas exactamente por isso, também tem de continuar a luta. 
E a propósito...  transcrevo de um sítio onde sempre vou e leio:

"Eles, até há pouco tempo, pareciam querer simular pluralismo, livre opinião, diversidade. Assim, aceitavam, quais cisnes num lago de jacarés, jornalistas, comentadores e colaboradores, aqui e ali, em doses espartanas, mas ainda assim visíveis. Carmo Afonso no Público, Bernardino Soares na CNN – para referir os mais recentes excluídos -, e uns poucos mais, publicados, lidos, vistos e ouvidos em doses homeopáticas.

No geral, o que abunda pelos órgãos de comunicação social são os obedientes à voz do dono. Que, muitas vezes, à custa da sua vontade de obedecer a quem lhes dá corda – por puro interesse ou por entusiástica convicção – são tão servis que os seus textos, comentários, intervenções em painéis sortidos, não só se empobrecem intelectualmente como se tornam desinteressantes e pouco úteis aos que pensam fazer o favor.  A sua pouca adesão à verdade e aos factos torna-os inúteis. Mas eles perseveram e continua a haver quem, apesar do acentuada decadência dos jornais com pretensões de “referência” – e sucesso dos tabloides – parece valer-lhes a pena. Com prejuízos e tudo.

A situação convoca uma premissa incontornável: a maioria dos leitores de jornais a sério tem o defeito de ser exigente. Logo, perante a perda de qualidade – e de decência, sejamos claros – de que padece a maioria, se não a totalidade, dos jornais portugueses, os leitores afastam-se deles. 

Depois, ouvimos as queixas e as perguntas como que dirigidas à divindade: “porquê, leitores, porque nos abandonastes”? Eu respondo: cada vez há menos razões para se comprar jornais – de papel ou online. E agora, com a exclusão – gostaram do eufemismo? – de Carmo Afonso, menos razões há, no caso do Público.

Todos nós conhecemos a experiência de, ao longo dos anos – estou a falar, sobretudo, a gente de uma “certa idade” – estimar especialmente esta ou aquela página, coluna, colaborador dos jornais que comprava. Tal chegava a determinar o modo como geríamos a sua leitura. Ora lendo imediatamente os nossos preferidos, ora deixando-os para o fim como uma apetecida sobremesa. Por mim, não mais. A indigência do que enche as páginas dos jornais, a compreensão das meias verdades -que são sempre uma mentira completa -, a manipulação e os truques subliminares mais básicos, deixam-nos a sensação de que nos desrespeitam, que nos ofendem a inteligência sem pudor e sem consciência - penduraram a consciência.

29 junho, 2024

O JORNALISMO, QUE JÁ NÃO ERA AQUILO QUE JÁ FOI, AGORA VAI DE MAL A PIOR...


A notícia foi dada pela própria, na hora da despedida... 

Reconhecida que esteja a influência que o alarido da imprensa provoca nas políticas, doloroso foi saber que quem vai além das percepções vai deixando de ocupar as páginas dos jornais (já para não falar nos écrans e telejornais).

Era seguidor de Carmo Afonso, como o provo aqui. Mas estou certo de que ela irá a continuar por aí...

28 junho, 2024

A ESPUMA DOS DIAS DESVIA-ME DO ESSENCIAL

Meu avô, uma presença constante na minha memória

A espuma dos dias, cada vez mais negra e densa, tudo ameaça. Nesse tudo, incluo o meu percurso que tenho até há pouco considerado digno. Não que tenha enveredado por algo que me envergonhe. Não que tenha incorrido em algo que tenha feito, escrito ou dito e que agora me deva arrepender.  Nada disso. Na verdade, a espuma dos dias, engrossando a ameaça que sobre o Mundo paira, tem-me desviado do essencial. E o que é o essencial? O essencial é regressar à memória de tudo o que meu avô me ensinou(*) que converto numa curta frase:

"Nunca regues uma árvore, que apesar de bela, já perdeu toda a seiva!"      

(*) "Escolas da minha vida: a quintinha dos meus avós

27 junho, 2024

O CALVÁRIO DE JULIEN ASSANGE (segundo o "Sítio dos Desenhos")

Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade

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Julien Assange está finalmente livre. Depois de treze longos anos de calvário. Em 2012 fiz-lhe este “retrato”, quando se encontrava confinado na embaixada do Equador em Londres e o seu calvário ainda estava no início. Depois, haveria de ser vergonhosamente entregue aos bifes e encerrado nas masmorras da pérfida Albionperante a indiferença cínica dos meios de comunicação a quem ele tinha oferecido gratuitamente notícias frescas e verdadeiras.

O mesmo país que se recusou a extraditar Pinochet para ser julgado no seu país e andou anos a ameaçar extraditar Assange para os Estados Unidos da América, onde se arriscava a uma pena perpétua, concedeu-lhe finalmente a liberdade; sob a condição de se considerar culpado... de ter violado a lei de espionagem – dos Estados Unidos da América.

É claro que Assange, como Galileu Galilei, confessou o “crime”: "Quando trabalhei como jornalista, incentivei a minha fonte a fornecer informações consideradas confidenciais para que eu pudesse publicá-las” e também pode ter suspirado algo muito semelhante: “e no entanto, são todas verdadeiras”.

Assange é aquele género de jornalista que além de publicar factos que são verdade, mesmo quando eles são muito confidenciais e a sua divulgação considerada muitíssimo inconveniente, também publica as provas.

- Sem Julien Assange, nunca saberíamos dos inúmeros crimes de guerra e violações dos direitos humanos perpetrados pelo exército e pelos serviços secretos dos Estados Unidos da América no Iraque e no Afeganistão, por exemplo.

- Sem Assange nunca saberíamos, por exemplo, que em Portugal, o presidente Cavaco deu aval à sórdida trasfega de carne humana para Guantánamo congratulando-se, na sua cândida e malévola imbecilidade, porque o país “tem uma imprensa muito suave”.

- Sem Assange nunca saberíamos que os serviços secretos dos Estados Unidos Da América fizeram escutas secretas grosseiras e ilegais a estadistas de países aliados, como o Brasil ou a Alemanha, por exemplo.

- Mas Assange deu-nos a saber mais, muito mais, coisas que nunca saberíamos só pelos jornais. E até coisas que os nossos jornais, com os seus mui suaves critériosinhos d’oportunidade, nunca divulgaram; mesmo quando lhes foram oferecidas, de graça, por Julian Assange. 

Eu, por exemplo, ainda estou à espera da lista dos “jornalistas” avençados do senhor Salgado. Bem sei que posso fazê-lo sentado; ainda que sinta que nunca estarei tão confortável e impassível como a nossa imprensa de referência a assistir ao calvário de Julien Assange.

Nota de rodapé: A frase em epígrafe é com frequência atribuída erroneamente a George Orwell. A citação também costuma ser atribuída a William Randolph Hearst. Porém, na referência mais antiga da citação de que se tem notícia (1918), a autoria da frase é desconhecida.

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25 junho, 2024

JULIEN ASSANGE, APÓS 1901 DIAS, CONHECE A LUZ DO DIA


"Julian Assange está livre. Saiu da prisão de segurança máxima de Belmarsh (Reino Unido) na manhã de 24 de junho, depois de lá ter passado 1.901 dias", declarou a WikiLeaks nas redes sociais.

Assange vai comparecer na quarta-feira num tribunal das Ilhas Marianas, território norte-americano no Pacífico, para finalizar um acordo de confissão de culpa alcançado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

O sistema judicial norte-americano acusou Assange de 18 crimes de violação da Lei de Espionagem por causa de uma das maiores fugas de informação secreta na história dos Estados Unidos em 2010, que revelou segredos das guerras no Iraque e no Afeganistão, bem como dados sobre os detidos na base da Baía de Guantánamo, entre outros."

Ler "Exemplo de coragem

 

23 junho, 2024

SÃO JOÃO, SEM ALHO PORRO NA MÃO

(reeditado)

 
Martelinhos, "made in" China*

Tiram-nos tudo, ó São João
Que fazer desta má sina?
Festejos são ilusão
Com martelinhos vindos da China

Com martelinhos vindos da China
Vem ó santo em meu socorro
Inverte esta má sina
Devolve meu alho-porro

Devolve meu alho-porro
Evita tanta importação
Contribui para nosso aforro
Ó meu rico São João

Rogerito
______________
* Em 2011 a fábrica portuguesa (a "Estrela Paraíso), que criou o "martelinho", passou  a produção de meio milhão de unidades para cerca de 200 mil. A concorrência da China condenou a empresa que acabaria por encerrar no ano seguinte, como o vídeo documenta:

22 junho, 2024

PORTUGAL 3 - TURQUIA 0


«Saindo da lição aos netos, fico pensando noutra que retiro para mim próprio: a alienação para ser eficaz precisa de ser praticada por gente capaz, pois só assim produz efeito. Mesmo que à custa de muito dinheiro. 
A imprensa, bem oleada, trata do resto.»
 Me assino, O Mouro 
(não confundir com o Mourinho)

 Mas claro que o resultado merece ser festejado



20 junho, 2024

LÁ TERÁ QUE SER...


Lá terá que ser... e o que tem que ser tem muita força. 
É que não houve um único motivo para o adiamento lá para finais de Setembro. De facto, foram vários os motivos. A uma, faleceu-lhe familiar próximo e muito querido. A outra, aconteceu-lhe um imprevisto. E a somar a isso, quem me lançou o desafio para que escrevesse o texto/guião já tinha marcada a passagem de avião.

Assim, não há apenas três mas sim quatro os espectáculos a aguardar melhor data

19 junho, 2024

O CHICO FEZ HOJE 80 ANITOS! PARABÉNS PÁ!


Podia eu lá deixar passar esta data em branco!?

PRAIANDO (DE VEZ EM QUANDO)

 PRAIANDO

Neste meu ar sério
quase duro
assumo
neste preciso momento
em que recuso o pensamento
em que rejeito a meditação
em que decido que a cabeça
apenas me serve para usar chapéu

No Mundo há tanta gente
a ter esse meu momento sempre presente
com a diferença, e não é piada
que, não usando chapéu,
a cabeça não lhes serve para nada

Rogério Pereira

17 junho, 2024

A VERDEIRA PAZ


 A verdadeira paz não se confunde com a ausência de guerra, sobretudo quando se observa o reforço dos meios militares e a chamada "corrida ao armamento". Quando a guerra é uma realidade dura, que passa diariamente sob os nossos olhos e são referidos milhares e milhares de mortos, será inevitável falar-se de paz. Falar da paz não é, por si só, garantia de quere-la... 

Há algumas condições de se chegar à verdadeira paz:
  • antes de mais, nem falando de razões, importa analisar e perceber motivos e factos que originam o conflito armado. Sem tal entendimento, quem estiver a tentar juntar à mesa as partes, com objectivo de resolver o conflito, jamais terá sucesso pois nem todos os pontos a negociar estarão em cima da mesa;
  • não é possível resolver a guerra, usando a escalada militar como forma dissuasora, na procura da rendição da outra parte;
  • falar em cimeira que não seja, é falácia que em vez de fazer avançar, atrasa e... deixa a paz a marcar passo.
NOTA: Tratando-se de disputas territoriais é estranho que não se oiça falar em plebiscito 

16 junho, 2024

NIAGARA FALLS (OU COMO O MUNDO É PEQUENO)

 "Que lindo poema ! Muitos parabéns. Os meus saudosos amigos Sr. Deodoro, D.Mimi e Dora onde estiverem estão, com certeza muito orgulhosos. Um beijinho"

O meu poema, publicado há dias no FB, tinha a elogiá-lo  este comentário. E, com surpresa minha, falava de meus pais e irmã, há muito falecidos. Além da surpresa, ficou-me a emoção e foi com ela que lhe respondi. Ela me retribuiu resposta que mais espicaçou a minha curiosidade. Pelo Messenger deixei-lhe mensagem e o meu contacto telefónico. Ligou-me. 

Eu (atendendo) - Estou sim!
Ela
(identificando-se) - Sou a Graciete. Tenho todo o prazer em falar consigo. Quer naturalmente saber como conheci os seus pais. Trabalhei com eles no Canadá e travámos uma profunda amizade. Conversávamos muito e visitava-mo-nos mutuamente. Depois da morte da Dorinha, morte tão triste, seus pais regressaram a Portugal, o Quim procurou nova vida nos Estados Unidos e alguns anos depois regressei eu à nossa terra.
Eu
(curioso) - Então está por cá! Onde vive?
Ela (com voz de quem convida) - Moro na Ota, não me recordo onde o Sr. Rogério mora... se é em Lisboa, daí aqui é relativamente perto...
Eu (em tom negativo) - Moro em Oeiras... por perto que seja, não...
Ela
(atalhando) - Em Oeiras? Minha filha mora em Carcavelos, freguesia que faz fronteira com Oeiras...
Eu (atalhando) - Em Carcavelos? A minha filha mais nova também vive aí...

... e a conversa prolongou-se até ambos percebermos que nossas filhas eram praticamente vizinhas... ficou em aberto a data do nosso encontro para avivarmos memórias e juntarmos emoções dessa vivência em terras distantes...

Conversando com a Minha-mai-velha ela lembrava-se de ter lá estado (tinha 8 anitos) e mandou-me estas memórias.


(concebi este post a pensar em mil coisas e... na Contempladora Ocidental)


15 junho, 2024

SÁBADO... FOI ASSIM, A SEMANA QUE HOJE FINDA (21)

Há semanas que correm e nada se passa. Há semanas que vão correndo e algumas coisas vão acontecendo. Ultimamente tem acontecido e é perturbador o frenesim e a avalancha de situações que ameaçam tudo e todos. Mas foi esta semana que aconteceram situações que, em última análise, são rastilho para... vamos lá saber para quê...

Ora vejam só:

"A Arábia Saudita e outros produtores de petróleo estão a diversificar gradualmente o seu comércio de energia, afastando-se do dólar americano, um movimento que pode acabar por destronar o "petrodólar" e minar o sistema financeiro dos EUA, disseram analistas políticos e económicos internacionais à Sputnik.(...)Entretanto, o chamado "acordo dos petrodólares", concluído entre os EUA e a Arábia Saudita em 1974, terá expirado a 9 de junho de 2024. Até à data, nem Washington nem Riade confirmaram os rumores. Estes desenvolvimentos são vistos como prenúncios de um possível desaparecimento do dólar no comércio mundial de petróleo."

Ler tudo aqui


Os quatro maiores partidos da esquerda francesa apresentaram nesta sexta-feira (14), em Paris, um programa comum para as eleições legislativas antecipadas dos dias 30 de junho e 7 de julho. A Nova Frente Popular promete barrar a extrema direita e uma ruptura total com o governo do presidente Emmanuel Macron.… 

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14 junho, 2024

DESTA VEZ NÃO PERDOEI, FUI À "CAIXA DE PREGOS" E... ROUBEI

 


Desenhar, caricaturar e dar  a expressão exacta 
à cara desenhada 
não é apenas uma arte...
são várias, somadas, e o resultado da soma... espanta!
A exacta legenda?
Para a ler vá ao espaço do Maceta!

13 junho, 2024

SANTO ANTÓNIO, HOJE E AGORA (COMO JÁ ANTES FORA)

(reeditado)


Soubesse eu desenhar um só som que fosse
Soubesse eu escrever entre claves de várias partituras
Palavras e quadras (1) alegres, graves, suaves ou duras
Que sob a forma de canção
Vos daria deste dia toda a sua dimensão

De arco, balão, vestes rimando com antigas lembranças
Desceram a avenida com marcação e sorrisos
Da Liberdade de que desceram esquecidos
de antes sonhadas e ansiadas esperanças


Soubesse eu desenhar um só som, que fosse querido
E escreveria, à memória dos meus mortos (2) um hino
Que lembrasse, também, um sermão esquecido (3)
Desse, que trás ao colo um menino

Povo tão afastado de si, bem levado se leva
Quem de alegria mascara a treva 
Rogério Pereira
(1) desgarrada (2) meus mortos (3) sermão esquecido

12 junho, 2024

MAIS UM SANTO ANTÓNIO À DESGARRADA, POIS TEMOS A ALMA INSPIRADA


Ó manjerico, manjerico
Que me espreitas da janela
Se te levo, não fico mais rico
Pois te deixo um quadra bela

Pois te deixo uma quadra bela
Assim fará quem aqui passa
Deixando rima cheia de graça
Sem versos de meia-tijela

E para inspirar, aqui vai quem desgarrou, esperemos que tenha manjericos para "todos, todos, todos", pois no ano passado sobrou
  1. Dá-me primeiro o manjerico
    Se não não te canto nada
    Com esta por aqui me fico
    Antes que me saia uma quadra

    Um abraço antes que me descaia
    e vá no teu desafio
    Talvez amanha me saia
    Tenho-a presa por um fio


    Atão este ano o que vamos fazer?
    Por mor das horas extraordinárias
    não levamos o manjerico
    e vamos ficar só a ler?

    Não sei o que aconteceu
    Para onde foi a alegria
    Nosso Povo esmoreceu
    E já nem verseja neste dia.

    Aqui na blogosfera
    Onde reinava a amizade
    Já nada é como era
    Nem se respeita a Trindade.

    Ao Rogério só desejo
    Muita Saúde e Amor
    Neste Dia benfazejo 
    Até o manjerico dá flor!

    Como isto está tudo junto
    E os anos estão misturados
    O que interessa, mesmo sem unto
    É estarmos vivos e animados.


    Não gosto de manjericos
    Mas gosto de versejar
    Ficamos todos mais ricos
    Com umas quadras a rimar.

    Hoje é noite de folia
    E de comer sardinha assada
    É noite, vem longe o dia
    E eu ainda acordada!


    Como hoje é o dia de aniversário do nosso Fernando Pessoa, deixo aqui uma quadra dele: 

    O manjerico comprado
    Não é melhor que o que dão.
    Põe o manjerico ao lado
    E dá-me o teu coração


    Ó meu querido Stº António
    meu santinho milagreiro
    estamos no meio do mês
    e já estou sem dinheiro

    vivo sem animação
    e isso tanto lamento
    a culpa é do que estão
    no Palácio S. Bento

    peço-te um grande bem
    um milagre transcendente
    se puderes vai a Belém
    e emigra o presidente

    Eu calei-me, nesta quadra...
    Ando tão silenciosa
    Que oscilo entre tudo e nada;
    Não rimo, nem escrevo em prosa!

    _____

    Ainda que desmusada,
    Cá estou, pronta pra rimar
    Em redondilha afinada,
    Se um manjerico ganhar!
    *
    Se a quadra sair quadrada
    Tenho a Musa pra culpar:
    Não resisto à desgarrada
    Erudita ou popular...
    *
    Dá-me uma sardinha assada
    E eu ensino-te a rimar:
    com salada ou sem salada
    *
    Há-de a sardinha marchar
    Bem melhor que a refinada
    Tostinha com caviar!


    Temos cá um outro António
    Que não sendo grande encanto
    Também não é um demónio
    Mas longe de ser um santo


    Da outra vez faltei
    Mas hoje tive vontade
    E uma quadra escreverei
    Mesmo de pé "quebrade"

11 junho, 2024

CAMÕES, SE FOSSE VIVO SERIA MILITANTE DO MEU PARTIDO (além de NÓBEL, certamente)

 


O título revela sectarismo? Talvez, mas o que me vêm à mente quando leio o texto que vos trouxe é um nome: Saramago. Vejamos então os "meus" argumentos:

"Como escreveu Óscar Lopes: «Só se pode ver Camões e todas as suas condignas dimensões humanas se colocarmos a sua obra na perspectiva de vários séculos de luta, quer do povo português, quer de muitos outros povos, contra a exploração feudal, capitalista e capitalista-imperialista, luta pela autodeterminação real, inclusivamente económica e cultural, do povo português e de todos os povos que com ele podem hoje livremente dar-se as mãos, num combate que continua, e agora inequivocamente em comum».

(...) 

Artista de grande dimensão, não protegido pelo poder, marginalizado pelos poderosos e privilegiados do seu tempo, Camões é um poeta do povo e da pátria portuguesa – pelo modo como reflectiu um acontecimento histórico, os descobrimentos geográficos, e como desenvolveu e apurou as capacidades da língua portuguesa, tendo sido um criador de palavras e arranjos sintácticos.

(...)

Ligado ao pensamento progressista português do seu tempo, Camões traduz na sua obra um pensamento de tipo dialéctico – de que é exemplo o soneto «Todo o mundo é composto de mudança / Tomando sempre novas qualidades» – a crítica da injustiça – «Vê que aqueles que devem à pobreza/Amor divino, e ao povo, caridade,/ Amam somente mandos e riqueza,/ Simulando justiça e integridade./ De feia tirania e de aspereza/Fazem direito e vã severidade;/ Leis em favor do Rei se estabelecem;/As em favor do povo só perecem.» (Lusíadas, Canto IX, estrofe 28) - a par da evidência do período de descoberta e do saber de experiência feito.

(...)

«Camões não é a voz da reacção e do colonialismo. Camões é a voz do nosso povo, dos Lusíadas, a voz da insubmissão ante os privilégios, a voz do progresso social e científico, a voz da nação portuguesa, num elevado sentido humanista»"

Ler tudo aqui

10 junho, 2024

EM DIA DE CAMÕES, COISAS SOBRE A TRISTEZA QUE POR AÍ PAIRA E PESA




Não se Diz ao Triste que se Alegre


Pouco sabe da tristeza quem, sem remédio para ela, diz ao triste que se alegre; pois não vê que alheios contentamentos a um coração descontente, não lhe remediando o que sente, lhe dobram o que padece. Vós, se vem à mão, esperáreis de mim palavrinhas joeiradas, enforcadas de bons propósitos. Pois desenganai-vos, que, desde que professei tristeza, nunca mais soube jogar a outro fito. E, porque não digais que sou gente fora do meu bairro, vedes, vai uma volta feita a este mote, que escolhi na manada dos enjeitados; e cuido que não é tão dedo queimado que não seja dos que el-rei mandou chamar; o qual fala assim: 
Não quero e não quero 
jubão amarelo. 

Se de negro for 
também me parece 
quanto me aborrece 
toda a alegre cor: 
cor que mostra dor, 
quero e não quero 
jubão amarelo. 

Parece-vos que se pode dizer mais ? Não me respondais: «Quem gabará a noiva?» Porque assentai que foi comendo e fazendo, ou assoprando, que não é tão pequena habilidade. E, porque vos não pareça que foi mais acertar que querê-lo fazer, vedes, vai outra do mesmo jaez, contanto que se não vá a pasmar: 

Perdigão perdeu a pena, 
não há mal que lhe não venha. 

Em um mal outro começa, 
que nunca vem só nenhum; 
e o triste que tem um 
a sofrer outro se ofereça; 
e só pelo ver, conheça 
que basta um só que tenha 
para que outro lhe venha. 

Luís Vaz de Camões, in "Cartas"

E quando estava quase a sentir-me Alegre... vem isto e volto a sentir-me Triste


(Uma língua linda, anda por aí, assassinada) 

 

09 junho, 2024

O NOVO PARA_LAMENTO EUROPEU

A representação Nacional está mesmo mal mas podia estar pior. É este o quadro, dado em primeira mão (às 23h25, resultados manuscritos)



08 junho, 2024

COMEÇARAM OS ARRAIS DOS SANTOS POPULARES...


 Ver os outros divertirem-se para mim é uma diversão. E fui lá com o propósito de preparar a mente para o que desse e viesse. Fui com esse intuito e não só... procurava-a. E encontrei-a inesperadamente... assim mesmo, como se pode ver aí!

(Quando vir isto a Minha-mai-nova vai-me dar uma coça)

07 junho, 2024

PARA QUE O SEU SÁBADO DE REFLEXÃO NÃO SEJA EM VÃO!


Batem leve, levemente
Como quem chama por mim
Será chuva? Será vento?
Vento não é certamente
E a chuva não bate assim!

Fui ver!
Era o algoritmo*

 * Segundo o Dr. Google: oalgoritmos das redes sociais identificam quais publicações devem ser entregues para mais ou menos pessoas. Eles decidem como ranquear os resultados de um feed, a partir do grau de relevância daquele conteúdo para cada usuário

Se juntar a isso as patifarias que me faz o Sr Blog, a campanha da CDU apenas funcionou na rua...



05 junho, 2024

EM TODO O LADO E... TAMBÉM NA RUA


Apressadas, as pessoas passam. São muitas as que recusam, ainda que não saibam o que/quem estão recusando. São mais as que recebem. Há quem pare a fale um pouco, perguntando isto e aquilo. Claro que, respeitando a privacidade, não colhemos imagem. Se fosse a imprensa a fazê-lo não haveria problema... Saio desta tarefa, confiante... 

Vamos ver...

 

04 junho, 2024

GUERRA SIM! PAZ NÃO! (ESTA A MENSAGEM QUE MAIS PASSA, E A INVERSA TANTO TARDA)



AVISO (em tom de apelo): Faça uma dessas duas coisas, mas o melhor será fazer as duas. Se não fizer nenhuma delas, em coerência, não vote na CDU

03 junho, 2024

E VISTO ISTO SE PERCEBE PORQUE AS TVs DISTO NADA DÃO A VER...


Se os jovens querem uma escola de qualidade, melhores salários, uma casa, acesso à cultura e ao desporto, e condições para se realizarem... Eles vieram à rua mostrar tal querer
Se os jovens querem viver em Portugal com todas as condições para a sua realização pessoal e colectiva... Eles assim gritaram tal querer
Se a juventude está inquieta com a transformação das preocupações ambientais em negócio e aspira a um futuro em harmonia com a natureza... Eles na rua não o deixaram de dizer
Se os jovens recusam o discurso de ódio, racismo e xenofobia, valorizam a liberdade e a democracia, e defendem a igualdade... Eles deram na rua testemunho disso.
Se os jovens aspiram ao desenvolvimento, progresso e aprofundamento da democracia, o voto é na CDU, para eleger deputados que no Parlamento Europeu se batam pelos direitos da juventude, mulheres, trabalhadores e povos.

Mas... fica a pergunta: 

Como pode este apelo ao voto chegar aonde devia chegar se ele não passa onde devia passar

02 junho, 2024

NÃO ESTIVE LÁ, MAS MUITO TERIA GOSTADO DE LÁ TER ESTADO


Na semana que hoje começa, vou trazer a campanha para este espaço... 
E não só, vou empenhar-me nela!

Como a montanha não vem a Maomé...
... vai Maomé à montanha!

01 junho, 2024

A PROPÓSITO DO "DIA MUNDIAL DA CRIANÇA"


CULPADOS!* 
O mundo está destruído
e eu descobri os culpados.

Os culpados são vocês
sim vocês
poetas
ou pior ainda, leitores de poesia
não me olhem com esses olhos de raiva
já há demasiada raiva no mundo
sejam por um momento compreensivos
ponham de lado essa excelsa vaidade de artistas.

Vocês escreveram tantas palavras de amor
criaram tantos verdes campos inundados de flores
extasiados de sóis inumeráveis
que o mundo tornou-se cinzento
fumegante de morte e metralha
descomposto de poder e ambição.

Vamos poetas,
confessemos a nossa parte

enquanto eles
com esmero e sem parar
construíam a maquinaria infernal
para destruir o mundo.

Aldo Luis Novelli
 imagem, daqui

 * Post reeditado deste outro, 1 de Junho de 2016