Visto-me com os pontinhos coloridos.
Coloco o meu salto mais alto.
No rosto?
Ah! No rosto
Estampo o meu mais belo sorriso de desdém.
E, senhora de mim, parto sem olhar para trás,
Desfilando felicidade na passarela do arco-íris
PREPARADO PARA A VER DESFILAR
(meu comentário ao post DESFILE)
Ajeito o cabelo em atropeloMais difícil foi fazê-lo
com as ideias
(sobretudo com as mais soltas)
escolho as roupas
brancas, todas brancas,
do tom da alma
Coloco chapéu e laço,
ponho o coração do lado certo
do peito
asseguro a pulsação em ponto
e parto, convicto, firme
a caminho da passarela do encontro
Espera-me um sorriso de desdém
NÃO DESFILOU, FOI TOMAR CHÁ (com quem apareceu por lá)
Com o primeiro quero conversar e tomar chá em meio de um jardim repleto de preciosas flores de diversas tonalidades, texturas e com os mais belos aromas. Descanso.
Com o segundo quero conversar e plantar chá em meio a sua horta tão bem cuidada onde, ao final, ouviremos o canto dos pássaros a nos saudar a amizade. Confio.
Com o terceiro quero conversar e servir chá na mais bela baixela de prata, combinação perfeita a suas telas tão repletas de brilho e vida. Sorrio.
Com o quarto quero conversar e ouvir sobre as delícias do preparo do chá aula ministrada por suas estátuas tão lindamente ornadas em sua terra distante. Aprecio.
Com o quinto quero conversar e poetizar sobre o chá desfrutando da sua ousada companhia surgida das nuvens à bordo de um zepelin, todo vestido de branco e com uma flor nas mãos. Gosto.
Com o sexto quero conversar e ser bebida com o chá, quente e fumegante, em meio a uma noite de tempestade. Dissolvo.
Olho fixamente para as seis partes do todo e passo ao sonho.
ACHO QUE NÃO TENDO EU APARECIDO, A GISA TOMOU SEU CHÁ COM ALGUÉM MUITO PARECIDO
rrss rrss pois, por vezes acontecem coisas assim....
ResponderEliminarTudo de bom
Querido Rogério:
ResponderEliminarDesfilei e fui maravilhosamente recebida ao fim da passarela.
Convidei-te para um chá, para comemorarmos o encontro e faltastes. No entanto e sem que soubesses - pois bem lembras que gosto de alguma magia - tua alma enfeiticei e exigi a presença. Submissa, mas com um encantador brilho irônico nos olhos, lá compareceu, ocasião na qual conversamos e poetizamos a respeito do tema proposto. Dos instigantes instantes. Gostei.
Agora que me deparo com toda história assim nua nesta tela de um diálogo quase poético, mas cheio de poesia, sou forçada a te inquirir, pois sinto um quase arrependimento de tua parte com relação a tua ausência corporal no primeiro momento (pretensão minha convicta), queres um novo convite para tomar chá? Ou ainda preferes que só a tua alma siga na minha companhia (sim,porque esta não devolvo, não adianta insistir!).
Aguardo a resposta.
Muitos beijos querido amigo
É tão íntimo este seu post meu amigo, tão cheio de poesia e cumplicidade, que me sinto um pouco "sem jeito" de comentar.
ResponderEliminarMas sou também uma sua testemunha de defesa ;) do seu jeito único de ler e fazer comentários.
beijinhos
Li tudo o que escreveu
ResponderEliminarSe mais houvesse mais lia
Quem é que afinal não sabe
Do seu comentar com poesia?
Mas nos intervalos
belos
idealizados
para serem desfrutados
a dois
os comentários alheios
devem ficar
para depois.
Sabendo isso não quero
vir causar qualquer revés.
Vou sair bem de mansinho
pisando devagarinho
no meu sapato baixinho
e bem em bicos dos pés.
Somos mesmo um povo de poetas! Gosto!
ResponderEliminarSinto-me uma estranha no meio desta intimidade tão poeticamente poetizada!
ResponderEliminarAbraço
TEATRINHO: "Reflexão, sobre a intimação de Gisa"
ResponderEliminarMinha Alma - Tás feito, ela não se contenta só comigo...
Meu Contrário - Ela quere-te de corpo inteiro, não sei se adianta andares a trocar-lhe as voltas o tempo todo. Ainda te toma por tolo
Eu - Escusam de apertar comigo. Sei ler o que ela escreveu... Está decidido. Parto amanhã mesmo. Não sei ainda com que identidade. Se serei mesmo o Pessoa, o Ricardo Reis, o Álvaro de Campos ou Alberto Caeiro. Acho que irá ao chá quem acordar primeiro
Minha Alma e Meu Contrário (em coro) - Lá tás tu a divagar
CAI O PANO (deste acto)
BARULHO PARA TROCA DE CENÁRIO
ResponderEliminarCONVERSAS ABAFADAS
TOCA A CAMPAINHA
SOBE O PANO
UMA MESA COM TOALHA RENDADA BRANCA
DUAS CADEIRAS BRANCAS
FUNDO BRANCO
LUZ BRANCA
BAIXELA DE PRATA SOBRE A MESA
FUMAÇA SAINDO DO BULE
- Já são horas e ele não chega! Será que vai faltar novamente? - disse ela à alma sorridentemente acomodada no canto da cena a ler poemas de Pessoa.
- Calma – responde a figura translúcida – ele chega. É um pouco atrapalhado, mas chega. Ainda mais que não posso ficar aqui para sempre, ele tem que vir me buscar.
- Como assim? Você fica, não abro mão - e alcança-lhe outro livro desta vez de Álvaro Campos.
- Assim você me ganha e com isso já é meio caminho andado, não é mesmo?
A ALMA LEVANTA-SE E CORRE ATÉ A JANELA, GRITANDO:
- Olha o Zepelin!!!
AS DUAS SORRIEM
CAI O PANO (final do segundo ato)
LEVANTA-SE O PANO, CENÁRIO COMO NO SEGUNDO ACTO, MAS COM ORIENTAÇÃO DIFERENTE, VENDO-SE DE UMA JANELA, NÃO O ZEPELIM MAS UMA BELA PASSAROLA (igual à que dela fala José Saramago)
ResponderEliminarFernando Pessoa (entrando e sem olhar para ela), diz como que declamando:
O amor, quando se revela,
não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente.
Cala: parece esquecer.
Ah, mas se ela adivinhasse,
se pudesse ouvir o olhar,
e se um olhar lhe bastasse
pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
quem quer dizer quanto sente
fica sem alma nem fala,
fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
o que não lhe ouso contar,
já não terei que falar-lhe
porque lhe estou a falar...
Depois deste monólogo, Fernando Pessoa (Eu), aproxima-se do chá, serve-se sem pôr açúcar e bebe-o pausadamente, olhando o público de frente. Vira-se, esboça um sorriso a Gisa e sai como tinha entrado. Antes de deixar de se ver, tropeça no estrado e quase cai estatelado.
CAI O PANO (fim do terceiro acto)
MUDANÇA DE CENÁRIO
ResponderEliminarUMA JANELA QUE SE ABRE SOBRE UM JARDIM
MUITO CORRE-CORRE POR TRÁS DO PANO
ALGUNS BARULHOS SURDOS
SOA A CAMPAINHA
SOBE O PANO
ELA NA JANELA DEBRUÇADA E ELE A OLHAR PARA O PÚBLICO FINGINDO NÃO SE DAR CONTA DO QUE OCORRIA ATRÁS DELE
ELA SUSPIRA PROFUNDAMENTE
ELE SORRI CONVENCIDO
MAS CONTINUA A IGNORÁ-LA
ELA SUSPIRA NOVAMENTE E FALA SOZINHA, COMO SE FOSSE PARA SI MESMA, DESCONSIDERANDO ELE, A PLATEIA E A ALMA QUE MUITO CONTRARIADA VAI SENDO ARRASTADA POR ELE, SEM PIEDADE.
Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio!...
AO OUVIR AS PALAVRAS DE ÁLVARO DE CAMPOS FICOU IRRITADO!
COMO PUDERA ELA APRISIONAR SUA ALMA JUNTO A ELA E ÁLVARO DE CAMPOS DENTRO DE SUA BOCA?!
QUE PODER TINHA ELA PARA TANTO?
UM DIA TERIA QUE PENSAR SOBRE ISSO, UM DIA PENSARIA...QUE REMÉDIO!...
SAI ARRASTANDO A ALMA QUE CHORA DE SAUDADES DO REGAÇO DA FEITICEIRA...
SOZINHA, ELA CHORA COM A DECEPÇÃO DA PARTIDA. TUDO PODERIA TER SIDO DIFERENTE. PRECISAVA ÁLVARO DE CAMPOS SE MANIFESTAR, PRECISAVA?! TINHA QUE DAR UM CORRETIVO NELE PARA QUE ISSO NÃO MAIS ACONTECESSE...
CAI O PANO (final do 4º ato)
Bem, que hei-de eu dizer após quatro actos duma peça a que assisto, encantada, na plateia?
ResponderEliminarGostei da inspiração destes autores/actores/encenadores.
Parabéns!
APLAUSOS, APLAUSOS DE PÉ!
ResponderEliminarBeijinhos :D
Olá Rogério,
ResponderEliminarLeio, assisto, aplaudo e fico por aqui mais um pouco, porque há algum tempo não o faço.
Deixo antecipado o meu kandando e vou-me entreter por aqui mais um pouco.
MUDANÇA RADICAL DE CENÁRIO. NESTE APARECE UM DESERTO COM UM LONGINQUO OÁSIS DESENHADO, PARECENDO SOBRE A AREIA DESENHADO. a CENA COMEÇA COM UM MENINO MEIO DESPIDO, QUE TODOS RECONHECEM SER CUPÍDO
ResponderEliminarCupido (fazendo um gesto apontado o deserto, à boca de cena): Isto não é o deserto, nem aquilo é um oásis. Representam a alma do poeta e seu único amor conhecido. Sofreram ambos, um mais que o outro. Mas no fundo deram-me tão pouco que fazer
Moliere (aparecendo a correr): Cheguei muito atrasado para dar as pancadas de abertura deste espectáculo.
Cupido: Não faz mal, dá-as no final
Cai o pano a ritmo sincopado com o bater de Moliere a dar o espectáculo por terminado
Sincopadas também as palmas da assistência...
Deixemos Fernando, Ofélia e Álvaro de lado. Tenho que foi um prazer inenarrável ter contracenado com você.
ResponderEliminarUm bj querido amigo
Uma simples lembrança de coração
http://lerescrevereviver.blogspot.com/2011/05/opera.html#comments
Minha cara amiga, pouco se sabe dos afectos entre Fernando Pessoa e Ofélia. Para mim, bem podia serem assim, como os descrevemos (e vivemos?),dramatizámos e encenámos. Esta versão, não sendo oficial, serve-me. Quanto ao seu texto, no seu post, guardá-lo-ei num lugar particular, no meu baú de memória afectivas entre aquelas que jamais serão esquecidas
ResponderEliminarCaro rogério
ResponderEliminarsujeita-se a que os comentários sejam melhores que os posts
mas o que seriam os posts sem os comentários
...
mas isto seria outra história
muito bom
à Gisa também
Sou apenas espetadora. : )
ResponderEliminarQuando os comentários são fruto do momento e reflectem o que o pensamento, fonte inesgotável de criação, tece no impulso... o que se diz ou escreve, só pode acrescentar-se ao já exposto. Essa é sempre a melhor parte.
ResponderEliminarAquela em que nos acrescentamos...
Um abraço
Rogério/Gisa, sinceros parabéns por este "duelo cultural" que muito serviu para aumentar o nosso prazer na leitura da postagem.
ResponderEliminarAdorei o talento dos dois.
Um abração.
Manoel.
Rogério e Gisa, tenho o prazer de seguir os dois, a Gisa quase diariamente e já ter lido alguns destes textos poéticos. Tudo o que se seguiu, continuou a ser excelente!
ResponderEliminarUm grande abraço aos dois.
oa.s
Desejei que a cortina não se fechasse, frente a tão belas interpretações. E só me restava aplaudir, esperando que outra apresentação se fizesse, independente do tema abordado.
ResponderEliminarBjs.
Faço minhas as palavras da Marlene.
ResponderEliminarBom fim de semana
Beijo