A vizinha do 4º andar estava entusiasmada com o falar dos lideres dos principais partidos, comentava até que ambos eram garbosos, jeitosos, educados e com ar muito asseado. A Dª Esmeralda, desencantada, dizia que sobre o que eles assinaram não disseram mesmo nada. O Rogérito, nem sequer interrompeu. Estava a ler o que o Eugénio Rosa aqui escreveu:
É muito provável que a vizinha do 4º andar vote num dos dois, lamentando-se depois...
"A análise do Memorando do FMI-BCE-UE , aceite pelo governo PS, pelo PSD e pelo CDS leva à conclusão de que ele se caracteriza, por um lado, pela ausência total de quaisquer objectivos a nível de crescimento económico e de aumento do emprego; por outro lado, por uma profunda insensibilidade social já que muitas das suas medidas vão atingir os grupos da população mais vulneráveis; e, finalmente, é um autêntico programa neoliberal, que visa transformar a economia e a sociedade portuguesa. Os únicos objectivos quantificados que existem no "Memorando" são os referentes à redução anual do défice, ao corte nas despesas públicas e ao aumento de receitas de impostos necessários para alcançar tais objectivos fixados arbitrariamente, pois não apresenta qualquer justificação técnica para os valores de défice. Para além disso, contém uma numerosa lista de medidas, com um calendário muito apertado, cujo cumprimento rigoroso será controlado trimestralmente pelo "troika", que visam transformar a economia e a sociedade portuguesa no sentido neoliberal, que um governo PS ou PSD terá de implementar, sob vigilância apertada do FMI-BCE-UE. A "troika" FMI/BCE/UE pretende reduzir brutalmente a procura e o défice orçamental à custa de uma diminuição significativa do nível de vida dos portugueses. Para isso pretende impor um conjunto numeroso de medidas, que referimos detalhadamente à frente neste estudo, cuja quantificação possível (e há muitas em que isso não foi possível) determinarão: (1) Uma redução dos rendimentos nominais dos trabalhadores e dos pensionistas em, pelo menos, 2.707 milhões € no período 2012-2013 através do congelamento dos salários e pensões, ou mesmo por meio de cortes; (2) Um corte que incide sobre os rendimentos anteriores dos trabalhadores, dos pensionistas, dos aposentados e dos trabalhadores atingidos pelo desemprego, através do aumento dos impostos que incidem sobre os seus rendimentos, em mais 725 milhões €, e embora a evasão e a fraude fiscal e contributiva atinja mais 7.000 milhões €/ano o "Memorando" prevê a recuperação só de 175 milhões € em 2012; (3) A aceleração da inflação, devido ao aumento do IVA (mais 810 milhões €), do Imposto de Consumo (mais 400 milhões €), e a uma ainda maior liberalização dos preços. Para que se possa ficar com uma ideia da redução do nível de vida dos portugueses que a medidas constantes do "Memorando" do FMI/BCE/UE determinarão basta dizer o seguinte: com uma taxa de inflação média anual de 3%, e admitindo que os rendimentos nominais dos trabalhadores, dos pensionistas, aposentados e dos desempregados não sofreriam reduções – e não é isso que vai suceder – verificar-se-ia nos três anos (2011-2013) uma diminuição de cerca de 10% no nível de vida dos portugueses. O "Memorando" da "troika" é um gigantesco programa de redução do nível de vida dos portugueses, com o objectivo de reduzir a procura interna e o défice orçamental. É importante referir que, contrariamente ao afirmado pelos funcionários da "troika", muitas destas medidas atingem os grupos mais vulneráveis da população. São exemplos, o congelamento do salário mínimo nacional; a redução do subsídio de desemprego e das indemnizações; o pagamento de IRS sobre prestações sociais até agora isentas; o aumento da taxa do IVA de 6% e 13% para 23%; a criação de um novo imposto sobre o consumo de electricidade; a liberalização dos preços da electricidade e do gás; a subida significativa dos preços dos transportes; o aumento das taxas moderadoras no SNS e a redução significativa do nº de portugueses isentos de taxas moderadoras. É um autêntico programa de ataque às condições de vida dos mais vulneráveis. Mas para a banca estão previstos no "Memorando" 35.000 milhões € para avales e 12.000 milhões € para aumentos de capital Mas o "Memorando " contém também muitas outras imposições que caracterizam qualquer programa neoliberal. Assim, exige a eliminação de um número indeterminado de serviços públicos e a redução da despesa pública em dois anos (2012-13), em 5640 milhões €, quando no PEC-IV era 4320 milhões € com o claro objectivo de reduzir a Administração Pública e o papel do Estado. O "Memorando" obriga também o futuro governo "a ir ainda mais além", do que constava no PEC-IV, nas privatizações procurando assim eliminar a presença do Estado na economia (a única excepção é a parte bancária da CGD). No campo dos despedimentos individuas, com o falso pretexto que é "uma reforma estruturante" necessária à recuperação da economia e ao crescimento económico, o "Memorando" contém uma série de pontos que visam liberalizar os despedimentos individuais. Chega-se ao cinismo de justificar uma nova lei do arrendamento, que liberalize as rendas e facilite os despejos, o aumento do IMT e a eliminação dos benefícios fiscais à habitação como indispensáveis para promover a mobilidade dos trabalhadores, pois a casa própria é um obstáculo. Um programa desta natureza, ao reduzir o défice orçamental, a procura interna e o investimento público em tal dimensão, e ainda por cima em plena crise, provocará uma recessão prolongada. Como refere o Nobel da economia Paul Krugman: "A redução da despesa em períodos de desemprego elevado é um erro. Os defensores da austeridade prevêem que esta produza dividendos rápidos sob a forma de aumento da confiança económica, com poucos ou nenhuns efeitos negativos sobre o crescimento e o emprego; o problema é que não têm razão". Em 2013, Portugal estará certamente pior com a economia destruída e com mais desemprego (750-900 mil), o que impede a recuperação do País Em conclusão, a entrada do FMI-BCE-UE representou uma importante ajuda dada à direita no seu objectivo de reduzir o papel do Estado, de liberalizar a economia e de desregular mais as leis laborais."
Eu é que não corro esse risco de ceryteza mais que total, rrss
ResponderEliminarTudo de bom
Pois,como diz a São...O pior são os outros que vão lá tornar a meter essa gente e que até são capazes de voltar a dizer que não votaram...
ResponderEliminarGraÇas ao nosso inteligentissimo eleitorado, a vitória de um dos "grandes" está garantida. :((((
ResponderEliminarIndependentemente do acerto da análise feita pelo Eugénio Rosa, cujas conclusões não são dificeis de tirar, a verdade é que a questão das lei da rendas em Portugal acabou por beneficiar o sector da construção e promover a compra de casa quase compulsiva por falta de alternativas de arrendamento. Foi um erro crasso que como sempre, serão os que menos podem a pagar.
ResponderEliminarAbraço
Faz-me lembrar uma velha frase que relaciona moscas, porcaria, etc...
ResponderEliminarBoa semana!
Está aqui o exemplo de Espanha mesmo ao lado...Direita!... e apesar de tudo, são um povo mais participativo... julguei que mais informado também, mas o neoliberalismo "lavou" cérebros durante muitos anos...e vão todos atrás do mesmo. Muito para gastar e pouco trabalho. Hoje consegui o jornal i, finalmente e uma das notícias é que a Irlanda está com o FMI há 6 meses e as ruas de Dublin parecem as de Bucareste! Estamos a ver o que vai acontecer...Com um povo tão informado!
ResponderEliminarBasta ler esta notícia:
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=485949 aqui o relatório, no link dos comentários.
Eu também ouvi o debate na rádio, ia em viagem, e acho que Passos Coelho está completamente certo quando diz que Sócrates é o grande responsável pelo estado a que isto chegou nestes últimos seis ano. A verdade é que Sócrates tem razão quando diz que o programa do PSD é ainda pior do que o da troika para os portugueses e que com o PSD tudo irá piorar. Acho que ambos estão certos nas acusações que fazem e convenceram-me a não votar em nenhum deles.
ResponderEliminarInfelizmente, comprometi-me comigo própria a não comentar mais posts de teor político... senão diria que também não vou votar em nenhum dos dois... mas como não comento, desejo apenas uma boa semana :)beijo
ResponderEliminarRogerito, Rogerito, ainda vais estoirar os miolos de tanto pensar! Eu tenho muito, mas mesmo muito medo que esta m... vire à direita - já começou em Espanha - e volte tudo para trás. Faz-me lembrar o início da séc XX com o nascimento das ditaduras. Tenho mesmo medo, a sério!
ResponderEliminarEstive, um destes dias, a ler o "memorando" (em Português) e tenho andado muito "mal disposta".
ResponderEliminarNão há nada pior, neste momento, do que tentar antecipar os cenários prováveis para o pós-eleições.
Até dói, só de pensar!
L.B.
Pois bem, Rogério, os candidatos dos outros partidos também não falaram do que vão fazer!!!
ResponderEliminarDepois do sismo... estão a preparar o tsunami.
ResponderEliminarBjos
Vim ver o texto novo que apareceu lá em casa, mas nada...
ResponderEliminarPosso deixar um recado à Isa? Obrigada-
Não consigo deixar comentários no teu espaço, mas as sondagens também me estão a dar pesadelos e concordo com o teu comentário aí acima.
saudações a os dois
O que eu gosto que aproveitem a minha casa para trocarem ideias (desde que não sejam feias...)
ResponderEliminarObrigado
De mim, nenhum dos dois leva nada.
ResponderEliminarE se ganharem, faço como a Eva, deixo de comentar, escrever ou ler sobre qualquer assunto relacionado com a política. Cansei!
beijinhos