04 maio, 2011

A Dª Esmeralda e a vizinha do 4º andar, a conversar (3)

As vizinhas do prédio do Rogérito comentam o futuro,
uma delas pensa que este vai ser menos duro...

Vizinha do 4º andar – Ai que o nosso Primeiro Ministro falou tão bem. Foi um elevo... Ainda por cima o povo estava com medo. Medo da bancarrota, das prateleiras vazias, da falta de dinheiro para ordenados... e depois ele é mesmo... sei lá... charmoso.
Dª Esmeralda – Mas ainda ontem me dizia que o Passos Coelho é que tem tão bom parecer. Que era tão elegante, educado e bem-apessoado. Agora passou-se para o outro lado?
Vizinha do 4º andar – Bom, eu achava isso e ainda o acho um "borracho". Mas é um novato e isto de governar tem que se lhe diga e não se pode ir atrás de quaquer cantiga. Não vê que os senhores que vieram ajudar não deixam mexer no nosso salário, nem no minimo nacional, nem nos subsidios de férias nem no de Natal...?!
Dª Esmeralda – Não mexe no que recebe mexem no que vai pagar! Há muita maneira de fazer parecer que a coisa não vai doer. Vai ter aumento nos impostos, na renda, na luz, no autocarro, na comida e no cigarro... Ah, e o seu filho, o desempregado, vai ter um subsidio rapado e a acabar daqui a nada...
Rogérito (gritando do 3º andar) – É! É! Dª Esmeralda, deixe lá a cassete, a vizinha está enfeitiçada!
Som da televisão (saindo do rés-do-chão) - "O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) disse hoje que o discurso do primeiro-ministro sobre as medidas constantes no memorando de entendimento entre o Governo e a 'troika' foi o regresso ao "país das maravilhas".

17 comentários:

  1. erá que o ouvem, Rogério?

    Fique bem.

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  2. Rogério

    A sua escrita é de uma inteligência deliciosa!
    De fazer pensar, rir e... chorar por mais!!!

    Um abraço

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  3. Não é só a vizinha do Rogerito, que está enfeitiçada... anda muita gente enfeitiçada...

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  4. Olá amigo Rogério
    O pior, que existem pessoas que ainda acreditam em políticos.
    Grande abraço

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  5. Era uma vez num reino muito distante dai, por volta de 1992 vizinhas por um charmoso, viviam enfeitiçadas...
    tempos depois com dinheiro congelado no banco e inflação nas alturas...ficaram sem verbas para sonhar, o encanto acabou o charmoso impugnou e muito tempo depois... acreditem se quiser, ele voltou...


    quase fim!

    rsrsrs...

    Fonte: "Histórias de impunidades brasileira"

    beijo Rogério!

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  6. pois é - quem ama o feio bonito lhe parece...

    abraços

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  7. É importante que se diga que muita gente continua a votar NA IMAGEM de um político e naquilo que a maioria pensa. Ideias próprias e espírito crítico???? Só para meia dúzia de seres esclarecidos. Triste.

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  8. Foi um discurso lamentável, só possível a quem não respeita, minimamente, a inteligência dos portugueses.

    Um beijo

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  9. Estas suas vizinhas são muito conversadoras... mas mais valia... estarem caladas lol

    Bjos

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  10. Só um povo tristemente enfeitiçado
    pende duas vezes pró mesmo lado.

    Cassete renovada a preceito
    e a vizinha perderia o feitiço.
    Veria que o charmoso
    é um fanfarrão
    e que o borracho
    só quer ao trono
    deitar a mão.

    E os outros? Que fazem eles?
    A deitar pedras à Geni?
    Não! ou será que Sim?
    Estão todos a olhar
    pró céu, que eu vi
    a ver voar o Zepelim.

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  11. Ai estas vizinhas... ai estes políticos...

    Triste país "on-going" ...
    e o que sobrará "ex-post"? quando do que fomos nada restar? é o circulo vicioso do País de Bronze - aquele que, ganhando dez, insiste em gastar onze.

    Textos sublimes, os seus, caríssimo.
    Um abraço
    Mel

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  12. amigo rogério, jamais ficarei zangada, nem tão pouco me esqueci. tenho andado por aqui e por ali, mas com pouca [muito pouca] inspiração. tanto para escrever como para comentar. e quando, hoje, durante a noite [sem dormir], vi o seu comentário, resolvi trazer o meu pc para o trabalho[shiuuuuu!!!] para logo que pudesse, vir visitar o meu querido amigo caminhante :)

    quanto à conversa das vizinhas... eu já nem os posso ver ou ouvir. mas, infelizmente, ainda há quem os defenda. vá-se lá compreender este[estranho, muito estranho]povo.

    ps. não me esqueci do desafio que me propôs. assim que tiver uma ideia, eu direi como alimentar a flor...

    beijinhos, amiguinho...

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  13. Ah! Ainda bem que me dizem que é o regresso ao país das maravilhas! Devo andar mais distraída do que julgava; não daria por isso se não me dissessem...
    :-)
    Beijinhos.

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  14. Junto outro abraço ao que disse a Maria João.
    Digo ao Rogérito que vou procurar um amigo, quimbanda de arte apurada, que anda sempre com um saco de quilemba. É que, se não sabe, fica o Rogérito a saber que não é só a sua vizinha que anda enfeitiçada. Há por aí muita gente em grande cachimbação...
    Gente que, como a vizinha do 4º, anda a precisar, com urgência, de uns quilembas a ver se o feitiço se põe a andar.
    Adeus, Rogérito, até à próxima.

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  15. Não há povo com mais memória curta que o português ( digo eu...)
    Rogério mais uma vez me encantas com a inteligência, humor e acutilância dos teus textos!
    De se lhe tirar o chapéu.
    beijinho

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  16. Bem! O que eu dava para ter a sua imaginação!

    Muitos parabéns!

    Beijinhos.

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