A manhã estava incerta, mas não foi por isso que não fiz o que costumo fazer. Comprar um semanário, o Expresso, pré-pagar dois cafés e ler mais por obrigação do que por prazer. No primeiro caderno, o costume, quer em distorção quer em omissão e tudo para manter um eleitorado bem amarrado "ao tem de ser". Da CDU dá um espaço mitigado e diz: "A organização comunista é eficaz mas copia o mais gasto roteiro de campanhas passadas". Esboço um sorriso e passo ao suplemento económico onde na primeira página o CEO da TAP dá uma gargalhada numa foto a cores. Está vendendo a transportadora: "...o valor da TAP está a atingir o seu máximo". Nem leio, passo adiante e chego ao titulo que é ilustrado pela foto ao lado: "Sines atrai gigantes do mar". Entro no texto: "O terminal de contentores duplica a sua capacidade máxima para um milhão de contentores de 20 pés (TEUS)...". A leitura desperta-me a curiosidade, pois todos falam (agora) na importância económica do mar, mas não me recordo de alguém falar deste projecto. Leio sofregamente e fico surpreendido, boquiaberto: "Com as actuais ligações ferroviárias - continuam em aberto as perspectivas de construção de linhas mais eficientes a médio e longo prazo - Sines já transportou por comboio 100 mil TEUS em 2010". Se outra coisa não consegui concluir, uma parece clara evidência: A justeza da medida (a 18ª das 50 que a CDU submete a votação): "Garantir a produção nacional de material ferroviário (em particular material circulante) nomeadamente com a mobilização de incentivos em torno de investimento em curso na ferrovia.". Mas fica-me a interrogação: Porque raio a noticia de tal projecto desinserida das condições prévias indispensáveis ao escoamento das mercadorias? Porque não fala o Expresso nos investimentos em ferrovias? Como sairão de Sines um milhão de mercadorias?
DE TARDE
Decidi ir ao almoço da CDU na Escola Náutica Infante D. Henrique. De resto estando anunciado o candidato Carlos Coutinho, vice-presidente daquele estabelecimento do ensino superior, tinha a oportunidade de continuar dentro do tema que me é mais querido: o mar. Bingo! Falou-se mesmo do mar. E não foi para deixar as coisas do mar no ar, nem para repetir que se acabou com a frota pesqueira... É que, contráriamente ao propalado, os comunistas estão a fazer uma campanha como há muito não se via. Com sessões de esclarecimento. Carlos Coutinho falou primeiro da "sua" Escola Naútica. Das dificuldades em gerir com um magro orçamento cursos reputados e de emprego assegurado para os jovens que os frequentam. Do prestigio internacional e do know how em gestão portuária, em manobra e em segurança marítima, que vende e rende, mas cujo rendimento não reverte para a escola. Podia (e devia) reforçar o orçamento. Mas não, todo esse dinheiro vai direitinho para a tutela. Dá depois o quadro da evolução da Marinha Mercante. O que aconteceu que quase desapareceu. Falou da venda da Soponata e da troca que o Grupo Melo fez, abandonando o mar e investindo no lucro facilitado e seguro do negócio da saúde. Falou do aconteceu com a Sacor. Falou nas negociatas e dos elevados custos de afretamento de transporte a navios cuja tripulação é... portuguesa (na maioria dos casos). Falou da competência e capacidade instalada dos estaleiros portugueses. Nas obras de relojoaria de que são capazes os Estaleiros de Viana. Resumiu no final o que chamou de "Politica patriótica e de esquerda para o Mar e a Marinha Mercante". Desenhar essa politica compreenderá incrementar relações aprofundadas com os países da CPLP e a aposta na reconstrução de uma Marinha Mercante nacional dotada de navios de carga, passageiros e cruzeiro incorporando tripulações e tecnologia portuguesa, que assegure a circulação marítima entre o continente, as ilhas e as ligações internacionais estratégicas. Carlos Coutinho desenvolveu ainda outras vertentes dessa politica necessária para que seja salvaguardada a soberania nacional relativamente à grande extensão do território marítimo que nos pertence. De seguida falou José Casanova. O discurso fluiu claro e documentado. Ao serão, o Professor Marcelo, viria a dizer tudo ao contrário do que José Casanova denúnciou, mas baralhado e sem ser documentado. E o que documentou apenas serviu para dar razão às posiçoes que a CDU afirma.
Decidi ir ao almoço da CDU na Escola Náutica Infante D. Henrique. De resto estando anunciado o candidato Carlos Coutinho, vice-presidente daquele estabelecimento do ensino superior, tinha a oportunidade de continuar dentro do tema que me é mais querido: o mar. Bingo! Falou-se mesmo do mar. E não foi para deixar as coisas do mar no ar, nem para repetir que se acabou com a frota pesqueira... É que, contráriamente ao propalado, os comunistas estão a fazer uma campanha como há muito não se via. Com sessões de esclarecimento. Carlos Coutinho falou primeiro da "sua" Escola Naútica. Das dificuldades em gerir com um magro orçamento cursos reputados e de emprego assegurado para os jovens que os frequentam. Do prestigio internacional e do know how em gestão portuária, em manobra e em segurança marítima, que vende e rende, mas cujo rendimento não reverte para a escola. Podia (e devia) reforçar o orçamento. Mas não, todo esse dinheiro vai direitinho para a tutela. Dá depois o quadro da evolução da Marinha Mercante. O que aconteceu que quase desapareceu. Falou da venda da Soponata e da troca que o Grupo Melo fez, abandonando o mar e investindo no lucro facilitado e seguro do negócio da saúde. Falou do aconteceu com a Sacor. Falou nas negociatas e dos elevados custos de afretamento de transporte a navios cuja tripulação é... portuguesa (na maioria dos casos). Falou da competência e capacidade instalada dos estaleiros portugueses. Nas obras de relojoaria de que são capazes os Estaleiros de Viana. Resumiu no final o que chamou de "Politica patriótica e de esquerda para o Mar e a Marinha Mercante". Desenhar essa politica compreenderá incrementar relações aprofundadas com os países da CPLP e a aposta na reconstrução de uma Marinha Mercante nacional dotada de navios de carga, passageiros e cruzeiro incorporando tripulações e tecnologia portuguesa, que assegure a circulação marítima entre o continente, as ilhas e as ligações internacionais estratégicas. Carlos Coutinho desenvolveu ainda outras vertentes dessa politica necessária para que seja salvaguardada a soberania nacional relativamente à grande extensão do território marítimo que nos pertence. De seguida falou José Casanova. O discurso fluiu claro e documentado. Ao serão, o Professor Marcelo, viria a dizer tudo ao contrário do que José Casanova denúnciou, mas baralhado e sem ser documentado. E o que documentou apenas serviu para dar razão às posiçoes que a CDU afirma.
AO SERÃO
Nunca me passaria pela cabeça colocar palavras de Marcelo Rebelo de Sousa em substituição das que José Casanova disse. Faço-o pela necessidade pedagógica de documentar perante os milhares que ouviram Marcelo a denúncia que só chegou a centena e meia de presentes na sessão de esclarecimento da CDU. Marcelo, depois de acusar PS, PSD e CDS de falar de tudo menos do pacto que tinham assinado, veio afirmar que nas eleições do próximo domingo ou se votava o pacote ou contra o pacote da troica. Fê-lo regressando à tese da inevitabilidade, mas... que coisa estranha. Depois de se meter pela clara demonstração da irracionalidade dos prazos, inumerando o que tem que ser feito em julho, em Agosto e em Setembro, ele só de inumerar estava esgotado. Coitado. Perante a pergunta do "entrevistador" sobre a viabilidade de tudo isso ser feito disse que não havia outro jeito. De outro modo, ter-se-ia que... renegociar a dívida. Só não disse uma coisa que Casanova tinha dito: ESTÃO OS GRANDES GRUPOS FINANCEIROS A GANHAR TEMPO EMBOLSANDO O MAIS QUE PUDEREM PARA SÓ QUANDO FOR POR DEMAIS EVIDENTE QUE NÃO SE PODE PAGAR MAIS, ENTÃO SIM SE ABRIR A MÃO À RENEGOCIAÇÃO... Não sei porquê, pressinto a alma de Cavaco a inspirar o discurso de Marcelo, preparando terreno para o dia 6 de Junho...
Nunca me passaria pela cabeça colocar palavras de Marcelo Rebelo de Sousa em substituição das que José Casanova disse. Faço-o pela necessidade pedagógica de documentar perante os milhares que ouviram Marcelo a denúncia que só chegou a centena e meia de presentes na sessão de esclarecimento da CDU. Marcelo, depois de acusar PS, PSD e CDS de falar de tudo menos do pacto que tinham assinado, veio afirmar que nas eleições do próximo domingo ou se votava o pacote ou contra o pacote da troica. Fê-lo regressando à tese da inevitabilidade, mas... que coisa estranha. Depois de se meter pela clara demonstração da irracionalidade dos prazos, inumerando o que tem que ser feito em julho, em Agosto e em Setembro, ele só de inumerar estava esgotado. Coitado. Perante a pergunta do "entrevistador" sobre a viabilidade de tudo isso ser feito disse que não havia outro jeito. De outro modo, ter-se-ia que... renegociar a dívida. Só não disse uma coisa que Casanova tinha dito: ESTÃO OS GRANDES GRUPOS FINANCEIROS A GANHAR TEMPO EMBOLSANDO O MAIS QUE PUDEREM PARA SÓ QUANDO FOR POR DEMAIS EVIDENTE QUE NÃO SE PODE PAGAR MAIS, ENTÃO SIM SE ABRIR A MÃO À RENEGOCIAÇÃO... Não sei porquê, pressinto a alma de Cavaco a inspirar o discurso de Marcelo, preparando terreno para o dia 6 de Junho...
Gabo-lhe a paciência, meu caro!
ResponderEliminarEu já pouco ouço: não tenho pachorra...
Só sei que não carregarei sobre os ombros a culpa do que acontecer no futuro, que acho será muito semelhante ao grego
Boa semaan
Oie Rogério
ResponderEliminarPaciência é uma virtude, e logo tudo vai melhorar, pelo menos assim eu espero.
Beijos e ótima semana.
Caro Rogério
ResponderEliminarDe facto fazer um post tão completo é um excelente forma de lembrar aquilos que não dá manchete, nos media.
Abraço
O seu pressentimento deve estar certo, mas para 6 de Junho tenho o meu... mau pressentimento.
ResponderEliminarBjos
Caro Rogério.
ResponderEliminarConcordo com quase tudo na sua postagem, sendo o quase ocasionado pelo " forumdefesa.com ". Sei que os Estaleiros de Viana são os maiores do País, mas também se poderia falar dos mais pequenos, até para os incentivar. Parece que para a CDU só contam os Estaleiros de Viana...e os outros? Estará a CDU a aproximar-se do PS, com pesinhos de lã? Em politica do mar.....estão a ficar parecidos.
Abraço
Carissimo Zé Parafuso,
ResponderEliminarAproximação ao PS com pézinhos de lâ? Se o PS aceitar subscrever o que foi dito e escrito e que eu repito: "Politica patriótica e de esquerda para o Mar e a Marinha Mercante". Desenhar essa politica compreenderá incrementar relações aprofundadas com os países da CPLP e a aposta na reconstrução de uma Marinha Mercante nacional dotada de navios de carga, passageiros e cruzeiro incorporando tripulações e tecnologia portuguesa, que assegure a circulação marítima entre o continente, as ilhas e as ligações internacionais estratégicas". Acha que isto é uma aproximação? Se o PS subscrever...
Quanto ao facto de (eu) não ter falado de outros estaleiros (e até se falou)é apenas por só Viana ter dimensão para construção de calados e aprestamentos próprios de barcos da Marinha Mercante ou de cruzeiro...
Meu amigo:
ResponderEliminarO nosso mal, o meu mal melhor dizendo, é não perceber nada de política e votar por intuição.
Tenho a certeza que a esmagadora maioria de pessoas votantes, não sabe, não pode ou não quer saber o que se passa à sua volta.
Claro que depois há aqueles, que são pacientes e informados,como o meu amigo, que nos tentam ensinar alguma coisa.
Acredite que eu bem tento, o que já prova que vale a pena ser "paciente" ;)
Bem haja!
Bjos
"Entre" a manhã e a noite, sobressai, obviamente, a tarde.
ResponderEliminarEstamos de acordo quanto a ser só Viana a ter a dimensão para navios para a marinha mercante ou cruzeiro, mas apesar de Portugal ser um país à beira mar plantado, não vive só de marinha mercante e turismo. Vive também da pesca ( acabem com subsidios para o abate da frota pesqueira e dêm subsidios para remodelação e construção de novas embarcações ) e das industrias que poderão ser por isso " reactivadas" e de exportações ( forumdefesa.com ). Uma coisa poderá complementar, ou complementa, a outra.
ResponderEliminarPelo 2º alerta ao forumdefesa.com vou lá ver... enquanto isso podem isto ler
ResponderEliminarA reposição da verdade...
ResponderEliminarBoa semana, Rogério.
Um domingo em cheio.
ResponderEliminarAfinam-se os instrumentos para a sinfonia do temporal. Poderá resistir, o barco?
L.B.
Boa malha
ResponderEliminarRecomendo a sua atenção
ao êxito do porto de Setãbal
no fabukoso contributo
para o pib nacional
Ainda bem que citou o meu camarada
Casanova
Abraço sempre
Primeiro Cavaco e seu rival Soares destroem tudo, tanto na Marinha Mercante como nas Pescas. Agora lembram-se do mar e dos portos que ficaram às moscas! Apre que grandes hipocritas!...
ResponderEliminarO seu post está espectacular! pouco mais se poderá dizer. Fez bem em falar dos estaleiros de Viana, pois eram muito importantes e dinamizadoras para o Norte do Pais, que neste momento se encontra na miséria. Na sua primeira campanha eleitoral, o Sócrates prometeu recuperar estes estaleiros para serem fabricados lá, geradores de enegia aeólica! Na segunda campanha prometeu que seriam fabricados nos mesmos estaleiros as pelamis, para captação de energia das ondas. Esses pelamis já estavam encomendados à Dinamarca... o Estado pagou 8 mil milhões de euros por dois aparelhos que nunca na sua vida conseguirão recuperar o que neles foi gasto, em energia, pois ainda estão em experiência aqui na Aguçadoura! 8 mil milhões! Viva a energia "sustentável"! À maneira do PS para ajudar os dinamarqueses que são muito pobrezinhos!
Caros amigos nem sabem quanto hesitei em postar texto tão longo... Obrigado por me lerem.
ResponderEliminarUm agradecimento particular à Fada do Bosque, até por me ter sugerido um tema próximo: a Energia
Em parte já respondi a este post no comentário acima. Acrescentaria, apenas, o episódio triste que foi ver a TVI dar-lhe hoje novo tempo de antena para reiterar o que ontem dissera. Lamentável!
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