Entre as pálpebras semicerradas, semiabertas
aranhas tecem invisíveis teias
Dos lábios ainda brotam sorrisos antigos
e os ninhos se aglomeram escondidos
por detrás das orelhas
O musgo invade-lhes as partes imersas dos corpos
Estarão mortos?, ou simplesmente há muito adormecidos?
------------------------------------------Rogério Pereira
HOMILIA DE HOJE
Imagem tirada daqui"A Terra rebentará, podemos tê-lo por seguro, mas não será para amanhã. Do que estamos a necessitar é de um bom susto. Talvez despertássemos para a acção salvadora."
Estou à espera dele.
ResponderEliminarVou-me assustar e gritar. Mas não serei só eu.
Beijo
Quando a força certa chegar, acordarão do longo sonho e, em meio a um sonoro bocejo, darão bom dia reclamando do pesadelo do qual finalmente conseguiram fugir. Sentirão o sangue aquecer de novo nas veias e se despirão da figura, quase amorfa, algo entre o mineral e o réptil, a qual haviam se impingido como disfarce de espera.
ResponderEliminarUm grande bj querido amigo e bom bocejo.
olá Rogério!
ResponderEliminaro que me preocupa é a prol que deixo, pois por mim já não devo assistir a a pior do já assisti.
nada me surpreende, mas a preocupação pelos que cá estarão, sufoca-me!
kandandos... inté!
O truque tem sido injectar... o susto em mini-doses ;)
ResponderEliminarBjos
Caro Rogério
ResponderEliminarNão sei temporalmente quem escreveu primeiro. Mas complementam-se muito bem um ao outro.
Tenho duvidas é se um susto chega para o necessário despertar.
Abraço
O seu poema tem o dom de transformar o que poderia até ser belo em algo mórbido e detestável.
ResponderEliminarA queitude é um obstáculo ao desenvolvimento, mas a actual parece não haver susto que a acorde.
Penso ser esse o sentido deste "post", mas também poderia ser outro porque o texto é, particularmente, poético, ainda que o poeta seja uma espécie de timoneiro que não se afasta do rumo predefinido.
Um beijo
Quando despertarem do susto, aí sim, entram directos no pesadelo. Andar tantos anos descomprometidos daquilo que é fundamental, vai custar muito caro. Infelizmente, os ocidentais foram guiados para esse destino... é a condição humana... andar a dormir enquanto as coisas correm bem.
ResponderEliminarComo diz o sábio budista Deepack Chopra, os ocidentais têm os santos no céu, nós temos os nossos, a cruzarem-se connosco na rua.
O apelo, belo e agudo, que o poema transmite desagua numa interrogação indignada...
ResponderEliminarEm estranho mundo vivemos, meu caro.
bj
Desculpe entrar assim...sem pedir licença, mas passei e gostei do que li e tomei a liberdade de o seguir.
ResponderEliminarDeixo um beijo
Sonhadora
OUTRA VERSÃO DO POEMA, MAIS DE ACORDO COM (ALGUMA) ESPERANÇA (como parece ter sido sugerido)
ResponderEliminarDos lábios ainda brotam sorrisos antigos
e no rosto sereno
desenha-se uma vontade oculta de voltar
O corpo, outrora apenas deitado,
jaz agora sob o musgo, de verde atapetado...
Deixou-se, com o passar do tempo, soterrar.
Acordará com um só susto ou gesto irado e brusco?
Se acordar, será que se solta?
Ou terá que esperar que tudo se desmorone à sua volta?
(O timoneiro faz o que pode e sabe...)
Amo sentir a energia criativa que exala do seu trabalho. Desejo que a sua semana seja FENOMENAL!!!
ResponderEliminarBeijos Av3ssos :-*
Ao reler o meu comentário compreendi que ele pode ser interpretado fora do que quis dizer. Assim quando digo:
ResponderEliminar«O seu poema tem o dom de transformar o que poderia até ser belo em algo mórbido e detestável»
Referia-me à união do homem com a natureza sugerida na imagem no que isso tem belo pela busca da inteireza, da perfeição e do equilíbrio.
O Rogério opta por nos dar uma outra visão (e muito bem) em que o homem nos surge como um ser apático e dormente que não reage às injustiças sociais, aceitando-as como naturais, sem que realmente o sejam.
Não está implícito no meu comentário nenhuma crítica destrutiva. Deixo as minhas desculpas pela falta de clareza no que deixei escrito anteriormente.
Lídia
Minha cara Lídia,
ResponderEliminarDividimos a razão ao meio? É que não deixa de ter a parte que lhe cabe: a imagem sugere isso que diz dela (e é muito bela). Mas sabe? Eu não sou um contemplativo. Ao dar dinâmica à figura, não posso deixar de "ver" o musgo a crescer e o corpo a afundar-se sem que tal lhe esteja na face...
Gosto sobretudo de dar a leitura mais escondida do que parece belo...
Não me deixe nunca de me comentar. É um estímulo de quem carece ser estimulado. Obrigado
Rogério, há sustos que matam: resolvem o mal pela raiz. Assim, quem sabe, uma mudança radical seja possível. Mas... será que para melhor?
ResponderEliminarUm conjunto perfeito vc criou com a citação de Saramago, seu texto e a imagem.
Beijokas e uma semana proveitosa, meu amigo.
Saramago sempre e bem, mas quem assusta quem?
ResponderEliminarAbraço
Gostei. Tudo muito bem configurado os dois textos e a bela imagem.
ResponderEliminar:))
Caro Rogerio,
ResponderEliminarsem palavras para tudo aquilo que por aqui se passa.
Sejam os posts, sejam os comentarios e respostas aos comentarios.
Inspiradoras partilhas, sentimentos, receios do adormecimento que nos cerca.
Poesia, lucidez...alguns gritos...
Gosto desta comunhao.