15 julho, 2013

A lição de baloiço e o pessimismo do poeta


No parque, um tumba-lalão serve de lição. É um ir e voltar, um encolher e esticar, entre sorrisos. Ao fundo, a nave da desactivada Fundição de Oeiras mostra que há idas sem regressos, encolheres que ficam para sempre encolhidos, perdidos... O edifício da Fundição é o símbolo local, o mais próximo, de um país de difícil futuro. A geração dos meus netos diverte-se naturalmente alheia (ainda) a isso... e me interrogo se se manterá pela vida fora alheada. Penso no meu ADN e se, perene, os fará olhar para o que os irá cercar com a sensibilidade necessária. Ocorre-me, então, os versos do poeta (...sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança). Ocorre-me que António Gedeão não teria a certeza disso ao dedicar suas memórias aos netos dos seus netos(*). Pessimista, o poeta.

Volto a olhar o video... medito e ainda não decido... se escrever as minhas memórias a quem as hei-de dedicar...

(*) Já citei este facto em texto antigo

11 comentários:

  1. O meu filho ainda hoje perguntava, mais ou menos descrente, "Portugal já não sonha?"

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  2. Se fosse esse o meu dilema...:(
    Gostei do "estica, encolhe"!
    O meu neto ainda não adquiriu essa técnica! :)

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  3. Olho prá meus netos.
    O maior, já adolescente, é "punk" e comete os mesmos discursos que eu cometia na época da sonhada "sociedade alternativa" dos anos 60. Só que com mais exagero, já que, tem mais liberdade de expressão, mais meios de expressão do que eu tinha - e percebo que não precisamos nos incomodar com o que os netos sonharão - eles desta geração parece que vieram com outro "chip" .
    O menor aos 12 de idade, é sábio, e faz questão de manter -se em silêncio até o momento em que , com astúcia e serenidade, solta palavras que me deixam envergonhada de minha ignorância no viver.
    Não está em luta alguma mas se percebe nele uma luta interna que se manifesta conforme acima descrevi - parece não sonhar mas é latente nele o sonho.
    O balanço não gira mas a roda da vida gira - portanto, faça sim suas memórias aos netos e eles assimilarão do jeito deles.

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  4. A destruição da Fundição, foi num crime de lesa geração.

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  5. ... para todos os netos do mundo, escrevem os poetas... não apenas para os seus...


    Abraço!

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  6. infelizmente, penso que não era pessimismo...

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  7. valem-nos os pequenitos para nos fazerem esquecer, por momentos, os males grandes...

    em baloiços e castelos de areia, reinventamos o tempo. e damo-nos conta de que ainda ontem éramos crianças. e ainda somos.

    abraço amigo
    boas férias
    Mel

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  8. Meu amigo compreendo esta sua interrogação.
    Não consigo imaginar, quanto mais sonhar, com o futuro dos nossos netos.
    Vamos vivendo o presente.

    beijinho

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  9. percorria aquele caminho desde a estação até à praia quando era tambem miúdo... olhava aquelas paredes sem perceber o tamanho do trabalho.

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  10. percorria aquele caminho desde a estação até à praia quando era tambem miúdo... olhava aquelas paredes sem perceber o tamanho do trabalho.

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  11. É bom que aprendam que recuar nem sempre é retroceder mas necessidade de tomar balanço para avançar. Saúde!

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