09 outubro, 2013

Poesia (uma por dia) - 59


À Dona Elite de Oligarquia SA
(Em verso eneassilábico)

Das migalhas que ao povo deixava
Dona Elite, pensando melhor,
Entendeu que era muito o que dava
E que, ao povo, sobrava vigor,

Porque, quando a migalha abundava,
Ele podia crescer, ser maior
E atraver-se a sonhar que mandava
Em si próprio, apesar de “inferior”…

Dona Elite, prevendo o pior,
Sem cuidar do que, ao povo, faltava
Foi comendo o que, a si, lhe sobrava;

Comeu pobre e criado e senhor
E, por fim, sem notar quanto inchava,
Engoliu quanto mundo restava

Até ver que mais nada, em redor,
Preenchia o vazio que gerava
E onde inútil, rotunda, orbitava

Em função do seu próprio fedor…

Maria João Brito de Sousa

13 comentários:

  1. Está me lembrou Gil Vicente. Mais uma crítica contundente.

    ResponderEliminar
  2. Muito bem escrito , como sempre.

    Crítica certeira, também como sempre.

    Abraço a ambos.

    ResponderEliminar
  3. Intensas, as palavras.

    abraço Rogério
    cecilia

    ResponderEliminar
  4. Obrigada, Rogério! Folgo muito em ver a dona Elite "desmascarada" aqui, no Conversa Avinagrada!

    Todos nós sabemos que estas são as verdadeiras intenções da dona Elite, por muito que o não queira confessar... mas mesmo que eu ingenuamente admitisse que algo nela pudesse mudar (uma espécie de rebate de consciência...), não saberia nem poderia fazê-lo. A sua "gula" é compulsiva e as circunstâncias que vai gerando enquanto a compulsão cresce, não lhe permitiriam uma "inversão de marcha"...

    Está nas nossas mãos não lhe permitir que nos devore!


    Abraço grande!

    ResponderEliminar
  5. Finalmente decidiu autodevorou-se e morreu envenenada.

    ResponderEliminar
  6. Meu amigo

    Um poema muito verdadeiro e retrata bem o momento actual do nosso pobre País.
    Parabéns à autora e a ti por partilhares.

    Um beijinho
    Sonhadora

    ResponderEliminar
  7. «Era uma vez um rei
    Com uma grande barriguinha!
    Comia, comia
    E mais fome tinha!»

    (José Barata Moura)

    ResponderEliminar
  8. D. Elite continua a imaginar brioches - na falta de pão...

    poema mordaz e certeiro.

    excelente

    abraço

    ResponderEliminar
  9. Cada vez me orgulho mais desta minha querida amiga. Jo, a sua coragem e tenacidade são um exemplo. Lamento tanto que a sua saúde fisica não acompanhe a sua força interior...
    Beijo grande, grande.

    ResponderEliminar
  10. Eles comem tudo e não deixam nada.

    Um poema que diz tudo, contundente e certeiro.

    Parabéns à autora.

    beijinho

    ResponderEliminar

  11. Perfeito!
    As palavras nas mãos da Maria João avolumam-se, fazem-se grandes.

    Parabéns aos dois.

    Lídia

    ResponderEliminar