31 julho, 2014

O PCP será poder quando o povo decidir que deve ser!



O PCP entrará num governo quando o povo reconhecer que lhe deve dar esse poder. 
Até lá, resiste e luta. 
E se perguntarem o porquê das dificuldades em que aconteça uma "maioria de esquerda", a resposta só pode ser dada pela dificuldade em encontrar quem aceite negociar uma base mínima e séria de entendimento. Esta:

• Renegociação da dívida nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento rejeitando a sua parte ilegítima.
• Uma política de defesa e recuperação dos serviços públicos, em particular nas funções sociais do Estado.
• A valorização do trabalho e dos trabalhadores assente na defesa do trabalho com direitos, no pleno emprego e na valorização efectiva dos salários e pensões e o explícito compromisso de reposição dos salários, rendimentos e direitos roubados, incluindo nas prestações sociais.
• Uma política orçamental de combate às injustiças fiscais com a efectiva tributação dos dividendos e lucros do grande capital e de alívio dos trabalhadores e das micro, pequenas e médias empresas.
• A defesa, diversificação e o aumento da produção nacional, a recuperação para o Estado do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos.
• A assumpção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais.

Esta posição não é divulgada na imprensa. Se não fosse o tempo de antena... 


30 julho, 2014

"Rosa Sangue" ou até onde pode ir a emoção. A deles e a minha.



Partilho esta sala com toda a gente. Ela, quem chega e quase não dou pela chegada. A televisão está quase sempre ligada. Quando em quando, entre um e outro comentário ou montagem de um post, interrompo, cumprimento, ou dou atenção ao momento e logo me deixo absorver pelas tarefas avinagradas, por este redescobrir, na espuma de todos os dias, algo que o não seja. 

Assim, não fui ter com eles. Eles é que romperam a minha concentração e me sacudiram, num abanão de emoções. Não tenho a certeza se a canção era boa ou não. Não deu para perceber se o poema era belo de morrer, ou se a sua teatralização tinha erros de enquadramento, perspectiva ou iluminação. Não sei tudo isso. Mas ficou-me a emoção da verdade de uma entrega, total, plena. E isso é mais que mero entretenimento. É arte. 
Ganharam os três em cena. Ganhei eu. Valeu a pena.

29 julho, 2014

Gaza: se há coisas que podemos fazer, façamo-las

UM SONETO POR GAZA

Por cada pequenino assassinado,
Por cada ferida aberta e cada grito
De um povo dia a dia dizimado,
Encurralado, exposto, exangue, aflito,

Por cada obus de fogo ali lançado
Por loucos prepotentes de olho fito
Na criança inocente e sem pecado
Gerada pela carne e não no mito,

Para que o genocida pare enfim
De chacinar sem dó, de destruir
O abrigo improvisado em cada casa,

Um soneto, mais um, vindo de mim
Para quem, dentre vós, possa "sentir"
Cada grito de horror que ecoa em Gaza...
Maria João Brito de Sousa - 28.07.2014

28 julho, 2014

Diário de um eleito (10)

Nem confirmei se estaria e fui. Julguei dever estar pois tinha defendido que Caxias devia continuar a merecer o que já fora. O Presidente da Junta não teve dificuldade em me dar a tarefa, pois das cinco forças políticas eleitas apenas três se fizeram representar. Indicou-me a bandeira do Município e, ao meu lado, ela ia-me explicando como a içar sem a corda se enrolar. O vento estava fraco e o povo ausente. E enquanto as bandeiras se iam içando ao som de um hino desafinado por pouco mais de uma dezena de vozes eu ia pensando no significado daquilo. Como hastear uma bandeira na ausência de povo? Senti por momentos que fazia parte de uma encenação sem sentido...  Dias depois, ontem, no Convento da Cartuxa, noutra cerimónia assinalando a mesma data, os jograis deram a resposta ao sem sentido de tudo aquilo. Inadvertidamente (?) recitavam Sophia
Camões e a tença
Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.

E aqueles que invoscaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.

Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.

Este país te mata lentamente.

 Sophia de Mello Breyner Andresen

27 julho, 2014

Geração sentada, conversando na esplanada - 70 (Passos Coelho também está a "governar com maioria absoluta")

(ler conversa anterior) 
«O PS pretende governar com maioria absoluta porque é necessário estabilidade para fazer a mudança que é necessária em Portugal» - António Costa, ontem

«A frase do candidato socialista deixa transparecer que está por quase tudo no que toca a entendimentos pós--eleitorais - excetuando com "este" PSD (mas se for com "outro" PSD isso já não será assim, conforme o próprio aliás já admitiu).» - Editorial do DN, hoje 

"Olá!", dissemos quase em uníssono e  com um parecido sorriso. Temos rostos muito diferentes e, por isso, o sorriso apenas é parecido no sentimento sentido. Sorriso aberto, franco, sério. Isso, um sorriso sério. O velho engenheiro, percebi, vinha com uma "agenda" carregada pois desatou, sem se conter, a fazer uma churrada de questões a que não soube responder. Até que resolveu entrar por outra toada: a de fazer afirmações à espera das minhas confirmações.
- "Cá para mim, é significativo que ele se tenha furtado a falar da dívida, que não deixou de aumentar!"
- "Bom, ao certo não sabemos se falou ou não..."
- "Cá para mim, é significativo que ele se tenha furtado em falar da renegociação da dívida, os juros estão a comer o pouco que temos vindo a crescer!"
- "Bom, ao certo não sabemos se falou ou não..."
- "Cá para mim, é significativo que ele se tenha furtado a falar do que o Presidente Sampaio disse, antes da Convenção!"
Nesta altura, parei e não pude deixar de interrogar: "Sampaio, disse? O que é que Sampaio disse?"
- "Bom, de certo António Costa disso não falou, logo se saberia!"
Ele ficou a comentar o que a imprensa diz e pensa. Entretanto, o rafeiro, talvez intimidado pelo acto ousado que tivera, na última "conversa", em saltar para cima mesa, desta vez esgueirou-se para debaixo dela. Pachorrento, ia acompanhando o diálogo com uma atenção quase humana. É por isso que eu gosto de cães...



25 julho, 2014

Salazarentos destinos, com o povo ao fundo... 2

Relembrar um poema de marear vem a propósito de uma questão colocada num comentário e na promessa da merecida resposta.
Nunca, nestas circunstâncias!
Nunca, é uma palavra forte, mas não a tememos, como não tememos o vento norte. Mas a resposta assim não fica completa. Atentos a todos os ventos, percebemos quais os de feição. E quando algo soprou, como uma esperança, treinados nas ondas da resistência, não acorremos a aparelhar navios e a soltar velas, e esperámos. Sabedoria essa, a da resistente espera, pois logo se anunciam as cartas de navegação que vão ser analisadas e discutidos os rumos. Olhando-as, nos interrogamos: Enfrentar mostrengos? Nada. Não, não juntaremos a nossa barca a essa frota que a nada se afoita. Para mim, acho que ficarão em terra, com o Povo ao fundo, acenando, numa vã esperança...

23 julho, 2014

A dona Esmeralda e a vizinha do 4º andar, a conversar - (22) [o passado do Clube de Bielderberg deixa antever mais poder para Rui Rio e António Costa. ]


Vizinha do 4º andar - Dona Esmeralda, já viu? Dizem que o Costa se vai entender com o Rio!...  
Dona Esmeralda - Não se vão entender, já andam entendidos. Desde Bilderberg que são amigos…
Vizinha do 4º andar - Bilderberg? O que é? Para que é que serve?
Dona Esmaralda (afasta-se, pega num jornal e mostra-lho) - Leia isto! 
Vizinha do 4º andar - Mas este jornal é de 2008, não tem outro?
Dona Esmeralda - Leia, leia esse jornal e veja como está actual!
Dona Esmeralda (interrompendo) - Foi em 2008, mas está ou não actual?
Vizinha do 4º andar - Mas as pessoas não lêem isto?
Dona Esmeralda - Ler, lêem, mas não vêem! 
Vizinha do 4º andar - Credo, parece tudo traçado a regra e esquadro...  mas, aqui não fala do outro coiso, do Seguro... aqui não fala do Seguro, por tanto, lá, não se acerta em tudo!


E como estava traçado a régua e esquadro, aí estão, de troika na mão...

22 julho, 2014

Poesia (uma por dia) - 69


Confissão de um terrorista!

Ocuparam minha pátria
Expulsaram meu povo
Anularam minha identidade
E me chamaram de terrorista

Confiscaram minha propriedade
Arrancaram meu pomar
Demoliram minha casa
E me chamaram de terrorista

Legislaram leis fascistas
Praticaram odiada apartheid
Destruíram, dividiram, humilharam
E me chamaram de terrorista

Assassinaram minhas alegrias,
Sequestraram minhas esperanças,
Algemaram meus sonhos,
Quando recusei todas as barbáries

Eles... mataram um terrorista!

Mahmoud Darwich (in "Voar Fora da Asa")


Mahmoud Darwich (1942 - 2008), poeta e escritor palestino. A vila em que nasceu foi inteiramente arrasada pelas forças  de ocupação israelenses,  em 1948, durante a Nakba, e a família do poeta refugiou-se no Líbano, onde permaneceu por um ano. Voltou clandestinamente ao seu país e descobriu que o vilarejo onde nasceu fora substituído pela colônia agrícola israelense de Ahihud. Mahmoud Darwish foi preso diversas vezes entre 1961 e 1967,  e a partir da década seguinte passou a viver como refugiado até ser autorizado a retornar à Palestina, para comparecer a um funeral, em maio de 1996. Darwish é o autor da Declaração de Independência Palestina, escrita em 1988 e lida pelo líder palestino Iasser Arafat, quando declarou unilateralmente a criação do Estado Palestino. Membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afastou-se do grupo em 1993, por discordar dos Acordos de Oslo. É considerado o poeta nacional da Palestina. Encontra-se traduzido em mais de 20 línguas.

21 julho, 2014

AVANTE!

"Esses são os meus bancos, neles deposito uma fortuna de afetos" - Comentário do Cid Simões

No ano passado passei as passas do algarve e não fui, nem guardador de martelos, nem entregador de pregos, como antes tinha sido. Chegada a data, melhorado da maleita que me tolheu, lá fui. Como não podia deixar de ser entrei na escala de serviço, pois na Festa (aquela que não há como esta) há trabalho que, sobrando, não custa, nessa cidade-de-todos-os-afectos. Ontem lá estive, como escolhedor de lonas, identificador telas e recondicionador de fogões e outros pequenos trabalhos... Nesse entretanto, parei junto a um dos muitos armazéns do estaleiro, e fiz a foto acima... pensei numa legenda:

Ninguém guarda e trata tão bem os nossos bancos, 
cumprirão o seu destino, servir o povo (de novo)

Benjamin Netanyahu não está só: o chefe do governo israelense ligou para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e para o secretário de Estado dos EUA, John Kerry. A todos eles, lembrou que o Hamas é considerado um grupo terrorista...

20 julho, 2014

Geração sentada, conversando na esplanada - 69 (Se Seguro quer o PSD, Costa o PSD quer )

(ler conversa anterior)
"Se me diz: o PSD perde as eleições e muda e aparece outra direcção e tem outra política... Se o PSD for outro PSD com certeza que a conversa também é outra conversa" - António Costa, na "Quadratura do Circulo", citado no "Manifesto 74"

"Num Estado de Direito democrático, qualquer acordo político pressupõe o respeito do quadro constitucional em que vivemos e no nosso Estado de Direito quem define o sentido dos comandos que decorrem deste quadro é o Tribunal Constitucional. Se não se aceita isto, se não se respeita isto, não há acordo ou compromisso possível, nem sequer ele seria desejável" - Jorge Sampaio, aqui

O rafeiro do senhor engenheiro saltou, ligeiro, para o único lugar vago, da única mesa disponível. O dono, franziu o sobreolho para o animal entender. O cão não quis saber e passou para cima da dita, fazendo tombar a chávena, que saltou do pires e quase caia. Depois, refastelou-se, ignorando o ar recriminatório do dono.
- "Incompreensível, este comportamento", justificou-se o engenheiro.
- "Teu cão fez aquilo para preencher um lugar vazio"

19 julho, 2014

Faixa de Gaza... (To Kill the Child)

(...)
Hoover, Blaupunkt, jipe Nissan
Nike, Addidas, Lacoste e marcas mais baratas
Cadillac, Amtrak, gasolina, diesel
O nosso modo de vida, 

talvez essa seja a razão
Pela qual escolhemos matar uma criança
Pela qual escolhemos matar uma criança

(...)
Roger Waters

18 julho, 2014

Faixa de Gaza: o genocídio faz-se com tiro preciso

O genocídio vai-se fazendo, com tiro preciso. Vá, mexa-se, antes caiam mais meninos palestinos.
Mexa-se aqui, como eu já me mexi
(não sorria com a rima, ela dá é vontade de chorar)

(este post foi possível graças à Maré Cinza)

17 julho, 2014

BRICS ALTERAM A ORDEM MUNDIAL, MAS NINGUÉM FALA EM TAL


O FMI e o BANCO MUNDIAL deixaram de imperar... E ANDA MEIO MUNDO A FALAR DO BES...
O Nicolau? O Nicolau anda sempre a pau e a ele nada lhe escapa. Comentou na Antena 1 e não ouvi mais nenhum. E até na blogosfera, nem uma palavra sobre o assunto, com excepção dos meus cépticos comentadores, O resto? O resto é... um deserto:
Novo banco altera a ordem mundial vigente? O quéqué isso?

16 julho, 2014

Lula, Dilma, a "Copa do Mundo" e... o resto (7) - [ou, assim se vê, a força do PT]


O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, deu conta de que o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 mostrava que cerca de 74% dos municípios brasileiros (ou 4.122 deles) se encontravam nas faixas de Médio e Alto Desenvolvimento Humano, enquanto cerca de 25% deles (ou 1.431 municípios) estavam nas faixas de Baixo e Muito Baixo Desenvolvimento Humano. 
Para mim não era surpresa, assim como não era surpresa que o desenvolvimento do Brasil, impressionante nos últimos 12 anos, se quedou em níveis quase anémicos de 2012 até à data. Tirar um país da pobreza, por melhores e mais justas que sejam as políticas nacionais, esbarram na ordem mundial, onde o neoliberalismo dita as regras e as instituições do imperialismo asseguram que estas se apliquem. 

Apesar de Lula e Dilma considerarem «Fizemos em 11 anos o que eles levaram 100 - “Eles pensam que o povo não tem memória”» a verdade é que o Brasil continua a necessitar de continuar políticas e programas de desenvolvimento, como resposta a reivindicações legitimas do povo. Entretanto, a burocracia e problemas sociais que ainda permanecem garantem “matéria-prima” a qualquer um que queira acusar governantes de não estarem sabendo levar a cabo esses programas. São problemas de licenças ambientais, de contestações na Justiça e de pessoas em situação de fragilidade social. E tal foi aproveitado durante a copa. Mas as forças que apostaram nesse aproveitamento estamparam-se completamente: 
Primeiro, apostaram que o Governo seria incapaz de levar por diante tão importante evento, e dessa forma algumas forças cometeram suicídio político;

Segundo, a copa não só foi um sucesso como tal sucesso foi aproveitado pelo Governo de Dilma como montra do anúncio de uma aliança que alterará a ordem mundial e possibilitará ao Brasil ultrapassar as amarras do FMI e as regras estabelecidas pelo sistema financeiro que estrangula o desenvolvimento dos povos e os tem mantido em níveis inaceitáveis de empobrecimento e de dependência. 

Os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) assinaram acordos que classificaram de “históricos”, na tarde de terça-feira (15), em Fortaleza e discursaram sobre alternativas ao sistema internacional e o fortalecimento do Brics, sublinhando posições importantes para a política internacional, pontuadas na Declaração e Plano de Acção de Fortaleza.

“Estamos crescendo de modo verdadeiramente inclusivo. O Brasil conduzirá o Plano de Ação de Fortaleza, como presidente de turno do Brics, em coordenação com outras nações, especialmente em nossas regiões,” disse a presidenta. “Temos um desafio à altura das expectativas de nossas sociedades: é nossa obrigação e responsabilidade buscar resultados que tenham um impacto real nas vidas dos nossos povos.” - Dilma Rousseff, presidente do novo banco dos BRICS 

“Trabalhamos conjuntamente para resolver uma das questões mais relevantes da modernidade. Atingimos vários resultados importantes desde a última cúpula, atingimos nossos objetivos de curto prazo, como o banco para desenvolvimento, que vai assentar as bases para grandes mudanças macroeconômicas. Uma cooperação mais estreita entre os países dos Brics vai nos permitir realizar planos grandiosos de desenvolvimento.” - Presidente Putin 

“Devemos fazer uma evolução importante em relação ao CRA e para promover melhores resultados da nossa cooperação, trazendo benefícios mais tangíveis a nossas populações.” - Presidente Xi Jinping 

 “Estamos muito preocupados pelo recente escalada da violência e da insegurança, com grande perda de vidas, entre Palestina e Israel. Os Brics devem continuar a apoiar uma iniciativa urgente para trazer de volta a esta crise política uma solução negociada. Concordamos que a solução de dois Estados, de Palestina e Israel, vivendo em paz, lado a lado, é a única forma para estabilizar o Oriente Médio.” - Presidente Zuma 

"a cooperação entre os países do Brics continua crescendo, com esforços para “restaurar um clima de paz e estabilidade”. Para ele, os Brics devem desempenhar “um papel proativo ao modelar um discurso global de desenvolvimento”, para manter o foco em eliminar a pobreza e promover a segurança alimentar, com reformas profundas a instituições como o FMI e o Conselho de Segurança, descentralizando a discussão e levando-a à população, principalmente à juventude, incentivando a inovação e promovendo maiores contatos culturais e educacionais. “Nosso bem maior está no aprofundamento dos nossos lados” - Presidente Modi

DEPOIS DESTA COPA, NADA SERÁ COMO DANTES
Ler tudo aqui

15 julho, 2014

Lula, Dilma, a "Copa do Mundo" e... o resto (6)



E ainda derrota do Brasil. Como quem faz balanço, retomo um, feito por quem de direito (Carlos Drummond de Andrade) que, embora escrito depois da derrota de outra copa, parece ter sido escrito para esta, de agora.
Apenas um extrato, na parte aplicável a qualquer derrota:
(...) Chego à conclusão de que a derrota, para a qual nunca estamos preparados, de tanto não a desejarmos nem a admitirmos previamente, é afinal instrumento de renovação da vida. Tanto quanto a vitória estabelece o jogo dialético que constitui o próprio modo de estar no mundo. Se uma sucessão de derrotas é arrasadora, também a sucessão constante de vitórias traz consigo o germe de apodrecimento das vontades, a languidez dos estados pós-voluptuosos, que inutiliza o indivíduo e a comunidade atuantes. Perder implica remoção de detritos: começar de novo (...) 
Carlos Drummond de Andrade, "Perder, ganhar, viver" - Julho de 1982

14 julho, 2014

Com PS? Com o BE? Com quem mais? Para fazer o quê? Está tudo aqui!




Com PS? Com o BE? Com quem mais? Para fazer o quê? 
O que pode, o que não pode ser, o que talvez venha a acontecer e porquê!


Lula, Dilma, a "Copa do Mundo" e... o resto (5)

Messi o melhor do mundial? Nem pensar! O melhor foi mesmo Aldo Rebelo, que enfrentou tudo sem medo (nem da FIFA). Jogou em equipa, driblou, defendeu, atacou e fez da copa coisa que todos gabam. Bem, todos não: A Folha, O Estadão, A Globo, A Veja, não perdoam a Dilma que tenha ido buscar, em 2012, um comunista-zen para seu ministro do Turismo e do Desporto. Não faltarão balanços, para já registo este, todo virado para a frente: 

13 julho, 2014

Argentina, amiga, já conheces a cantiga: o futebol é a coisa mais importante de entre as coisas pouco importantes com que nos devemos preocupar!

A Cristina e a Dilma são gente que sabe cair, levantar e voltar a ir.
A próxima semana será recheada de novidades...

Geração sentada, conversando na esplanada - 68 ("Brutal, brutal, brutal" disse o merceeiro, sem se referir à faixa de Gaza))

(ler conversa anterior)
"Brutal, brutal, brutal"
Alexandre Soares dos Santos, hoje, sobre o BES

«Só queria ser mosca, ter estado lá, e ouvir o que eles diziam!» Ninguém, na esplanada, lhe ligou.
Lá, no nosso canto, era o BES o assunto, depois de terem sido muitos outros. Questionava-me o senhor engenheiro, afagando o seu rafeiro:
- «O "merceeiro" está preocupado. Terá razão para estar?"
Encolhi os ombros, mas lá fui dizendo, - «Afirma-se que o BES está defendido com dois mil milhões, mas a dívida da holding é sete mil milhões... alguém vai estar a arder com a diferença!»
- «O merceeiro?»
- «Não, o povo inteiro!»

12 julho, 2014

Lula, Dilma, a "Copa do Mundo" e... o resto (4)


Chorar? Agora?
Mas...
É só bola
e, te garanto, que não vale o pranto


Lula, Dilma, a "Copa do Mundo" e... o resto (3)


Nas redes sociais, amigos brasileiros reagiram de pronto a certa imprensa brasileira (neste caso, a Globo) que vê que o tal vexame da derrota brasileira pode vir a ser continuado com Dilma entregando a taça à Argentina. Cava tal imprensa uma briga entre irmãos e vizinhos, tenta dividir como tem tentado em outros planos, designadamente o da política externa brasileira, que aposta forte na consolidação das relações com os países da América Latina, nomeadamente no âmbito da Mercosul (a direita não perdoa que Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai tenham tomado posição conjunta contra “as tentativas de desestabilizar” a democracia na Venezuela).

A imagem acima dá testemunho que há quem não alinhe... O vídeo abaixo dá testemunho de que são históricas as relações entre os dois povos.

11 julho, 2014

Ontem, dia de luta e o significado de ter estado

As ruas voltam a encher-se, mesmo perante a inclemência de um sol intenso. Na Assembleia votou-se contra a contratação colectiva e, embora reformado, compareci. É preciso resistir. É isso, resistir. Resistir contra estas medidas, resistir contra o desespero, resistir contra o cansaço e o medo. Resistir é a única luta possível, enquanto as ruas não transbordam. No dia em que tal aconteça, termina a resistência e começa a mudança! 
No próximo dia 25, "venham mais cinco"!

10 julho, 2014

Lisboa, depois de "Menina e Moça", está sendo o quê? Que poema escrevia hoje Ary?


Depois do canto do poeta, que perdura na nossa memória, há modificações na cadência do tempo, que, sem que muita gente se dê conta, alteram a realidade de uma cidade sem que percebam como, onde e por quem, essa realidade tem vindo a ser alterada. E há quem dê por isso:
Lisboa é um imenso parque temático - «Certamente não passaria pela cabeça de ninguém privatizar uma cidade. Cidade enquanto espaço de pessoas, de trabalho, de habitação, de convivência intergeracional. Claro que há espaços privatizados mas o conceito de transformação da cidade como um espaço, ele próprio, privado,  aberto apenas a alguns, eventualmente com reserva de direito de admissão é uma ideia estranha.» - in Manifesto 74
Lisboa é como uma Disneyland - «E nós, os que vivem na cidade, somos os mickeys e as minies que vão entretendo a rapaziada que está de visita. Uma Disneyland sem os seus personagens não seria a mesma coisa. Mas verdade seja dita, estes personagens, mesmo que precários, são pagos. Nós, personagens temáticos deste grande Parque de Diversões, pagamos com impostos este circo de cidade.
Que venha um terramoto, talvez a malta desperte para a acção salvadora. Mas este terramoto que desejamos não é daqueles que aparecem por providência divina. Tem de ser daqueles terramotos que nascem dos pés da massa popular, que de passo em passo vibram os alicerces podres deste enorme coliseu circense que chamam de Lisboa. » - Comentário de C-Zero, aqui

Lisboa desistida - «A Cidade só resistirá como Lisboa quando deixarmos de evitar tomar consciência dela. E de nós, que lhe damos vida. Não fosse a cidade uma fôrma da forma como somos. Só resistirá se a tomarmos como nossa e a resgatarmos desta classe predominante que tudo torna descartável. Predominarmos nós, finalmente, que sempre fomos a raiz da Cidade. Trabalhadores! Não fosse a luz da cidade pintada com nossas mãos. Não tivesse Lisboa a forma da fôrma que lhe somos.» - in "Da Peste à Centelha"
Talvez estas, e a minha própria visão (a cidade é um zoo) não sejam percepções de uma realidade constatada hoje e já estivessem contidas na própria reflexão de Saramago:
(agradecido ao Bruno, pela preciosa ajuda neste post)

09 julho, 2014

Diário de um eleito (9)


A chamada inesperada não deixava dúvidas, estava a acontecer e eu ausente. O meu camarada estranhou «Não recebeste a convocatória?». Não, não tinha recebido. E lá fui, conforme estava, sem estar mal pois estou sempre pronto como um bom soldado o deve estar para a ocupação do seu posto. Quando cheguei, o meu camarada estava no uso da palavra e percebi, pelas expressões que o seu discurso era seguido atentamente. Esperei que acabasse e dirigi-me à mesa: «Meu nome é Rogério Pereira e é a minha primeira presença neste "Conselho", represento a União das Freguesias» e lá referi a extensa designação de todas as freguesias que integram a União. «Assine a folha de presenças». Assinei. Depois, Meu Contrário ia dando atenção ao que se dizia, enquanto Minha Alma ia olhando em redor, para se integrar melhor. As intervenções iam acontecendo e Eu tomando notas: Oeiras, tem 20 000 pessoas sem médico de família, mas a situação está em vias de ser alterada com um próximo concurso de admissão de mais sete médicos. "Boa!", pensei.
Minha Alma recomendou-me calma
A construção do Centro de Saúde de Algés já retomou o bom ritmo e o de Barcarena vai ser iniciado, o Concelho irá ter, assim, mais três Centros de Saúde em 2016. "Boa!", Pensei! 
Minha Alma, aí, alertou-me: "Quem te garante que vai ser assim? Como pode Oeiras ser uma ilha de bem-estar se já não está a ser? Lembra-te, o Santa Cruz já perdeu valências! e andam por aí inúmeras queixas" Alertado, resolvi inscrever-me no sub-grupo de trabalho que integra um "Oservatório" que monitorizará a evolução das políticas de saúde no Conselho, por conselho de Minha Alma, que não é nada parva... (e foi por recomendação dela que escolhi este dia para editar este post, ele documenta o que a preocupa)

07 julho, 2014

Habemus Bento

imagem retirada daqui
A banca nacional já era um imenso bordel, onde até as almas se prostituíam ao jugo estrangeiro, a troco de bom dinheiro. A coisa refinou-se: hoje os capatazes do bordel são apresentados como puros e castos.  No fim, a questão é sempre a mesma: “aguenta, aguenta”
Pornografia, pura e dura

06 julho, 2014

Geração sentada, conversando na esplanada - 67 (sobre o susto, os chimpanzés e os homens)

(ler conversa anterior)
"A Terra rebentará, podemos tê-lo por seguro, mas não será para amanhã. Do que estamos a necessitar é de um bom susto. Talvez despertássemos para a acção salvadora." - José Saramago, aqui

"Na cidade, agora, todas as pessoas esperam por um outro terra­moto, semelhante ao anterior, mas de sentido inverso – que recolo­que o cérebro dos chimpanzés no sítio certo e antigo. E com isso a ci­dade recupere a normalidade." - Gonçalo M. Tavares, aqui

Em menos tempo do que aquele que se leva a contar, foi um debandar. A chuva persistente afastou toda a gente. De todos, ficámos só nós os três abrigados pelo estreito telheiro: eu, o velho e o rafeiro. Mesmo com os pés molhados compensámos tal desconforto com o gosto das palavras trocadas...
- "Voltou a citar o Gonçalo! Mudou de opinião?"
- "Não, apenas lhe estou a voltar a dar uma oportunidade!"
- "Aproveita ter o Gonçalo falado dos efeitos do terramoto... mas não era esse o susto de que falava Saramago!"
- "Não, porventura, não seria!"
- "... e macacos não são homens!"
- "São quase!"
- "Então a cidade é um grande zoo?"
- "É verdade!"
E continuamos a conversar muito para além da chuva parar, deambulando sobre mil assuntos até comentar o que dissera o Carlos:


05 julho, 2014

Cavaco aconselha o Conselho de Estado

Escrevia um amigo que acontece só aos  vivos ter à espera um número infinito de futuros. Comentei como penso e sei, nomeadamente que os zumbis só se sentam para repouso, depois regressam ao que lhes dá gozo. Repousados, sentados, ouviram os conselhos de Cavaco, aliviados por não terem de dissertar, com detalhe, sobre a obra obrada. E como os zumbis não dormem, apenas um conselheiro foi atacado pelo sono e ninguém pode garantir que possa ter, sequer, ouvido o conselho. Testemunhas oculares garantem ter acordado e saído pelo seu próprio pé. Veremos!

03 julho, 2014

Diário de um eleito (8)

Imagem editada pela EMACO

A segunda sessão (continuação) da Assembleia da União das Freguesias, depois de várias peripécias, foi marcada para ontem, para o Salão Nobre do Palácio do Marquês. Lá, enquanto ia admirando aquele tecto, os estuques de Grossie e o trabalho de pintura de autor não identificado, ia pensando em argumentos e como contrapor aos que fossem expostos, contrariando os nossos.
A mulher pintada, lá no alto, parecia olhar para mim e interrogar-me: "que fazes aí?" 
Não respondi! Nunca respondo a mulheres belas pintadas num tecto por pintores desconhecidos. Mas não deixava de a escutar. Ela me inspirava em cada intervenção e, no fim, a nossa proposta sobre a ocupação dos espaços de escrita no boletim da União das Freguesias, foi aprovada pela maioria dos presentes. 
Em casa, sob o word, com uso ao Times New Roman, corpo 11, escrevi o texto destinado ao Boletim com a preocupação de não ultrapassar os 800 caracteres. É pouco? É, mas dá para dissertar sobre a incoerência que, como sabemos, é um valor em desuso: as mesmas forças que aprovaram (noutra sessão) moção contra o fim das freguesias e a criação da União, desenvolvem agora esforços, com quem tal impôs, para lhe encontrar um brasão, uma bandeira e já votaram uma data de comemoração que institucionalize o desatino. Fica a faltar o hino.

Quando regressar  ao Salão Nobre do Palácio do Marquês lerei essa mingua de texto em voz alta, talvez a "mulher pintada" me compreenda e não volte a perguntar que faço eu ali e até me ofereça uma flor...

01 julho, 2014

Carlos, eu gramo o teu grammy

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UM HOMEM NA CIDADE

Agarro a madrugada
como se fosse uma criança
uma roseira entrelaçada
uma videira de esperança
tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem por força da vontade
de trabalhar nunca se cansa.

Vou pela rua
desta lua
que no meu Tejo acende o cio
vou por Lisboa maré nua
que desagua no Rossio.

Eu sou um homem na cidade
que manhã cedo acorda e canta
e por amar a liberdade
com a cidade se levanta.

Vou pela estrada
deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresça na vela da canoa.

Sou a gaivota
que derrota
todo o mau tempo no mar alto
eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.

E quando agarro a madrugada
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada
um malmequer azul na cor.

O malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém
o malmequer desta cidade
que me quer bem que me quer bem!

Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis que me quer bem!
                
José Carlos Ary dos Santos (1937-1984)


Lula, Dilma, a "Copa do Mundo" e... o resto (2)

2 comentários? É pouco!
O vídeo vale muito mais

Não viu?
Então não venha dizer que
não sabe o que se passa no brasiu
(Continua)