24 outubro, 2015

Poesia (uma por dia) - 82

 

ESPERANDO OS BÁRBAROS
Que esperamos reunidos na praça?
Hoje chegam os bárbaros.

Por que está inactivo o Senado
e imóveis, os senadores não legislam?

Porque hoje chegam os bárbaros.

Que leis votarão os senadores?

Quando os bárbaros chegarem eles darão a lei.

Por que deixou seu leito pela alba, o  nosso imperador,
e na porta principal espera agora sentado
em seu alto trono, coroado e solene ?

Porque hoje chegam os bárbaros.
Nosso imperador aguarda receber
o chefe. Dar-lhe-á
um grande pergaminho. Nele
há muitas honrarias e títulos escritos.

Por que vestem os nossos dois cônsules e os pretores
suas  vermelhas togas, de finos brocados;
e luzem braceletes de ametistas,
e refulgentes anéis de esplêndidas esmeraldas ?
por que ostentam bastões maravilhosamente
                  cinzelados   
em ouro e prata, sinais do seu poder?

Porque hoje chegam os bárbaros;
e todas essas coisas deslumbram os bárbaros.

Por que não recorrem como sempre nossos ilustres
                              oradores
a brindar-nos com a abundância  feliz da sua eloquência?

Porque hoje chegam os bárbaros
que odeiam a retórica e os grandes discursos.

Por quê tão rápido essa inquietude
e movimento? ( Quanta gravidade nos rostos. )
Por que esvazia a multidão avenidas e praças,
e sombria regressa a suas casas?

Porque a noite cai e os bárbaros não chegam.
E gente vinda da fronteira
garante que já não há bárbaros.

E que será de nós agora sem bárbaros?
Talvez eles fossem uma solução no final de tudo.

Poema gentilmente cedido por
Ana Verde

 

6 comentários:

  1. Não sei se entendi a poesia
    Coisa fina que eu amaria.
    Porque tardam os bárbaros a reunir-se?
    Porque deixam os outros bárbaros apoderar-se?

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  2. .

    .

    . defendi nas urnas e defendo . hoje e sempre . uma solução à esquerda .

    .

    . estou farto da rudeza dos bárbaros .

    .

    .

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  3. Há homens pacíficos com ideias bárbaras!!

    Beijinhos

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  4. Bem achada a poesia.
    Da Grécia vieram sempre eloquentes lições que os novos senhores da barbárie teimam em negar. Vivem obcecados pelo brilho do ouro e subsistem a sumo da laranja.

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