10 fevereiro, 2016

Diogo, da "Maior Flor do Mundo" ao Polvo


Era ele bem pequenino, íamos sobre as ervas, levantando pedras, mostrando vida escondida que ele nem imaginava que havia. Eram "bichos-de-conta", "formigas-de-asa", "bichos-tesoura", centopeias, aranhas, lagartas e outras espécies, para ele todas raras. Percebi que as tratava com todo o respeito, depois de passar por uma fase em que tal não sucedia.
Pequenos bichos?, matava tudo o que aparecia.
Faço um esforço de memória e vou relembrar o passado. Talvez a mudança tenha acontecido depois de temos feito a pequena digressão das descobertas das pedras e o sentei no meu colo a mostra-lhe o conto "A Maior Flor do Mundo" e comentando, já nem sei com que palavras, a relação de amizade entre o miúdo e o escaravelho e a importância deste insecto... Talvez fosse a partir daí. Talvez...

Hoje, ele domina a natureza. E quando, destro, caça um polvo e a mãe lhe manda restitui-lo ao mar, ele obedece sem hesitar. Embora, lá no fundo, confesse pena enquanto conta:
"Vô, ele era tão giro... Apertava-me o braço... era mesmo meu amigo!" 



18 comentários:

  1. Quem dera que todas as crianças, respeitassem a natureza. Seriam as sementes para um mundo melhor.
    Um abraço

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  2. Uma aprendizagem consentida e partilhada. É bonito de se ver a cumplicidade que se criou entre os dois.
    Com esta dedicação pela bicharada da terra e do mar,
    não estranhava nada se o Diogo, um dia,
    à Biologia, vier a se entregar.

    Beijinho para Diogo, o Destemido. :)
    Também para o Vô, babado e desvanecido.

    *-*

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    1. Acho que as tendências se educam...
      e
      a culpa foi do Saramago
      e da própria natureza

      Amanhã darei um beijo ao Diogo
      e lhe direi
      que o beijo que lhe dei
      foi teu recado
      bem dado

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  3. Um trabalho que também nos cabe. Ensinar os mais novos a respeitar a natureza. Depois eles haverão de descobrir grandes tesouros

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    1. A descoberta
      é a coisa mais bela
      que nos pode acontecer
      É comum na criança
      e vai-se perdendo
      com o crescer

      Mas nem sempre
      (hoje ainda descubro grandes tesouros)

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  4. de um avô para um neto,

    toda a diversidade do mundo


    um abraço

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    1. Hoje mesmo,
      libertámos uma lagartixa que ele ia alimentando com aranhas

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  5. Mais uma vez se prova que uma educação baseada no respeito pelo que nos rodeia dá os seus frutos.
    Tenho que dizer à minha filha para ir preparando um lugar de ajudante de campo para o seu Diogo :)

    Beijinhos aos dois

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  6. "Desde aí",talvez. A pedagogia, ato contínuo, exercida por via do exemplo e do reforço é sempre a mais eficaz.

    Pois claro, o Diogo vai ser Biólogo!

    Beijo

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    1. A Fê já determinou o destino

      Amanhã vou-lhe relembrar como ele respeitava o escaravelho

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  7. Tão querido, o teu neto! Quero muito ter netos e ir com eles descobrir a natureza.

    Beijinhos, Rogério :)

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  8. ... também eu fui amiga de polvos, enguias e lagartixas... :)

    Beijo para ambos!

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  9. se todos fossem assim, talvez o mundo fosse melhor.

    beijinhos aos dois

    ;)

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  10. Tanto tive - e tenho... - em comum com o teu Diogo, Rogério... quandoera muito, mas mesmo muito pequenina, tinha um polvo amigo que habitava um dos enormes aquários do Aquário Vasco da Gama. Não sei se os seus companheiros de aquério gostavam, ou não de mim, mas aquele... aquele conhecia-me bem e demonstrava-o! Mal eu me aproximava e me punha em bicos de pés para melhor observar aqueles fascinantes amiguinhos, aquele aproximava-se e iniciava uma série de danças mesmo junto ao narizito que eu esborrachava contra a espessa vidraça. Até eu desistir, vencida pelo cansaço, ou puxada pela mão do meu pai ou da minha mãe, aquele específico polvo desdobrava-se em danças e multiplicava-se em coloridos rubores, sempre colado ao vidro. Do lado de cá, dois grandes olhos escuros, pestanudos, curiosos e um narizito deformado pela pressão que exercia contra o vidro; do lado "de lá", um octópode não menos curioso, fazendo o que podia para estabelecer com a criaturinha que eu era, uma qualquer espécie de insólita comunicação.

    Já não estão comigo, desapareceram no tempo como tantas coisas, mas o meu pai tinha uma série de magníficas fotografias que bem poderiam ilustrar estas minhas palavras...

    Abraço!


    Maria João

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