26 janeiro, 2019

Pouco cito o Pacheco Pereira... calhou hoje, desta maneira

O cartaz ao lado foi por mim escolhido para ilustrar o texto do Pacheco. Qual texto?
Ei-lo 
«A política de “identidades” e das “causas fracturantes” foi um processo que facilitou a passagem de grupos revolucionários a reformistas. Para o Bloco de Esquerda não está mal, porque isso facilita a aproximação com o PS, cuja ala esquerda pensa o mesmo. O Bloco rende-se àquilo a que Rosa Luxemburgo chamava “movimento” em detrimento dos “fins”, que considerava a essência do reformismo, ou seja, o abandono da revolução, neste caso a favor de uma miríade de “causas”.
Facilita igualmente a integração de grupos anti-racistas, feministas, LGBT, de defesa dos animais, antiespecistas, muitos dos quais são fortemente subsidiados por dinheiros públicos. Eles podem colocar o rótulo de anticapitalista em tudo isto, mas é pouco mais do que um rótulo.
Sendo a política de “identidades” uma forma de reformismo, daí não vem nenhum mal ao mundo. Porém, tem um efeito perverso cujos custos a esquerda ainda não percebeu que está a e vai pagar: é fazer espelho com a outra política de “causas” da direita radical, os movimentos antiaborto e anti-imigrantes, a islamofobia a favor da “civilização cristã”, a mulher dona de casa, o anti-intelectualismo, a defesa dos valores “familiares”, o lobby pró-armas nos EUA, ou “as meninas são de cor-de-rosa e os rapazes de azul” dos Bolsonaros, os pró-tourada, os homofóbicos, etc. Acantonados nas suas “causas”, cada uma reforça a outra, o SOS Racismo dá forças ao PNR e vice-versa, e fora do “meio” destes confrontos, a nova direita “alt-right” ganha sempre mais força...»

Pode ler tudo aqui

1 comentário:

  1. Raramente citas Pacheco Pereira e eu raramente o comento. Fi-lo ontem pela primeira vez, através de outro blog. Um dos que estão na lista de leituras que nos apresentas do lado direito do Conversa Avinagrada.

    Mais confuso ou menos confuso - a realidade também anda confusa... - , foca um ou outro ponto que há uns bons tempos têm vindo a merecer a minha atenção.

    No entanto a teoria científica de Marx não condena o ser humano à estagnação e, ainda que pisando um chão móvel e pejadinho de cascas de banana, por detrás de tudo o que vai acontecendo neste mundo, continua a pulsar a violentíssima tensão entre as relações do capital com o trabalho.

    Abraço, Rogério.

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