A FARSA E O EMBUSTE NA POLÍTICA
Fazem parte do nosso
dia-a-dia, multiplicam-se como cogumelos venenosos e muito difíceis de
combater pois estão quase sempre do lado dos vencedores. Podem faltar
salários dignos e respeito por direitos elementares, mas na política
globalmente dominante não existe carência de farsas e embustes. A
experiência de todos nós está repleta de exemplos, mas a actualidade e a
oportunidade seleccionaram alguns para este Nº19 de O Lado Oculto, já online.
Farsa
e embuste estão por detrás dos preparativos para as cerca de 20
eleições que irão ocorrer, um pouco por toda a Europa e Américas, até ao
final de 2020. A pretexto da pureza eleitoral e do combate às famosas
interferências externas, duas correntes mais convergentes do que
divergentes da ditadura económica
neoliberal, na prática duas verdadeiras polícias eleitorais, preparam
guerras cerradas contra as não menos célebres fake news, não hesitando
estar agora "um passo à frente" dos supostos energúmenos replicando um
genial ovo de Colombo: interferirem antes que haja interferências. Além
do bando populista e neonazi capitaneado por Steve Bannon está
igualmente em campo a Comissão Transatlântica para a Integridade Territorial, que
se propõe recorrer à intervenção nas redes sociais, à inteligência
artificial, dar apoio a governos e comissões eleitorais para extirpar as
fake news e as ingerências externas - 80% russas calcula - para que
nada obste "à democracia e ao mercado livre". Nomes altamente
recomendáveis integram esta cruzada purificadora como Tony Blair, José
María Aznar - dois intérpretes da histórica Cimeira das Lages, em 2003,
que gerou uma sangrenta "interferência"
militar - o ex-vice de Obama, o ex-secretário da segurança de George W.
Bush e o inigualável John Negroponte, organizador de esquadrões da morte
na América Latina e de falsificações eleitorais um pouco por todo o
lado, cujos métodos se mostraram eficazes nas Honduras ainda há poucos
dias. Com uma equipa assim, a transparência democrática fica
perfeitamente salvaguardada.
Ainda no domínio da farsa - repleta de consequências trágicas - vamos ao encontro da situação no Ceará brasileiro, onde uma onda de violência
entre grandes bandos criminosos explodiu praticamente a partir da posse
do governo de Bolsonaro. Como há evidentes relações de causa e efeito,
anote-se apenas que o drama fustiga há mais de uma semana exactamente o
Estado onde, nas recentes eleições, o governador estadual do PT recolheu
mais de 80% dos votos.
Não estranhemos que proezas deste e
outros géneros prossigam na vigência de um governo formado por desqualificados, desclassificados e incompetentes, pois são essas as características que convêm a quem os conduz a partir de fora.
O que resultou no Brasil continua a ser tentado noutros países, por exemplo na Bolívia. Onde, contra a corrente do jogo, o movimento transformador está a conseguir dar a volta a
manobras conduzidas a partir de Washington na esteira de nova
candidatura do presidente Evo Morales, finalmente confirmada pelos
órgãos constitucionais.
Farsa também pelo simples facto de a Comissão Europeia celebrar com júbilo o 20º aniversário do euro,
moeda única que segundo Juncker, provavelmente animado com os festejos
de novo ano, garante que contribuiu para "a unidade, a estabilidade" e,
sobretudo, "para a soberania e prosperidade dos cidadãos europeus".
A propósito de embuste, múltiplos embustes, falamos do caso aterrador da chacina de crianças no Iémen,
que não chega para alarmar as boas consciências do mainstream, bastante
mais compungido, no entanto, com outro crime do mesmo autor: o
assassínio de Jamal Khashoggi, colaborador do Washington Post. Embustes
primários são também os pretextos invocados pelos Estados Unidos e a
Austrália - "conter a China" - para ocuparem, de novo, a base de naval de Lomdrum, na Papua Nova Guiné.
De farsas e embustes se alimenta a informação quase unânime sobre a Coreia do Norte; onde a realidade, porém, é bem diferente desses conteúdos, como demonstramos nesta edição.
O maior e mais alicerçado dos
embustes é, no entanto, a mistura abusiva de fé, religião, dinheiro e política que
está na origem de comportamentos de nações e de instituições
internacionais que dominam o mundo, manipulando criminosamente o
espírito e a consciência dos seres humanos.
Perante estas e outras
situações, O Lado Oculto vai prosseguir a sua missão de voz
independente. Já não em formato de semanário mas em regime de
actualização em contínuo, um salto qualitativo tornado possível com a
solidariedade dos assinantes e um apreciável caudal de colaborações
inseridas no espírito de uma publicação absolutamente livre. Em termos
práticos, a partir de segunda-feira, dia 14, não será necessário
aguardar por sexta-feira para o leitor ter novidades. Entrarão online
logo que estejam disponíveis - não com preocupações de actualidade mas
sim, e como sempre, de qualidade e de exposição do que é escondido, por
norma, pela comunicação social dominante.
Nem a vitória do Benfica te faz esquecer a política?
ResponderEliminarAbraço de DÜSSELDORF, onde a política enjoa o menos prevenido:-*
Soube por ti agora
ResponderEliminarque, em DÜSSELDORF, a política enjoa o menos prevenido
e julgo ser isso
o nosso maior perigo
é que a Alemanha
continua a ser a dona disto tudo...
Eu? Eu não enjoo
e sim
vi o jogo todo!
Iniciei ontem a leitura do "Lado Oculto", mas piorei muito durante a noite. Não posso garantir que a consiga concluir hoje.
ResponderEliminarAbraço, Rogério.
A política (mundial) anda podre...
ResponderEliminarBjos
Votos de um óptimo Sábado.