02 agosto, 2019

José Afonso e o silenciamento de um argumento





Ninguém diria que este cantar seria o "Outono" da sua vida. Foi em 29 de Janeiro de 1983, no Coliseu. Quatro anos depois, em 23 de fevereiro de 1987, partia. 
Hoje, a assinalar o que seria o seu 90º aniversário, o Jornal da Tarde encerrava com a notícia da iniciativa da Associação José Afonso e o estranho silenciamento de iniciativa no mesmo sentido, mas com a força de uma decisão aprovada por um órgão de soberania. Perdeu força este argumento por falta de unanimidade do parlamento? Certamente, a abstenção do PS só o enfraquece.  
Ia a escrever ser estranha a omissão, repetida no Telejornal. Mas dado ser de quem foi a iniciativa, nada é de estranhar...

5 comentários:

  1. Quando o Zeca começou a cantar a Balada de Outono o pessoal no Coliseu desatou num pranto quase colectivo. Sabíamos que as palavras eram verdade. Sabíamos que poderia ser a última vez que o víamos. Eu ainda o vi depois, em Caldas, cada vez mais fragilizado...
    Um abraço.

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  2. Quando ouço falar ou leio referências à doença que matou o Zeca (esclerose lateral amiotrófica), lembro-me sempre de uma outra pessoa que morreu da mesma doença e a cujo progressivo agravamento eu assisti diária e angustiadamente. Refiro-me a Fernanda da Bernarda, que foi minha colega de trabalho e que em 1969 tinha desempenhado um papel extremamente importante na crise estudantil de Coimbra, tendo sido a única rapariga que fez parte da direção da Associação Académica, presidida, como se sabe, por Alberto Martins, que enfrentou Américo Tomaz. Foi com o coração nas mãos que assisti à progressiva degradação do estado de saúde de Fernanda da Bernarda, assim como assisti, com enorme espanto, à incrível força de vontade desta mulher que, agarrada a umas canadianas e cada vez mais tolhida nos seus movimentos, ria e brincava com os colegas como se não tivesse doença nenhuma e não soubesse que tinha os dias contados. Até que um dia não compareceu mais no local de trabalho. Peço desculpa por não falar do Zeca neste comentário, mas sim desta combativa guerreira antifascista que foi Fernanda da Bernarda, que também me merece a maior das admirações.

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  3. Com a maior admiração pelo Zeca e pelo seu trabalho, partilho e deixo um abraço.

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  4. Se não te importas, Rogério, presto aqui também homenagem a essa mulher de coragem e força que tem sido injustamente esquecida: FERNANDA da BERNARDA. Fiquei muito comovida e contente com o comentário do Fernando Ribeiro 💙

    Conheci o Zeca Afonso num concerto AQUI, na Universidade Heinrich Heine‼

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