«Marx ganhou uma nova vida, renascido das cinzas para onde foi (precipitadamente) remetido com a implosão do regime soviético. A sua dimensão emancipatória e utópica continua poderosa.»in "O “espectro” de Marx", por Elísio Estanque
Não querendo arriscar o acontecido da última vez que lá tinha ido, fiz questão de chegar cedo. Fui buscar a "bica" e sentei-me na mesa onde era costume sentar-me. Àquela hora a esplanada estava como eu esperava, vazia.
O melro, pareceu-me o mesmo, aproximou-se depenicando aqui e ali, até que surgiu o pombo a disputar-lhe a migalha. Testei-lhes o arrojo e esbracejei. Voaram ambos, para de seguida regressarem.
Estava eu nisto quando me apareceu o primeiro sorriso, depois o segundo e de seguida o terceiro. Com pouco intervalo, chegou o engenheiro e o seu cão rafeiro. Foi uma festa pegada saudando o meu regresso à esplanada. Foram manifestações efusivas mas de pouca dura. Minutos depois as professoras mergulhavam na tertúlia costumada e eu e o meu parceiro iniciávamos uma conversa como há muito não tínhamos. O cão rafeiro pousara o seu focinho no meu joelho e com o seu olhar seguia ora um ora outro com uma concentração quase humana.
A páginas tantas, e depois de termos saltado de assunto para assunto, surgiu a pergunta que o engenheiro trazia engatilhada:
"Acha que o Jerónimo vai mesmo sair no próximo Congresso?"
Ia a responder, quando a Gaby veio interromper:
"Acabámos de ir ao seu Conversa e deparámos na sua frase Não precisamos apenas de palavras dirigidas à alma, que nos arrepiem a pele, nos emocionem... Precisamos de palavras-adubo, palavras-semente e, sobretudo, de ideias. Tem tanto de belo como de profundo.
De pronto respondi precisarmos mais de tudo isso do que saber se Jerónimo continuará a ser Secretário Geral. Gaby não entendeu, mas o engenheiro percebeu o sentido da minha resposta.
E a conversa continuou trocando impressões sobre aquele oportuno artigo publicado no Público...
Esquecidos do tempo, por ali ficámos como há tanto já não estávamos.
Estas tuas longas publicações costumavam ser uma festa para o meu cérebro. Agora, com estes olhos encataratados de que o SNS - sobrecarregado e espoliado de recursos - ainda se não dignou livrar-me, são um verdadeiro suplício de tântalo. Li tudo, mas fiquei "arrumada" para o resto do dia.
ResponderEliminarAbraço
Há muito tempo que esta geração não se sentava.
ResponderEliminarJá tinha saudades até do rafeirito!
Abraço