Classe trabalhadora em tempo de confinamento
CONSTRUÇÃO
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
"Morreu na contramão atrapalhando o sábado"
ResponderEliminarQue chatice!!!
Chico Buarque numa música fascinante.
ResponderEliminar.
Tenha um dia abençoado
Cumprimentos poéticos
Mesmo sem música ouvi-o cantar.
ResponderEliminarGostei!!!
Beijo, boa semana.
ResponderEliminarChico Buarque acompanhado com uma bela foto.
beijinhos
:)
Não gostei.
ResponderEliminarConsiderando os tempos que correm, as preocupações e ansiedade que muitos sentem, há a necessidade premente de ouvir, ler e ver experiências alegres, que levantem o ânimo, que promovam a esperança. Isso não implica esquecer as mágoas dos outros, a vida dolorosa que muitos estão a viver.
Gosto imenso deste poema. Aliás gosto muito da escrita do Chico Buarque.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Venho assinalar
ResponderEliminarque houve quem gostasse
que houve quem não gostasse
só que a questão
vai para além
do gosto-não-gosto
neste momento
agora
quem gosta?
ResponderEliminar“O para além do gosto-não-gosto” poderá ser considerado subjetivo. Há a considerar a personalidade da pessoa, os seus gostos, a emoção/os sentimentos do momento, o tempo presente que vive , as experiencias do passado e do presente, fatores determinantes da analise/ponderacao da altura... Quaisquer destas vertentes são absolutamente aceitáveis. Maleabilidade, algo a ser considerado, meu caro Rogerio... : )