«A directora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, pronunciou uma sentença em poucas palavras que vale mais que mil imagens: «A Organização Mundial da Saúde [OMS] existe para proteger a saúde das pessoas; o FMI existe para proteger a saúde da economia mundial.»
(...)
As missões dos cidadãos
Não sabemos se esta é a «grande crise
adequada» de que falou o banqueiro David Rockfeller. Que é uma crise
longa parece não haver dúvidas, basta ouvir a frequência com que nos vão
preparando para «a segunda vaga» ou «a terceira» ou mesmo «a quarta».
A revista Science
acaba de publicar um artigo produzido pela Universidade de Harvard
segundo o qual o confinamento social deverá prolongar-se até 2022, por
insuficiência de imunização; e a pandemia assumirá a forma de uma gripe
pandémica circulando sazonalmente após a grande vaga inicial.
Já
percebemos, porém, o caminho que as coisas estão a tomar nos domínios do
condicionalismo dos comportamentos, dos ataques à privacidade e das
restrições às liberdades.
Não há alternativa, dizem-nos. Há um
preço a pagar – são sempre os mesmos a arcar com os custos mais elevados
e não existe nenhuma garantia de que agora seja diferente.
Nada
impede, porém, os cidadãos de redobrarem a vigilância sobre as
crescentes tendências autoritárias, sobre a normalização do
excepcionalismo nas suas várias designações técnicas.
O
capitalismo não será vítima do vírus; pelo contrário, está preparado
para tirar proveito dele enquanto as pessoas continuam a morrer. Por
outro lado, o neoliberalismo debate-se numa espécie de «guerra
civil» entre as suas facções – ainda que ambas convirjam cada vez mais
no sentido da imposição do autoritarismo.
Existe, neste quadro, um
imenso espaço para a acção e a mobilização anticapitalista. É missão
reforçada dos cidadãos estarem atentos a cada direito social, cívico e
humano que tentem por entre parêntesis, a cada passo contra a
privacidade, a cada prolongamento do excepcionalismo primeiro porque tem
de ser e depois porque tem sido assim.
Há que denunciar cada
investida deste tipo, mesmo quando embrulhada nas melhores intenções,
cada golpe nos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. O direito à
luta não prescreve, a vigilância democrática tem de ser à prova de
vírus, o distanciamento social não pode capturar o direito à mobilização
cidadã como refém.
O neoliberalismo quer tirar partido de um
vírus que há muito guardava na cartola? Então há que inverter-lhe o
jogo, por muito que as forças sejam desiguais.
Ler tudo n´AbrilAbril
"O neoliberalismo cavalga o vírus"
"O neoliberalismo cavalga o vírus"
Uma Opinião de José Goulão
Que dizer, senão que concordo, que é bem evidente que "o neoliberalismo cavalga o vírus" e que o cavalga com mestria, encontrando-se, de momento, em posição de destaque na "corrida"?
ResponderEliminarAbraço, Rogério.
Maravilhoso seu blog e suas publicações.
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