07 maio, 2020

SNS: nota positiva em tempos difíceis


«Em tempo de solidariedade e de muitas palmas aos trabalhadores do SNS, recrudesce, por entre algumas mentiras e meias-verdades, a campanha a favor dos grupos privados que da saúde fazem negócio.
A crise sanitária que vivemos veio sublinhar, por um lado, a importância e o papel insubstituível do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, por outro, a necessidade do reforço das suas estruturas, nomeadamente no plano financeiro, passando a canalizar para o SNS muito dos fundos públicos que têm alimentado os lucros dos grupos económicos que actuam na área da saúde e no negócio da doença.


Sem pôr em causa a contratualização temporária e limitada de serviços privados, o que se exige são verbas que permitam também valorizar os profissionais de saúde, designadamente quanto a remunerações e carreiras e, face às necessidades, fazer novas contratações. 
Foi aliás no SNS – que se revelou imprescindível – que milhares de doentes infectados pela Covid-19 encontraram tratamento, e não nas seguradoras ou nos grupos privados da saúde.
Entretanto, em tempo de solidariedade e de muitas palmas aos trabalhadores do SNS, recrudesce, por entre algumas mentiras e meias-verdades, a campanha a favor dos grupos privados que da saúde fazem negócio.


Promovida por comentadores e analistas ao seu serviço, primeiro trataram de questionar a capacidade de o serviço público responder ao surto epidémico, e agora vêm, de mansinho, pôr em causa a possibilidade de o SNS recuperar os doentes em lista de espera, na expectativa de continuarem a alimentar o sector privado da saúde com os milhares de milhões de euros que o erário público transfere anualmente, e se possível ainda com mais dinheiro.


Nesta nova operação de ataque ao SNS, lá estão, na linha da frente, os promotores da política de direita, nomeadamente o PSD e o CDS-PP, a falarem da necessidade e da exigência do reforço do SNS, esquecendo que é deles o velho slogan «quem quer saúde, paga-a». Aliás, um lema que os seus governos (e não só) procuraram aplicar a tudo o que são serviços públicos, em particular nas áreas sociais, nomeadamente através de privatizações ou de cortes substanciais no seu financiamento.


Mas também os propagandistas da chamada «reforma do Estado», que a apresentam como a panaceia para todos os males, embora sem dizerem ao que vêm. Sem concretizarem que a sua «reforma do Estado» passa pela destruição dos serviços públicos, nomeadamente nas áreas da saúde e da educação, e pela redução dos apoios sociais.


Nesse sentido, depois da «revolução nos transportes públicos» do ano passado, e num momento em que se desvanece o mito das vantagens da gestão privada e da empresarialização na saúde, importa partir do trabalho realizado nestes últimos dois meses e melhorar a capacidade do SNS, não apenas para responder a momentos de crise como o que vivemos, mas de forma permanente e em todas as circunstâncias.»

Texto publicado em AbrilAbril 

4 comentários:

  1. Quando esta pandemia tiver passado à História - e todos "torcemos" para que estas palavras não sejam vãs... - esperemos que o SNS consiga manter o estatuto e a estabilidade que mostrou merecer. Por vezes a memória é curta e longos serão sempre os interesses (dos) privados.

    Abraço

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  2. Ola:- Sempre existiu, existe e existirão diferenças conjunturais. Uns aplaudem, outros criticam. Depende sempre do ponto de vista de cada pessoa.
    Na minha opinião o que interessa é existir VERDADE. E se essa existir, empurrão daqui, ajuda dali, tudo chegará a bom porto ( não ao clube )
    .
    Bom fim de semana
    Cuide-se

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  3. o SNS é uma dos últimos "bens" que nos restam e que sobreviveram (de certa forma) ao ataque realizado em nome da passada grande crise.

    A direita defende a saúde privada, nada mais normal. Quem pode, contrata um privado que não o coloca em tempos de espera e a populaça que morra de preferência às suas próprias custas.

    Ou seja, não me choca e entendo quem tem mais recursos (o ser de direita) aos demais acabo apenas por conseguir sorrir…

    Abraço e bom fim de semana

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  4. O SNS de Portugal é o nosso SUS - Sistema Único de Saúde.
    Digo que em muitas coisas o sistema único de saúde funciona bem aqui, não dá para crucificar totalmente esses serviços. Logicamente nos lugares mais carentes o serviço fica a muito desejar, são as que mais sofrem no quesito 'espera'. Outros, com sorte, resolvem mais rápido.
    Os médicos revindicam o óbvio: um plano de carreira, melhores salários, hospitais equipados, além de mão de obra especializada, isto é, capacitar mais gente que trabalhe com saúde. Custa caro, mas bem menos do que ver rios de dinheiro irem para o lugar errado. Aqui a infeliz burocracia só serve pra atravancar o progresso. É burocracia pra ninguém botar defeito...

    Falta mais estrutura para os médicos trabalharem na coisa pública. A coisa privada funciona muito bem. Tem grana! Têm coisas boas o Sistema Público de Saúde? Claro que tem, porém que médico quer ir para o interior do país sem estrutura hospitalar, sem meios para exercer sua profissão? A maioria opta por trabalhar nas cidades grandes. Os médicos revindicam o óbvio: um plano de carreira, melhores salários, hospitais equipados, além de mão de obra especializada, isto é, capacitar mais gente que trabalhe com saúde. Custa caro. Mas, bem menos do que ver rios de dinheiro irem para o lugar errado.

    Beijo, cuide-se!

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