CANÇÃO DE MADRUGAR
De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.
Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar -
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei.
Dei do meu corpo um chicote de força.
Rasei meus olhos com água.
Dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa.
Dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas.
E nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que nunca logrei
mas quis.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Então:
nem choros nem medos nem uivos
nem gritos nem pedras nem facas
nem fomes nem secas nem feras
nem ferros nem farpas nem farsas
nem forcas nem cardos nem dardos
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.
Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar -
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei.
Dei do meu corpo um chicote de força.
Rasei meus olhos com água.
Dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa.
Dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas.
E nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que nunca logrei
mas quis.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Então:
nem choros nem medos nem uivos
nem gritos nem pedras nem facas
nem fomes nem secas nem feras
nem ferros nem farpas nem farsas
nem forcas nem cardos nem dardos
nem guerras
Ary dos Santos - 1970
Não havia, nem creio que se vislumbre no horizonte, um poeta que soubesse desnudar tão bem e com tanta verdade, a alma de um povo, como o fez Ary dos Santos.
ResponderEliminarDesconfinar com esta abanadela de força, só pode dar resultados positivos. :)
A Covid-19 mata os fumadores.
ResponderEliminarBem, o Ary dos Santos já está livre de perigo.
Eu fiquei com sabor de tabaco na boca ao olhar para as imagens.
POis, um dos grandes poetas portugueses, Ary !
ResponderEliminarVou dormir melhor
Bom domingo
Teresa
ResponderEliminarse é assim
salte já daqui
este espaço é aberto a fumadores e já por aqui passaram (ou irão passar) muitos(as) toxicodependentes...
https://www.pinterest.pt/rhaxwell/famosos-charuto/
https://www.pinterest.pt/wilsonsilvaa/famosos-tabacos/
O Ary é um ENORME poeta!
ResponderEliminarFoi e é um dos maiores de sempre!
Abraço embalado, Rogério
Ary dos Santos, um dos maiores poetas portugueses de sempre.
ResponderEliminar.
Um domingo feliz
Grande Ary dos Santos!
ResponderEliminarLamentavelmente, um poeta «engavetado».
Gostei de o ler aqui. Venham mais canções.
Beijo, bom domingo... sem «choros nem medos».
Que belo poema, intenso! Não conhecia o poeta, vou atrás, saber mais.
ResponderEliminarO vídeo é delicioso, ótimo para essa época, esquecer das nossas desgraças, um pouco.
bjus, uma boa semana.
O Ary é um Poeta Maior
ResponderEliminare digo é, porque o Poeta nunca morre quando nos deixa a sua obra
este poema é intenso e é bem a sua imagem.
gostei de re-ler
beijinhos
:)