Minha Alma está triste comigo... e diz que tenho de voltar ao estilo antigo. |
Meu Caro Eu,
Estou desolada. Tenho acompanhado teus últimos escritos e não me revejo nas palavras usadas. Não que lhes falte a razão, a aguda crítica e, até, uma correcta visão. Falta-lhes esta, que te escreve. De vez em quando lá me sinto e revejo, para depois me ver relegada para um plano secundário e ser quase ignorada. Cuidado. Quando se assumem actos de cidadania e se parte para o combate, nunca se põe a alma de parte. Se fazes isso, acabas por te assemelhar aos que queres rejeitar. Se falas com sete pedra na mão, perdes razão. Ou pelo menos não te a reconhecem. Lembras-te das tantas vezes que citaste o mestre de que és apóstolo? Afirmaste teres aprendido, como ele, a "... não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro." Lembras-te?Volta ao teu estilo antigo, meu Eu amigo.
Um beijo da tua sempre queridaMinha Alma, tua amiga
Exactamente 11 anos depois, voltei a ler atentamente a missiva com Minha Alma por perto a medir-me a reacção. Meu Contrário, que voltou a ler comigo, segredou-me o que há 11 anos me tinha segredado: "Manda tua alma à fava". Respondi-lhe o mesmo: que lhe tinha de explicar o que é raiva...
„Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro." José Saramago
ResponderEliminarNão convenço ninguém‼️
Como ninguém me convence‼️
"O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro." Lembras-te?"
ResponderEliminarPoxa... essa eu aprendi, achei belo e verdadeiro esse teu pensamento!
Cada vez que eu fizer tal tentativa, vou lembrar disso...
Um feliz fim de semana, Rogério, saúde, paz sempre.
Beijo.
Ninguém será convencido pela persistência do outro, talvez o resultado seja o contrário. As pessoas podem mudar, mas por iniciativa própria.
ResponderEliminarUm abraço.
Às vezes nem eu me convenço a mim mesma!
ResponderEliminarAbraço
Não é no convencimento do outro que está a nossa razão.
ResponderEliminarComo eu compreendo, Rogério.
Penso também assim:
"Respondi-lhe o mesmo: que lhe tinha de explicar o que é raiva...
Não há Alma que viva pacificada se tiver nela um sentimento de raiva de se ver injustiçada.
Um abraço amigo.
Janita
Que dizer-te, querido amigo, se só estudando o meu próximo compreendi o que era o ódio e se as minhas zangas são sempre moderadas, curtas e passageiras? No entanto, há dias em que a minha poesia nasce cheia de amor e raiva... E que pode sentir o homem escravizado pelo homem que o escraviza? Dir-me-ás que o tempo da escravatura já passou? Ora, tu sabes muito bem que isso não é verdade e que sempre houve e haverá "uma força a crescer nos dedos" e "uma raiva nascer nos dentes" dos explorados. Sem ela, combustível da luta de classes, viveríamos ainda em pleno feudalismo. Ou dir- me--ás, também, que a luta de classes deixou de ser o motor da História da humanidade e que é perfeitamente aceitável que um punhado de cretinos guarde nos bolsos inflados mais dinheiro do que aquele que que cabe aos que vão criando as riquezas do mundo e NÃO têm posses para custearem um tecto sobre as suas cabeças?
ResponderEliminarUm abraço grande!