“Expresso – Este Governo tem governado ou tem gerido? António Barreto – O Governo está a colar os cacos da loiça partida. Está a governar dia a dia. A causa disso é a ausência de maioria (…)”
Entrevista, ontem, no Estado da Nação
Para a plena compreensão da cacaria, só há que estabelecer alguns nexos de causalidade:
Medina Carreira, conhecido opinador encartado da nossa praça, disse na SIC (“Plano Inclinado”) que a questão é simples de explicar. Se Sócrates disse que o Moniz e a cara-metade deveriam ser calados e, meses depois eles são afastados, então não há dúvidas… Sócrates é o culpado.
Cá por mim, aplico a mesma metodologia de raciocínio lógico: Francisco Van Zeller, ex-patrão da CIP, em Setembro no Expresso, defendeu coligação à direita e fez questão de pedir a Sócrates para "clarificar muito bem a estratégia, que passa pela estabilidade e não pelo apoio da esquerda". Sócrates não o fez, esperavam o quê? Estabilidade?
Defensores desta tese (além de mim): António Barreto, pelas razões explicitadas na entrevista; Henrique Monteiro, que quase grita, “Faça-se uma coligação!” (ver a sua coluna de ontem); O jornal alentejano que citei há dias e, finalmente, o PiG que, como sabemos, é o causador disto tudo.
Esta a confissão que Sócrates irá apresentar à Comissão Parlamentar de Inquérito, não por forma escrita ou presencial, mas em video (que já gravou e se encontra disponível no You Tube)
A 1ª página censurada (após a minha deligência) e a que foi hoje editada
O texto que estava preparado, antes da minha providência cautelar, com chamada de primeira página era assim (sublinho a azul as passagens que me levaram a agir):
“A fuga de informação no inquérito Face Oculta – que, conforme o SOL já revelou em anteriores edições, permitiu a Armando Vara e a outros arguidos mudarem de telemóveis para ludibriar a Justiça – ocorreu a partir do momento em que o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Aveiro informou, através do bloguer do Conversavinagrada, a Procuradoria-Geral da República, em Lisboa, na manhã de 24 de Junho de 2009, da primeira certidão que tinha emitido para que fosse aberto um inquérito a José Sócrates. Esta é a conclusão óbvia que se retira: Rogério Pereira, deu o alarme aos arguidos…”
Teatrinho:
Narrador: A censura, exercida a tempo, permitiu ao SOL trocar a primeira página e o texto. O bloguer foi ler.
Bloguer: É claro! É isso mesmo! No DIAP de Aveiro, só há pessoas muito sérias, nunca andariam para aí a “bufar” para os lados todos. Eu, que reagi, nunca poderia ser usado. Só poderia ser o PGR. Alguma dúvida?
Vítor Dias (in Tempo das Cerejas) e Paulo Querido (in Certamente) aplaudem André Freire, de pé, pelo seu texto no jornal Público de 22 de Fevereiro. Escreveu ele:
“(…) na imprensa (Expresso, Correio da Manhã, etc.), veja-se por exemplo a sobre-representação que têm os colunistas com orientações antipolíticos e profundamente críticas face ao papel do Estado na sociedade e na economia, designadamente de inclinação ultraliberal. Ou, ainda, a falta de pluralismo que vemos nas rádios, na TV e na imprensa em matéria de debates sobre economia (política), nos quais estão geralmente sobre-representadas as correntes associadas ao mainstream (neoliberal) da ciência económica e onde outras tendências igualmente relevantes do ponto de vista académico e político (neo-keynesianas, institucionalistas, etc.) estão claramente ausentes ou, na melhor das hipóteses, sub-representadas."
Estas afirmações do André Freire dão suporte às afirmações do articulista do editorial do "alentejopopular" (ver post anterior) que afirma:
"Tentativa de controlar televisões, rádios e jornais? É uma prática antiga do PS, do PSD e do PP, que dominam o sistema mediático hegemónico, em conivência com os grupos económicos proprietários dos principais órgãos de comunicação social"
Tive que ir ao Alentejo, para ler alguma coisa de jeito
Transcrevo, parcialmente, este editorial do "alentejopopular", publicado já há alguns dias (18/2). Veja o texto integral aqui
As revelações do semanário Sol, com base em alegadas escutas efectuadas pelas autoridades policiais e judiciais, relativas a um eventual plano para criar um grupo de "media" favorável ao Partido Socialista e ao Governo de José Sócrates, não trouxeram nada de novo.
– Tentativa de controlar televisões, rádios e jornais? É uma prática antiga do PS, do PSD e do PP, que dominam o sistema mediático hegemónico, em conivência com os grupos económicos proprietários dos principais órgãos de comunicação social (…); – Utilização de bancos e grandes empresas, conluios entre o poder político e o poder económico, para "esquemas" ilegais? (…) (lembram-se do cheque da EDP que um ministro veio trazer a Aljustrel, a uns meses das eleições?) (…); – Dúvidas sobre o papel do sistema de Justiça na protecção dos governantes alegadamente envolvidos em casos "complicados"? Também aqui não há nada de novo: para que serve a Justiça de classe se não para encobrir e defender as classes dominantes? – Colocação de boys em conselhos de administração e noutros lugares chave, de empresas e do aparelho do Estado, para "servirem" os chefes? É uma prática antiga (…).
O que há de "novidade", pois, nos mais recentes episódios do caso "Face Oculta" que, aliás, deverão continuar a ser revelados, a conta-gotas, à medida dos interesses do PSD à procura de uma liderança "forte"? (…).
No essencial, o que há de novo é que o PS tem maioria relativa e já não consegue governar de forma "absoluta", é que a situação económica, financeira e social do País é catastrófica, é que José Sócrates – por muito que não tenha o perfil de um "desistente" (António Vitorino dixit) – está cada vez mais desacreditado.
O que se avizinha, pois, é uma recomposição do governo da direita. (…) A luta dos trabalhadores, claramente, é outra. (…)
O estudo: O quadro acima, construído a partir da investigação do jornalista Vasco Ribeiro (que é uma das minhas testemunhas para provar a existência do PiG), é elucidativo quanto à existência ou não de liberdade de imprensa. Os dados referem-se a um período onde ainda não se reflecte a governação de Sócrates (1990 – 2005) e analisa 4 jornais diários (Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Público). Vasco Ribeiro apresenta quadros mais extensos, com dados comparativos que reúnem 31 fontes e faz ainda a análise do meio em que as fontes operam. Eu simplifiquei, limitei-me a seleccionar 11 fontes e negligenciei 20 das consideradas no estudo.
Leitura do Quadro – Não se referindo a conteúdos dos textos, mas apenas às suas fontes, é possível concluir que “quem não chora, não mama”. Os jornais referidos dão mama aos interesses do poder e dos partidos. Os partidos da oposição, com peso relevante no que toca a fornecer notícia, não estão analisados. Contudo, não custa acreditar que, alguns, por muito que chorem, não mamam nada. O Poder Local praticamente não existe (a não ser em períodos eleitorais para se retirarem conclusões de luta pelo poder). A universidade, o poder associativo e estudantil não existem enquanto realidades que vão influenciar a nossa vida futura. As ONG? O que é isso? Podem os trabalhadores, através das suas organizações sindicais, influenciar os factores de crise? São o problema? Têm propostas para superar desigualdades sociais?
Conclusão surpreendente (do autor do estudo) - passo a transcrever, da página 117: “ A conclusão mais surpreendente deste estudo é, porém, a circunstância de um terço do produto jornalístico dos diários estudados ser produzido por iniciativa das redacções. Mais de 60% das notícias resultam, pois, de uma acção de indução por parte de assessores de imprensa, relações públicas, consultores de comunicação, porta-vozes e outros peritos de spin doctoring."(*)
(*) No glossário da BBC: Spin Doctors – Marqueteiros: Nome dado àqueles que buscam manipular a mensagem dos partidos e dos políticos junto à imprensa, dando uma interpretação favorável ao partido em determinadas notícias. A tentativa de manipular a mensagem é conhecida como "Spin". No seu livro, Vasco Ribeiro, detalha esta actividade e desenvolve a prática dessa gente.
Liberdade de imprensa
Conclusões nada surpreendentes (do autor deste blog) - Em 2005, os jornalistas terão tido um terço da liberdade que deveriam ter. Hoje, com o "Face Oculta", essa parte estará reduzida. As "Fontes Ocultas" terão aumentado a sua influência na construção de uma opinião pública que volta as costas às questões do país (aquele país que não tem spin doctors a representar os seus interesses).
Mais exactamente do que se diz no facebook (Ricardo Araújo Pereira diz que vai votar em Manuel Alegre), o RAP disse: “O Alexandre O’Neill tinha uma designação divertida para um certo tipo de poeta: o “baladeiro audaz”. Confesso que Alegre me parece encaixar no perfil de baladeiro audaz. Mas creio que não terei outro remédio senão votar nele.”
Pergunto ao RAP: Entre um badaleiro audaz e um ataque à Benfica, para onde pende o seu voto? (pense, pense bem, tem cerca de um ano para decidir!). Eu, por mim, vou dar-lhes tempo e fazer com que qualquer deles mereça o meu voto.
Recomendação: Como o RAP tem muito mais sentido de humor, recomendo vivamente a leitura, aqui, da sua entrevista completa.
O meu post de ontem terminava com o aviso: O PiG, envergonhado com esta derrota, não disponibiliza esta entrevista no Expresso online. Se quer ver o jogo, só no formato papel.
Depois de ver o meu texto, o Expresso emendou a mão e fez editar toda a entrevista (cerca das 16 horas )
Pode lêr aqui. Aproveito para recordar o lançe da grande penalidade contra o PiG:
Pergunta o Expresso: O PM pode manter-se em funções sob permanente suspeita?
Golo do Fernado Nobre: Até hoje não se demonstrou nada. O PGR pronunciou-se, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça pronunciou-se e contra esses factos restam poucos argumentos. Mas uma coisa é certa: um dos sectores essenciais que temos que repensar é a Justiça. E se o PR é o primeiro magistrado da Nação, tem aí também uma palavra a dizer."
Com esta entrevista ao semanário Expresso, Fernando Nobre passou a constar na minha lista de testemunhas para provar a existência do PiG. Porquê? Ele é da opinião de que não existem provas que possam culpabilizar Sócrates. Eu também!
Depois da goleada que sofri, em terrenos da informação nos semanários de referência, eis que alguém bate o PiG, por números superiores àquela minha derrota (relembre aqui esse relato). Nesse encontro, passei pela vergonha de ver amigos a apoiar o meu adversário e, no final, a agitar-me lenços brancos. Tudo porque aceitei jogar contra a informação, que considero uma droga, com o Sócrates e seus boys integrados na minha (sua) defesa. Desta vez, a situação inverteu-se. Fernando Nobre, ganhou. Marcou 5. Mais rigorosamente, só marcou 4. Um dos golos contra o PiG foi marcado, por este, na sua própria baliza, logo no inicio do jogo. FN ganhou, sem integrar craques conhecidos e com pessoas, afirma ele, de vários partidos. Nas bancadas os mesmos leitores de sempre e os meus amigos também. Vejamos os principais lances:
PiG – Marca na própria baliza – Lançado na enxurrada de notícias sobre a “face oculta” e outras novelas, o PiG fica surpreendido por FN lhe baralhar a agenda e aparecer em jogada magistral, interrompendo a toada de ataque. Atrapalhado, o Expresso, vê-se obrigado a conceder uma entrevista a FN. Esta entrevista é um golo do PiG, na sua própria baliza.
PiG – Ataca forte - Questionando sobre a sua proximidade a Mário Soares, numa sucessão de perguntas a tentar encostar o FN aos soaristas. FN mostra que defende bem e passa ao contrataque…
FN – Marca o 2º golo - Afirma, nas barbas do jornalista, que não vai desistir. É uma jogada já vista, mas o remate resulta num golo espectacular, quando afirma: “entendo que é um exemplo de cidadania (…) transmitir aos cidadãos que eles existem, têm voz, podem-se manifestar”. Dizer isto numa altura em que se afirma não haver liberdade de imprensa…é um golaço, a calar nas bancadas a claque golpista.
FN – Faz 3º e 4º golo numa só jogada – É quando lhe é perguntado se não é populismo defender, como FN fez no congresso dos economistas, o aumento das pensões e do salário mínimo. Primeiro golo: “as pensões mínimas deveriam ser de 500 € e as máximas de 5000 €". O segundo golo é precedido de uma simulação de remate (“Estamos num país talvez à beira de explosões sociais”) e marca: "o povo de brandos costumes pode não durar".
FN - Marca de grande penalidade contra o PiG – Embalado, o jornalista pergunta se o PM pode manter-se em funções sob permanente suspeita. Ninguém viu um arbitro em campo, mas a penalidade foi assinalada, com amostragem do cartão vermelho à informação golpista. Na marcação, FN diz: “Até hoje não se demonstrou nada” (…)” um dos sectores essenciais que temos que repensar é a Justiça”
Gooolo! É golo, é golo, é golo. É disto que o meu povo goooosta. Ripa-na-rapaqueca. Que grande golaço, mesmo no último minuto (como relataria um saudoso amigo, se cá estivesse)
Acabado o jogo, ainda registei alguns comentários de amigos meus, fãs do Crespo e do semanário Sol, lá no facebook: “só não percebi foi a grande penalidade. Então ele acha que o Sócrates está inocente? Aliás, a ganhar por 4-0 ele (FN) não precisava dizer aquilo…”
Aviso: O PiG, envergonhado com esta derrota, não disponibiliza esta entrevista no Expresso online. Se quer ver o jogo, só no formato papel.
Quadro retirado do Estudo “Trás-os-Montes e Alto Douro: Diagnóstico Prospectivo e Estratégias de Desenvolvimento”, publicado em 1999.
O diagnóstico referido no quadro acima é reforçado com outros documentos que me abstenho de aqui referir. As estratégias de desenvolvimento, que o estudo apontou, não foram entretanto bem sucedidas nem suportadas por políticas adequadas.
Para fazer prova disso transcrevo a acta de uma daquelas associações representativas de um produto de "reconhecida fama e qualidade". (Transcrição de parte da Acta 2/2006 da Assembleia Geral Ordinária da Associação dos Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa):
"Não é possível aumentar a competitividade do sector face à actual estrutura fundiária das explorações. A ausência de planos de ordenamento do território que definam de forma clara o uso que se pode dar ao solo prejudica igualmente a actividade dos criadores. A falta de ordenamento associada à ausência de uma política eficaz que favoreça o emparcelamento impossibilita o desenvolvimento da actividade pecuária na região e compromete a curto prazo a sua manutenção. Não é possível instalar uma exploração com 50 vacas quando para a sua manutenção seja necessário explorar mais de 100 parcelas separadas umas das outras. Não é compatível a instalação de explorações competitivas na região mantendo-se a actual estrutura fundiária. De igual forma, temos dificuldade em compreender como irá o IFADAP/INGA manter o nível de apoio à instalação de explorações pecuárias na região, se decidir impor coeficientes que impliquem na instalação de explorações com efectivos significativos sem que, complementarmente, existam medidas que favoreçam o emparcelamento. As medidas até agora implementadas com o objectivo de promoverem o emparcelamento não têm tido uma eficácia desejável."
O texto é claro. Existem dois problemas a carecerem de duas linhas de solução: Regionalização e Reestruturação agrária. Não lhe querem chamar Reforma Agrária, chamem-lhe "uma gaita de foles" (coisa que a boa cultura celta aceitaria com muito provável agrado).
Falando de Reforma Agrária, uma nota de alerta:
"EM TRÁS-OS-MONTES OS AGRICULTORES IDOSOS SÃO ECONÓMICA E SOCIALMENTE IMPORTANTES Em Trás-os-Montes a população envolvida nas explorações dos agricultores idosos atinge cerca de 55 000 pessoas, 22% da população agrícola familiar e 71% dos idosos transmontanos recenseados em 1991. Os agricultores idosos têm um peso na agricultura transmontana que oscila entre cerca de um quarto e um terço nos principais recursos agrários"
Texto retirado do estudo “Agricultores idosos de Trás-os-Montes: exclusão e reconhecimento”
NOTA FINAL: Enquanto os semanários vão impondo agendas, estas coisas passam ao lado dos seus cadernos de Economia.
Esta não foi a capa que o SOL hoje publicou, graças à minha providência cautelar. É que eu não pertenço aos Boys. Sou dos "No nameboys" por isso não poderia nunca concordar que se desse essa massa a um tão conhecido sportinguista! Aliás, constará que o Eusébio também recebeu algum...
Portugal "cada vez mais macrocéfalo" põe a maioria das cidades dependentes dos serviços públicos "Algumas capitais de distrito como Bragança, Portalegre ou Beja "estão perto de situações perigosas" num país cada vez mais macrocéfalo. Dependente dos serviços do Estado, a sua pequena dimensão não lhes permite captar investimento privado. Portugal continua a ser Lisboa, o resto é paisagem. O centralismo "quase genético" ganhou novo alento com a União Europeia e globalização. "É uma combinação explosiva", diz o geógrafo Álvaro Domingues. "Pequena escala misturado com pouca diversidade funcional", se falhar um sector, "pode ser o caos" em cidades como Bragança, Portalegre ou Beja. A grande dificuldade destas áreas urbanas é sobreviver sem a dependência do investimento público." (...) "Superconcentrado" durante o Estado Novo, continua macrocéfalo. Não trava o despovoamento do interior: é um país "dependente" dos serviços públicos para sobreviver. "Vai a Coimbra, tira a universidade e os hospitais e ela afunda-se no meio do Mondego", diz Domingues - que define como "cidades do Estado" as capitais de distrito." (ler artigo no DN de hoje).
Este interessante artigo coloca múltiplas questões, desde a necessária regionalização até à alteração da estrutura económica das cidades em apreço, referindo, neste domínio, a "combinação explosiva da pequena escala misturada com a pouca diversidade funcional".
Não posso deixar de ligar este artigo e as reflexões que permite às questões em torno da estrutura fundiária, de micro explorações agrícolas no caso do Distrito de Bragança e das grandes extensões de terreno, para falar de Beja e Portalegre. Com problemas diferentes, coloca-se a questão de uma reforma agrária que permita colocar a terra como pólos de desenvolvimento, da fixação das pessoas e, assim, da redução de dependência das cidades dos referidos investimentos públicos.
Sobre Trás-os-Montes, falarei noutra oportunidade. Quero só assinalar que o Ministro da Agricultura anda todo trocado quando fala em associar pequenos agricultores do Alentejo. A questão estrutural coloca-se naquela região, no desenvolvimento associativo e das cooperativas.
Falando do Alentejo, ter-se-á que falar da Reforma Agrária, mesmo qque o Expresso não o faça.
O meu post do dia 14 ,"Alqueva. Afinal já mexe. (pouco, mas mexe) – IV", eu escrevia:
“No Expresso on-line o dossier sobre o Alqueva, perdeu a valência agrícola. Não acreditam? Vão lá ver. Está aqui. (…), Graças ao PiG, a água vai toda para turista ver e usar e, subsidiariamente, para produzir energia.” Reagia, assim, ao facto de o Expresso se limitar a falar dos mega-investimentos turísticos e da duplicação da potência, na produção de energia. Esse post terminava assim: “O Sr. Ministro da Agricultura diz que vai haver “mais regantes de grande dimensão e que muitos pequenos se irão associar para ganharem massa crítica”. Vai é faltar massa para os pequenos pagarem a água de Alqueva. Isso o Expresso não disse. Também não tinha de dizer. O Expresso limitou-se a fazer um artigo promocional para a venda de terrenos naquele território. O resto virá depois…”
Agora percebo que havia outra intenção. Adicional, para além daquela de responder às lembranças e comemorações do 35º aniversário da Reforma Agrária. O SOL, dá notícia em tom de efeméride dos comunistas. O Expresso nem isso…
Mas será que a Reforma Agrária interessa apenas aos comunistas?
Um jornal que não é de referência, não têm o PiG à perna. Não merece sua atenção, é lido por gente que anda em transportes públicos… Qual o administrador, sócio gerente, gestor, economista ou fantasista que tem a lata de o ler?
Assim, este gratuito, consegue aquilo que a outra imprensa não consegue: trazer para a primeira página um título:
O artigo inicia-se com o seguinte parágrafo:” A crise económica e a consequente quebra na riqueza gerada (PIB) catapultaram o défice público português em 2009 para o valor recorde de 9,3%. Mas o economista Eugénio Rosa aponta outra razão para o descalabro das contas públicas no ano passado: a evasão e a fraude fiscal”. Diga-se que dos 747 economistas que colaboram com os semanários, nenhum tal houvera dito(*).
Interessado, fui procurar ao site daquele economista o artigo original. Encontrei:
OE2010 – A EVASÃO E A FRAUDE FISCAL EM PORTUGAL EXPLICAM MAIS DE 3.000 MILHÕES DE EUROS DO DÉFICE DE 2009, E NÃO VAI DIMINUIR EM 2010 Ver este estudo de Eugénio Rosa - 15/Fevereiro/2010
Procurei outros artigos relacionados com o orçamento. Encontrei: ENTRE 2005-2009, A BANCA ARRECADOU 2.470 MILHÕES € DE LUCROS APENAS PORQUE PAGOU UMA TAXA EFECTIVA DE IMPOSTO INFERIOR À LEGAL E REDUZIU AS REMUNERAÇÕES DOS TRABALHADORES EM % DO PRODUTO BANCÁRIO Ver este estudo de Eugénio Rosa - 09/Janeiro/2010
Estou à espera que o Eugénio Rosa dê uma ideia, se possível, de quanto cobraria o Estado se o Governo taxasse as mais valias das transacções bolsistas e quanto arrecadaria pelos milhares de milhões que "residem" nos paraísoa fiscais...
(*) Não são tantos os economistas que colaboram com os semanários. A lotação do 747 são 400, mas apenas são 23 os que viajam em 1ª classe e, assim, em condições de prestar a citada colaboração. Não consta que leiam o Destak.
Querer saber se há liberdade, numa imprensa que não existe, é o mesmo que querer saber porque é que o CR7 não marcou golos num jogo em que não alinhou… Paragem de escutas, inicio das audições. Depois de Cavaco ouvir o Conselho de Estado, andam todos a ouvir todos:
Sócrates vai ouvir o PS, até ao fim-de-semana;
A Comissão de Ética vai ouvir meia centena nomes, até ao fim do mês (não sei qual mês, mas há-de ter fim);
A administração da PT vai ouvir os seus accionistas, até um dia destes;
O PSD vai ouvir o Congresso e depois os militantes para eleições
…E assim por diante, até novo ciclo de escutas
Consequência? Todos nós iremos estar à porta de dezenas de edifícios, em recolhas ao vivo, a ouvir o que eles disseram. Seguem-se os jornalistas a “investigar” o que eles terão dito e que os repórteres de exterior não caçaram. Prolonga-se o eco, com os colunistas e seu clones a colunar e, de certeza, teremos na blogosfera a ressonância de tudo isto.
Há liberdade de imprensa? Lá a haver, há! Só que ninguém usa. Ou melhor, não há imprensa. A informação golpista não deixa. O PiG faz a agenda dos jornais de referencia… e os outros seguem-lhe o rasto.
Isso mesmo! Estão suspensos. Enquanto andei por aí, mascarado de arco-íris, pensei nas possíveis razões para a sua falta de comparência às minhas solicitações. Pedia-lhes provas da existência de informação golpista na imprensa semanal. Disseram zero, nada, népia... Contudo, são válidas as razões para os ter convocado. Recordo-as:
Baptista Bastos, por dizer em "Liberdade, eis a questão” que “será urgente que os jornalistas vítimas do fluxo censório venham à praça queixar-se das suas desventuras”;
Ferreira Fernandes, dá testemunho de como uma agência de notícias se limita a ser superficial em “A história que não vai ler” ou sensacionalista no seu 'Dealers' de falatório vendem converseta marada";
Óscar Mascarenhas, dá testemunho da ausência de jornalismo de investigação na sua tese de mestrado;
Ruben de Carvalho, dá testemunho sobre “Comunicação social e realidade”. Este testemunho quase se perde, entre outros, mas está lá (o Expresso arrumou-o muito mal).
Nestes dias, andarei por aí, no corso da blogosfera, mascarado de arco-íris. Eu queria ser Ele. Mas, como Ele, enganei-me. Nestas coisas de fazer ou alterar os humanos, o erro é quase inevitável.
Vou mascarar-me de Deus e alterar os meus sentidos Estou farto de ouvir, ver e sentir O mesmo sabor, paladar De vinagre Acre, agre De tanto aqui avinagrar
Mascarado, meti-me no corso Ninguém deu por mim Assim: A ouvir o azul daquele céu de todos A ver o grito do verde esperança A tactear aquele outro vermelho Com sabor a mudança E aromas de cor violeta
Dei que errei no traje e fiz careta Eu, que queria ser Deus, vesti-me de arco-íris
Quarta feira voltarei ao combate, com os sentidos que Deus me deu...
Reclama um dos meus amigos que o Expresso tem todo o direito em promover Alqueva. Diz ainda que, fazê-lo nos termos em que o faz, só tem a ver com as opções dos jornalistas. Ele diz que não tem visto, nos meus posts anteriores sobre o tema, onde é que eu vejo a informação golpista.
Vou ao Expresso (papel) com a fúria de lhe responder. Preparo o texto para montar este post e vou ao Expresso (na net) para o documentar. Não consigo. No Expresso on-line o dossier sobre o Alqueva, perdeu a valência agrícola. Não acreditam? Vão lá ver. Está aqui. O Expresso diz uma coisa de um lado e esconde do outro. Não tem razão o meu amigo. Graças ao PiG, a água vai toda para turista ver e usar e, subsidiariamente, para produzir energia.
Num caderno de Economia de um jornal de referência, estar-se a fazer promoção de venda de imagem (publicidade paga?) é aceitável, diz ele. No estado que está a imprensa, e pensando bem, mal não faz. No estado em que está a economia, pensando bem, faz muito mal.
Porquê faz mal?
O Expresso passou a ignorar a valência agricultura, e as culturas de regadio, eu não:
Mais olival, como comenta o Expresso. Sim senhor. Cultura mediterrânica com impacto relevante na verdade. Aquela que acabará por vir ao de cima. Venha olival, preciso que o nosso azeite seja reconhecido. Nessa altura deixarei de avinagrar estas conversas.
Mais tomates. Sim senhor. Os alentejanos não têm tomates. Só não sei se esse cultivo não acabará concorrendo com os ribatejanos, deixando-os sem tomates. A Bayer diz "O tomate constitui uma cultura agro-industrial extremamente importante para Portugal. Existem cerca de 16.000 hectares para indústria, sobretudo para a produção de concentrado, da qual cerca de 90% são exportados". Há esse risco? Não sabemos, o Expresso não disse. O risco é para os espanhóis? Espantem-se, investimento estrangeiro visa concorrer, no Alentejo, com o tomate espanhol. Ontem no Pingo Doce, o tomate espanhol tinha o monopólio (todas as qualidades, todas: Cherry, em ramo, alongado e redondo), daqui a uns anos lá estarão. Vindos de onde? Não sabemos, o Expresso não disse. Quanto a mim, o meu amigo pode ficar descansado. Os tomates que os alentejanos vão passar a ter, destinam-se a exportação. Irão animar “La tomatina”.
Mais morangos. Sim senhor. Os alentejanos que venham cá ao meu bairro, compram hoje na loja Pingo Doce morangos, em caixa-coração, para o Dia dos Namorados vindos de Espanha. Quem não gosta desta ideia é o Miguel Araújo, um reputado fundamentalista das culturas mediterrânicas, que abomina os morangos e outras coisas “made in Alqueva” (ver esse texto medonho, aqui) . Liguei-lhe para o descansar: “É pá, tem calma. Aquilo é para concorrer com os “Morangos com Açúcar”, a ver se aquela praga vai de vez” (espero não estar a ser escutado…).
Mais regantes: Sim senhor. O Sr. Ministro da Agricultura diz que vai haver “mais regantes de grande dimensão e que muitos pequenos se irão associar para ganharem massa crítica”. Vai é faltar massa para os pequenos pagarem a água de Alqueva. Isso o Expresso não disse. Também não tinha de dizer. O Expresso limitou-se a fazer um artigo promocional para a venda de terrenos naquele território. O resto virá depois…
Voltarei ao assunto Alqueva em data próxima. Talvez dia 18, vá lá saber-se porquê.
Depois de um jogo desigual, o meu blog sofreu pesada derrota. Jogando com Sócrates e os seus boys na minha defesa, foi um encontro sem grande réplica. Ainda quis atacar evocando que estavam em causa as decisões da justiça, que as escutas eram ilegais e que não faziam prova de nada. Mas Sócrates e a sua gente, atarantados e mal posicionados no terreno, deixavam que as investidas resultassem em sucessivos lances de perigo e… em golos. Pareceram-me todos “fora de jogo”, mas o árbitro não estava em campo. Verdade se diga, nem sequer foi nomeado.
A informação golpista, com todo o plantel disponível, fez alinhar os craques do Expresso e do SOL. À direita o Expresso e o SOL jogou com os da casa . À esquerda meteu os colunistas do BE (o PCP, não tem cabidela nos semanários)e ao centro não faltou gente do CDS. Fui cilindrado. E nem a assistência ajudou. Quase ninguém compareceu e a minha claque, com poucos seguidores (são só quatro, não se manifestaram. No fim, até vi lenços brancos…
Pensam que vou desistir contra o Partido da Informação Golpista? Nem pensem. Vou é trocar de jogadores, substituir o Sócrates. Aliás, já ninguém dá nada por ele. Será que vai continuar a jogar. Nesta competição, lembro que ainda há a segunda mão. Vai ser difícil, lá isso vai.
Entretanto:
Noutras competições (Alqueva, por exemplo) vamos ver se a situação não se inverte. Acho que vou dar baile à informação golpista, pois jogo com os meus heróis e com o povo alentejano (ver os meus posts anteriores).
Outro polvo. Este é vermelho!Luís Filipe Vieira prepara-se para comprar grande parte da imprensa desportiva, nomeadamente a Bola, com o fim de impor uma linha editorial favorável ao Benfica. As minhas fontes informaram-me que este plano se inspira em Sócrates, que se aprontava para comprar tudo, até o DN…
Três versões e uma perplexidade
Existem três teses que podem explicar a razão pela qual, tendo o Sol sido publicado, eu tenha ficado sem Sol:
Primeira versão O Partido da Informação Golpista, o PiG, sabendo que eu não iria acatar a providência cautelar do director do Sol para suspender o meu anunciado post, comprou toda a tiragem desta edição do Sol só para eu não avinagrar o tema das escutas que são “um indício muito forte” da existência do “polvo”. Tese com muito pouca probabilidade de ser verdadeira. Se repararem bem nas fotos e vídeos, aparece um senhor à porta do Sol, com uma pasta pequena, claramente pequena para transportar toda a edição daquele jornal.
Segunda versão Tendo eu dito, a propósito da edição de sexta-feira passada, que aquilo (O Sol) não era um jornal, era droga. Todos me levaram a sério. Os consumidores compulsivos esgotaram a droga. Eu já, também toxicodependente, estava a entrar em ânsia, quando me meti na bicha (chamem-lhe fila) para adquirir a minha dose semanal, inquieto por os sonhadores de fortunas me atrasarem o acesso. A fila (chamem-lhe bicha) era enorme. Contudo toda aquela gente estava para “deitar” o “euromilhões”. A droga, essa, tinha acabado. Esta tese, também tem pouca probabilidade de ser verdadeira, pois o tráfico está atento a estas pontas de consumo e fará nova edição do Sol.
Terceira versão Todos sedentos de verdade compraram o Sol. Nele não há informação golpista. Partidos há muitos, mas o PiG, se existe, está na clandestinidade e só faz golpes para coisas importantes. Droga, qual droga? O que o Sol diz é verdade! Verdade verdadinha. As suas notícias resultam da qualidade da sua informação credível, assente na investigação jornalística. TVI, TSF, JN e DN além de outros, estavam sobre a mira de Sócrates. Esta é a tese mais verosímil; O orçamento até dá para isso. O governo aumentou a despesa das empresas públicas e ainda incrementou a despesa nos seu ministérios, o que lhe dá condições folgadas para até comprar uma posição relevante no “TheEconomist” (estender um dos seus tentáculos a este jornal, parceiro do Expresso, seria a única forma de dominar a informação produzida no universo de Pinto Balsemão).
Uma perplexidade Como referi, a versão mais provável é a terceira. Só não percebo é porque raio o Sócrates incluía o DN no seu plano. Não é verdade que o DN está para o PS, como a Bola para o SLB? Porque é que o Sócrates iria procurar influenciar um jornal onde já tem essa influência?
Nota 1 - Arrolei nova testemunha... É o jornalista Baptista Bastos. Porquê? Consultem a minha coluna de testemunhas arroladas. Está aí, do lado direito do meu blog.
Nota 2 - Este post está de acordo com a maioria dos parágrafos da minha declaração de princípios.
Segundo a Bayer, os portugueses têm tomates, os alentejanos ainda não. Hoje, só havia tomate espanhol (todas as qualidades, todas: Cherry, em ramo, alongado e redondo) numa daquelas lojas perto de si. Entrei numa e vi. Veja também. Com o Alqueva, não só isso vai mudar como estaremos em condições de fornecer a “Tomatina” espanhola. Basta tê-los no sítio. Na região de Alqueva, como conta o Expresso, claro!
Continuando a cronologia do post de ontem, para dar suporte ao testemunho do Sr. Chalaça ao Expresso ( “O processo é lento porque se está a criar um destino novo”), passo a documentar:
2000 Adjudicação da empreitada para a execução do primeiro bloco de rega do Sistema Global de Rega de Alqueva Neste ano termina o processo de regularização do uso da terra expropriada ou nacionalizada no âmbito da Reforma Agrária. O ministro da Agricultura Capoulas Santos encerra, assim, um longo caminho iniciado por António Barreto.
2002 Encerramento das Comportas da Barragem de Alqueva e início do enchimento da Albufeira Neste ano é publicado um estudo que aponta para o facto de a barragem começar a encher e o Alentejo a esvair-se… de gente. O estudo (ver aqui) refere que entre 1991 e 2001, a região perdeu 5.746 habitantes, o que corresponde a uma taxa de variação de -0.73%. Esta variação negativa contrasta com a média nacional, que registou uma variação positiva de 4.96%. Cria-se um destino novo para muita gente, nomeadamente para os velhos que vão ficando por lá, já muito menos invejosos….
2004 Inauguração da Central Hidroeléctrica Que passa a disponibilizar metade da energia planeada ou sejam 520 MW, o que corresponde a contribuir com apenas 0,18% da energia produzida em Portugal... Entretaanto, acentua-se o processo aquisição de terras na zona de regadio por empresas agrárias estrangeiras, em especial espanholas (algumas estimativas apontam para a aquisição de 20 a 25 mil hectares de terras), e face aos negócios especulativos feitos à custa das terras altamente valorizadas com investimentos públicos.
2008 - A EDP assina contrato de 94 milhões de euros para a nova central hidroeléctrica Enquanto isso, a CNA faz propostas (ver Reforma da PAC - 2008). No seu enquadramento, aponta: “as Ajudas Directas - permitem aos maiores proprietários, aos mais intensivos produtores, à grande agro-indústria, continuarem a receber 95% das Ajudas Directas mesmo sem obrigatoriedade de produzir. Isto acontece, note-se, em época de grave crise financeira e económica e de crise alimentar...”
2010 - Albufeira de Alqueva atinge cota máxima pela primeira vez e o Expresso pública o artigo que tenho vindo a comentar. Eu edito este post, denúnciando que o semanário omite a história e os seu heróis, insinua que é agora que se parte para um novo destino e faz um texto promocional digno do vídeo que os espanhóis editaram e que coloquei no post de ontem. Se, de facto, o comentador era o José Saramago? Não, não era! A única verdade é que ele afirma que ainda seremos uma região espanhola.
Amanhã colocarei o meu último post sobre o tema. Cá vos espero!
(video comentado por José Saramago promovendo a ocupação espanhola do Alentejo)
Prometi comentar o depoimento que Francisco Chalaça deu ao Expresso, no post de 8 de Fevereiro. Diz ele: “O processo é lento porque se está a criar um destino novo”. Não quero brincar com nomes, mas que isto parece chalaça, parece. Dizer agora que ainda vamos esperar muitos anos, não é novidade. Vejam o longo processo:
196X Laginha Serafim (um dos meus heróis) põe-me a sonhar com Alqueva - Não sei precisar o ano nem onde li, que o Eng.º Laginha sonhava para Portugal a concretização de um potencial enorme para o seu desenvolvimento. Traduzia essa ideia na configuração de um projecto que ligaria as principais bacias hidrográficas e apontava com primeira prioridade ligar as bacias do Guadiana com o Sado e, depois com o Tejo. Nessa prioridade situava o complexo de Alqueva. Fiquei maluco, doido, perdido de sonho. Ir-se-ia criar um destino novo…
1968 Celebração do Convénio Luso Espanhol para utilização dos rios internacionais Neste em convénio animou os grandes agrários. Plano de Rega do Alentejo? Para quê? Para acabar com uma realidade tão tranquila e serena? Para acabar com os invejosos? Sim, aqueles que Antunes da Silvaretrata no seu belo livro SUÃO e que diziam
“Quem me dera ser rafeiro Da matilha do patrão Dormir sempre em boa cama Ter a mesa sempre com pão”
(cito de cor esta quadra do livro que ofereci a um invejoso amigo. Para saber um pouco mais sobre o livro e seu autor recomendo este outro blogueiro)
1975 Aprovação pelo Conselho de Ministros da realização do Projecto Depois dos invejosos ocuparem terras, com cobertura de um Governo que lhes era de feição, o projecto era aprovado, com grande satisfação (deles, minha e tenho quase a certeza do Laginha e do Antunes)
1976 Início das obras preliminares (ensecadeira/infraestruturas de apoio à obra) Fui por lá, prazenteiro, a olhar o meu Alentejo com este meu ar de saloio (de facto sou mesmo saloio, podem confirmar no perfil deste vosso bloguista). Muita terraplanagem, algum betão e sorrisos nos olhos daquela gente a quem já chamei invejosos. Ir-se-ia cumprir o destino novo?
1977/8 Lei Barreto e Interrupção das obras e dos sonhos Acabada a Reforma Agrária já não valia a pena continuar… ou, pelo menos, não valia a pena continuar sem se garantir, de facto, o retorno dos primitivos proprietários que, coitados, viram o Alentejo deles, infestado de “invejosos” organizados em UCP (Unidades Colectivas de Produção, para quem não se lembre) e cooperativas
Nota: Tanto que estava tentado em falar mais dos invejosos, esses meus heróis e de um nome, o de Lino de Carvalho. Para isso, não me faltarão oportunidades...
1980 Nova Resolução do Conselho de Ministros determina a retoma dos trabalhos Ano em que Laginha Serafim publica, no Diário de Lisboa, um artigo ainda de esperança mas de muita mágoa a que dá o título “Não é esta "a história do Quincas, Berro d'Água"...”. Li-o e reli-o e fui também ler o texto do Jorge Amado (para saber quem era o Quicas), Quanto ao António Aleixo, também citado por Laginha Serafim, escusei-me. Não precisava. Tinha todo o seu livro na cabeça e na alma (onde se mantém, aliás). Neste ano, começam também com algum significado as indemnizações a alguns agrários latifundiarios
1993 Decisão do Conselho de Ministros para retoma do Empreendimento e Criação da Comissão Instaladora da Empresa do Alqueva (CIEA) Com esta medida criam-se condições para que a grande propriedade latifundista persista como forma dominante e se mantenho o processo de concentração fundiária (7% dos grandes e médios agricultores exploram 55% da Superfície Agrícola Útil, enquanto 61% de pequenos agricultores cultiva uma área de apenas 8%);
1995 Reinicio dos trabalhos em Alqueva Laginha Serafim, meu herói, não chega a ver esta retoma dos trabalhos. morre, em 1994, sem ver o seu sonho realizado.
1996 Através da Resolução do Conselho de Ministros nº 8/96, o Governo assume "avançar inequivocamente com o projecto do Alqueva" com ou sem financiamento comunitário. É feita a adjudicação da empreitada principal de construção civil da barragem e central de Alqueva.
1998 Inicio das betonagens na Barragem de Alqueva. Antunes da Silva, outro dos meus heróis, não chega a ver esta fase, morre em 1997. Certamente com o desgosto de ter chegado a ver aumentar o desemprego e a desertificação e, também, a diminuição do peso da agricultura na criação de riqueza no seu Alentejo ( a agricultura alentejana, com uma área de 38% da superfície de Portugal continental, contribui com menos de 15% para a produção final do País).
Amanhã continuarei este post, com outras datas e outros heróis, até à produção do video com que abro este post
O senhor é capaz de acabar com o telejornal dela (Clara de Sousa)?
PORQUE NÃO É OUVIDO O GATO? SERÁ POR SER FEDORENTO?
Hoje as notícias dão conta da aprovação da proposta do PSD para ouvir uma lista tremenda de nomes, na Comissão de Ética da AR. Pergunto: porque não aparece o Ricardo Araújo Pereira na lista? As provas de manipulação são públicas… O vídeo faz melhor prova que as escutas do SOL… e os gatos chegaram a ter maior audiência que o “Jornal de Sexta” da TVI. Mário Soares afirma hoje no DN que Salazar nunca se prestaria a uma entrevista destas pelo simples facto de todos os gatos, nessa época, serem apanhados pela carroça dos… cães. Bom, o MS não diz bem isto. O que escreve na realidade é diferente, fala da censura… (pode ver aqui a parte 3 da sua coluna “O Tempo e a Memória”) e declara que existe liberdade de imprensa, prova-o o facto de todos malharem no Sócrates. Eu, por outras razões, não concordo com ele. Prova-o a existência deste blog.
SOU PELOS JULGAMENTOS EM PRAÇA PÚBLICA (JPP)
Quem canta por conta sua Canta sempre com razão Mais vale ser Pardal na rua Que rouxinol na prisão
Cantava eu isto, desafiador, em tempos idos. Anos 60, era um pardalito, alheio aos riscos de optar entre ser pardal ou rouxinol. Ao meu lado, outros assim cantavam, num coro que me dava alento e me fazia acreditar, que um dia, rouxinóis e pardais haveriam de partilhar a praça pública, sem vampiros (daqueles que a canção dizia pousarem nos prédios e nas calçadas).
Aconteceu esse dia. Mas, a coisa não aconteceu como nos meus sonhos. À praça chegaram as gralhas (que, segundo o meu gato preferido, “falam, falam, falam, falam, mas não dizem nada”), também os papagaios (repetem incansavelmente a voz do dono) os pombos arrolando, tal como as rolas (só pensando em reprodução e em cagar em tudo…). E os vampiros? Esses continuam. Não só pousam em prédios e calçadas, pousam nos poderes todos e fazem parte das redacções… Calam discursos e opiniões, distorcem factos, são mandadores sem lei, evoluíram na forma de chegar a toda a parte! À economia, à justiça, à política e aos poderes instituídos… Militam no PiG!
Se sou favorável a julgamentos na praça pública? Claro que sou! Se sou por uma imprensa livre que supra “dificuldades” (sublinho as aspas) de funcionamento do poder judicial e os seus prazos? Certamente! Mas, estando a praça pública infestada de aves, não dispenso provas. Provas, meus caros leitores deste post, provas. Nenhum julgamento as dispensa. Sem essa exigência, dar-se-á a estranha aliança entre gralhas, papagaios e vampiros, mascarando indícios para suporte dos seus mais “estranhos” (sublinho as aspas) desígnios.
Julgamentos na praça pública, sim. Venham as provas. Execuções sumárias, não!
FERREIRA FERNANDES, O REGRESSO (acompanhado) DA MINHA TESTEMUNHA
Depois do Ruben de Carvalho, tenho agora o FF (que deixou de assobiar para o lado) a escrever sobre a necessidade da verdade de "aquém e além Pirenéus", devidamente acompanhado pelo Pedro Tadeu (em “Sócrates, Moniz, Manela e Crespo”). Duas opiniões? Mais do que isso, o Pedro Tadeu apresenta indícios de contraditório.
SE EU AMANHÃ ME VOU ARREPENDER DESTE POST? ATÉ POSSO! POR ENQUANTO, CÁ ANDO! ESPERO QUE O JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO PERMITA O MEU JULGAMENTO NA PRAÇA PÚBLICA.
A nota final, do costume: O conteúdo deste post respeita integralmente a minha declaração de príncipios, no seu § 3: Denunciarei todas as notícias ou opiniões que, em meu juízo, colocam em causa a reputação e o bom nome das pessoas sem a devida prova e fundamentação do interesse público.
Com este título, o caderno de Economia destaca os investimentos: “Nove anos após o fecho das comportas, o maior lago artificial da Europa começa a dar sinais de desenvolvimento para a agricultura, energia e turismo”. Podem ler-se passagens imperdíveis nesta reportagem recheada de recolhas de pequenos depoimentos. Transcrevo alguns:
Francisco Chalaça (referindo-se aos investimentos turísticos): “O processo é lento porque se está a criar um destino novo”;
Cortez Lobão (investidor agrícola): “Onde antes havia cada vez menos cereais ou mesmo abandono total das terras, agora há olival a perder de vista”;
António Serrano (Ministro da Agricultura, referindo-se ao preço da água que ainda não está definido): “…será sempre um preço competitivo” e, segundo o jornalista, terá dito “acredita que haverá cada vez mais regantes de grande dimensão e que muitos pequenos se irão associar para ganharem massa critica”.
Caro leitor, vá pensando no significado a dar aos depoimentos transcritos e ao entendimento que poderão ter os meus sublinhados a verde-cor-de-esperança, enquanto preparo os posts seguintes sobre o tema. Neles irei escrever sobre o processo lento para criar um destino novo (desde os anos sessenta até 2013), sobre os meus heróis (Laginha Serafim, Antunes da Silva, Quincas Berro dÀgua, entre outros) e ainda sobre a necessidade de associar os pequenos (no Alentejo e noutros pontos do país, onde as parcelas não dão massa…critica).
Nota introdutória - Este post respeita, religiosamente, os termos do §2 da minha declaração de princípios que diz: "Trarei para a minha agenda discursos ou posições partidárias sempre que a imprensa semanal deles faça omissão ou distorção".
Esta parte é mangação:
Sexta-feira, ao comentar o SOL, falei de droga (em termos que podem relembrar) e convoquei a minha testemunha Óscar de Masqueranhas para me provar que nada do que o SOL publicou teria a ver com jornalismo de investigação. Mandou que pegasse nos seus 10 critérios e que eu próprio tirasse conclusões. Avesso a isso, pedi aos meus leitores que fizessem algum trabalho de casa, suponho que ninguém o terá feito.
Convoquei as minhas outras testemunhas:
- O André Freire remeteu-me para a opinião que deu hoje ao DN de que ninguém terá coragem de provocar novas eleições (acho que isto era uma indirecta, não percebi para quem);
- O Ferreira Fernandes, cujo artigo em publicado em tempos ('Dealers' de falatório vendem converseta marada) me criou a expectativa de ser um paladino da denúncia da informação golpista e das agências passadoras de droga, pos-se a assobiar para o lado. Ontem e hoje escreveu sobre isto e aquilo, mas nada a ver com o tema;
- Dos outros, só o Ruben de Carvalho me deu alguma atenção. Disse ele: Rogério, tens aqui este link usa-o como quiseres.São declarações proibidas nos semanários de referência mas que, ainda assim, alguma imprensa passa.
Esta parte é muito séria:
Agradeci ao Ruben, e nem ouvi. Oiçam por mim (estou ainda de ressaca da festa de anos de ontem e das emoções que a oferta de poemas provocou na aniversariante)
Sim, vou pôr tudo em pratos limpos. Mesa para 12. Sou eu a pôr os talheres... Meu amor faz anos e tenho uma dúzia de convidados. Por isso, não há lugar para, neste espaço, avinagrar coisa nenhuma. É dia de festa. Coisas doces e sorrisos.
Ao meu amor ofereci 2 poemas, de entre os muitos que tenho para dar ...
-------------Poema I
O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos, Porque já não posso andar só. Um pensamento visível faz-me andar mais depressa E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo. E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar. Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas. Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona. Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Caeiro
-------------Poema II
Eu sei e você sabe Já que a vida quis assim Que nada nesse mundo levará você de mim Eu sei e você sabe Que a distância não existe Que todo grande amor Só é bem grande se for triste Por isso meu amor Não tenha medo de sofrer Que todos os caminhos Me encaminham a você.
Assim como o Oceano, só é belo com o luar Assim como a Canção, só tem razão se se cantar Assim como uma nuvem, só acontece se chover Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer Assim como viver sem ter amor, não é viver Não há você sem mim.
Vinicius de Moraes
Nota: Existe uma tremenda omissão na minha declaração de princípios, mas anotem: Em todos os dias de festa, feriados e outros momentos que resolva escolher para dar a minha outra versão de mim mesmo, terão posts a condizer. Nesses interregnos, farei o que me der na real gana. É que existe outra vida para além dos semanários...
Apesar de bem vigiada, alguma droga mandada destruir voltou ao circuito da distribuição. O SOL passa-a a preços de saldo (3 € que dá para a semana toda).
Não quantifiquei o espaço ocupado pelas “Escutas proibidas”, “Face Oculta” e outras drogas, mas é tremendo, imenso, grande, mesmo muito grande. Não sairemos tão depressa da depressão. As drogas pesadas ocupam 5 páginas, as leves estão dispersas por quase todo o jornal. Contudo, sendo leves são em doze de cavalo. Assim, ai de mim consumidor.
Parte séria I - O SOL faz jornalismo de investigação?
Porque não sei, chamo a testemunhar o jornalista Óscar de Mascarenhas (testemunho prestado Agência Lusa em 15 de Novembro)
Muito pouco do que é feito em Portugal cabe no conceito de jornalismo de investigação, defende o jornalista Óscar Mascarenhas na sua tese de mestrado, com o título “Detective historiador” (que mereceu 19 valores). No seu trabalho procurou criar uma grelha de caracterização desse conceito tendo encontrado dez pontos que podem definir o jornalismo de investigação. Segundo a Lusa, OM terá emitido a seguinte opinião:
“Quase nada o que é feito em Portugal cabe no jornalismo de investigação porque se baseia em fontes não identificadas e não garante que as coisas tenham uma verdade. O que sai do jornalismo de investigação tem de ser uma verdade que resiste ao tempo (…) com a verificação dos dez pontos da grelha de caracterização vão cair muitos ídolos de pés de barro".
Os dez pontos da grelha que permite identificar um jornalismo de investigação:
Mais do que assegurar a verdade dos testemunhos, garante a verdade dos factos, depurada mediante a verificação e confronto de fontes;
Procura situações ocultas ou deliberadamente escondidas;
Foge à agenda institucional ou, quando eventualmente a acompanha, fá-lo com propósitos de denúncia ou de revelação de situações não desejadas pelas entidades que a estabeleceram;
Selecciona os seus temas entre aqueles cuja relevância pode eventualmente mudar um juízo de valor dominante;
Ser jornalista de investigação pressupõe uma obra pessoal e personalizada e não apenas e só a mera divulgação de documentos ou informações passadas por outras entidades que prepararam a sua difusão;
O jornalismo de investigação não é equívoco nem insinua – É afirmativo e factual, fornecendo os elementos necessários para que o público faça livremente o seu juízo de valor ponderado e autónomo;
É um jornalismo que redobra o escrúpulo e a lealdade para com o público, as fontes e os visados sem deixar de ouvir ninguém com relevância para o caso, bem como não omitir qualquer informação importante;
Para se ser jornalista de investigação é necessário não encarar o "double checking" (verificação da informação) como uma formalidade, mas antes como uma essencialidade: é a prova dos noves obrigatória - ou da operação inversa - para cada afirmação que se faz;
A verdade difundida pelo jornalismo de investigação, tem de estar munida de robustez que lhe permita enfrentar as intempéries de um tempo longo sem poderem ser postas em causa;
Finalmente, o jornalista de investigação tem de possuir coragem, não forçosamente física, para assumir por si só, sem transferências, todas as responsabilidades do que foi publicado.
Cabe aos meus leitores dizer se o SOL está fazendo jornalismo de investigação. Vá meus caros, toca a trabalhar!
Parte (quase) séria II - Porquê atacar Sócrates e não as suas políticas?
O ataque a Sócrates não parece claro, porque não é directo (excepção feita na coluna "Politica a sério" de JAS), mas a quase ausência de ataques à política do governo socialista é uma evidência. Quanto a mim, existem várias razões. Destaco três:
O SOL está infiltrado por jornalistas simpatizantes da informação golpista;
Se o SOL se concentrasse na denúncia das políticas de Sócrates, poderia ser confundido com um jornal de esquerda ou pior;
Há um público sedento destas coisas...
Nota: Este post respeita, na integra, a minha declaração de principios, no seu § 2 , que diz: Denunciarei todas as notícias ou opiniões que, em meu juízo, colocam em causa a reputação e o bom nome das pessoas sem a devida prova e fundamentação do interesse público.
As emoções expressas pelas classes sociais perante a composição do Conselho de Estado e pelo apelo ao entendimento e cooperação, feito por Cavaco Silva (segundo a minha sondagem de hoje)
O Público on-line já começou a ouvir reacções e edita a seguinte notícia: “Vários politólogos são unânimes em considerar que a convocação do Conselho de Estado por parte do Presidente da República e o apelo feito ao entendimento entre os partidos representam "sinais" de que Cavaco Silva quer o entendimento político”.
Para perceber entre quem pretende Cavaco Silva criar entendimento, fiz uma sondagem. Os resultados assentam curiosamente com os comportamentos das classes sociais, tal como a Marketest as dimensiona. Outra curiosidade, as emoções seguem alinhadas com as que foram declaradas, por cada uma das classes, quanto à satisfação pelo orçamento aprovado. Vejam bem:
A classe A, cerca de 5,5% de afortunados, está satisfeita com a composição do Conselho de Estado. Até fazem pirraça e deitam a língua de fora ao BE e ao PCP não terem aí “cabidela”. Claro que concordam com o apelo ao entendimento.
A classe B, 11,9 % da população que consome bem, partilha da mesma satisfação, embora olhe com alguma suspeita a presença de alguns conselheiros. O que não se explica. Claro que batem palmas ao entendimento.
A classe C1, 24,9% de mortais, ainda não percebem para que serve o CE e consultam apressadamente a Constituição e voltam a ler os programas partidários para lembrarem o que dizem sobre o bloco central.
As classes C2 e D, que somadas dão 57,7% da malta toda, já perceberam que aqueles gajos lá do conselho não estão em condições de aconselhar coisa nenhuma, nem o Presidente necessita daqueles conselhos. Bastaria que lesse a imprensa para saber o que pensam. Também acham que deveria lá estar gente do “mundo sindical”. Ninguém percebe a ausência do Carvalho da Silva, coitados julgam que fazem parte do Estado. Quanto ao entendimento, não compreendem. Mas eles já não se entenderam sobre quem é que paga a crise? Embora em sintonia, tem emoções distintas: enquanto a C2 se limita a mostrar o desânimo por essa ser a situação a D está visivelmente zangada. Na anterior sondagem diziam que precisavam de outro orçamento. Nesta, que precisavam de outro CE. Não há como contentar esta gente.
Os semanários e o Conselho de Estado
Citei o Público. Poderia citar o DN e outros jornais comentando a reunião do Conselho de Estado. Não posso citar nenhum dos semanários. Até à hora em que escrevo, não dizem peva sobre o que se terá dito em tanta hora de reunião. Estarão a investigar? Andarão às compras? Vamos ver ...
Nota: Este post está quase de acordo com o §2 da minha declaração de princípios: "Trarei para a minha agenda discursos ou posições partidárias sempre que a imprensa semanal deles faça omissão ou distorção". Só não está totalmente porque não previa que viesse a fazr sondagens!
Esquema da destilação fraccionada do petróleo, perdão, das algas
- Algas, um negócio de futuro (atenção leitor: isto é meio a sério, meio a brincar)
O DN do passado domingo publicou uma curiosa entrevista com o Presidente da TAP (ver aqui). Distraído a denunciar outras coisas, tenho adiado este post. Resolvi agora pôr as mãos na massa para pegar numa questão que interessa a todos e que é introduzida pelo entrevistador de Fernando Pinto. Faço-o enquanto a grande imprensa anda com outras coisas.
Diz o entrevistador do DN que o petróleo vai acabar. Pasmei! Não sabia! Julguei que a aposta nas energias renováveis tinha por razão profunda a nossa economia e a redução da dependência energética, além das dramáticas questões climáticas. Os investimentos no automóvel eléctrico (que não tarda aí) julgava eu que fosse o esforço supremo para salvar o planeta do terrífico CO2. Custos do petróleo e aquecimento global têm sido temas que surgem quase sempre inseparáveis na nossa comunicação social. Mas o tema temível, a real razão de tudo isto, é que o petróleo vai acabar.
Mas então os jornais de referência não dizem nada? Não desmentem nem confirmam o Pinto da Costa sobre a existência de petróleo na 2ª Circular? Falam da "fruta", mas não daquela que, como adiante se verá, vai resolver o problema...
A falta o petróleo é uma tragédia para o mundo? Não, não é para o Presidente da TAP. Veja-se a resposta do grande gestor brasileiro às perguntas que me surpreenderam:
Como é que vai ser o futuro da aviação sem o petróleo?
“Já há substitutos e tem-se trabalhado bastante nisso. São combustíveis derivados de algas marinhas e que até têm um detalhe interessante, porque podem criar-se algas num ambiente onde é injectado o CO2 para elas consumirem. Até já se fizeram voos com uma mistura desse óleo de algas, e dizem que o avião ganhou um pouco de eficiência. Mas há outras hipóteses, como uma fruta - a játrofa - que há no Brasil e pode plantar-se em África e noutros lugares, que não é comestível e pode ser utilizada como combustível.
Como é que vê a aviação daqui a 20 ou 30 anos. Muito diferente?
A visão não é minha, mas da IATA. Nos próximos 12 anos vai substituir-se uma boa parte do consumo do actual combustível - entre 15 e 20% - por outro, e em 2050 os aviões já não consumirão petróleo. (…)”
Fiquei tranquilo, está tudo sobre controlo. Podemos até bater palmas ao novo aeroporto, previsto para arrancar em 2017, com muitos, muitos aviões. Uns a subir outros a descer, com algas. Muitas algas, toneladas, paletes, Himalaias de algas. Ou fruta, daquela que não se come.
Olhando para o esquema dos processos derivados da destilação fraccionada do petróleo, não há problema:
Não há betume? Coloca-se tapetes de algas nas estradas, contratam-se calceteiros-maritimos
Não há indústria petroquímica? Passa a haver indústria “algoquimica”
Ceras? Alguma alternativa se haverá de arranjar, assim como para os restantes produtos.
Reflectindo nisto, fica apenas uma, só uma, dúvida: Então se o Presidente da TAP diz “podem criar-se algas num ambiente onde é injectado o CO2 para elas consumirem” a partir de 2050 onde iremos encontrar o CO2 suficiente se agora todos querem acabar com ele?
O petróleo tem os dias contados (esta parte é totalmente séria)
A imprensa tem escondido muitos aspectos relacionados com o domínio do petróleo. Num post recente, situava a omissão sobre a existência desse recurso no Haiti. Em outras partes do mundo guerras e golpes estão mal contados... A verdade sobre a luta pelo domínio do "ouro líquido" é omitida ou falseada pela informação golpista que, além disso, omite que as reservas mundiais estão, perigosamente, a esgotar-se.
Visão catastrofista? Talvez. Talvez esteja a dar demasiado crédito à teoria do pico de Hubbert, a qual postula que a exploração de petróleo de cada região produtora tende a seguir uma curva cujo pico corresponde a um máximo de produção. Para o mundo, este pico terá sido atingido em 2000 e que em 2150 as reservas estarão esgotadas... (atenção, este link é obrigatório).
A grande questão é saber, se nos anos mais próximos, esta ameaça se fará sentir através do acréscimo progressivo e irreversível do preço do petróleo.
Nota: Este post respeita rigorosamente o § 4 da minha declaração de princípios: Trarei para o meu blog todos os temas que julgo serem omitidos por razões que a razão desconhece ou me parecerem arredados da agenda das redacções da imprensa semanal;