Entrei confiante na escola e no primeiro dia de aulas marquei pontos. Um matulão tomou conta de mim e não passei por torturas tremendas de “calduços”, “roda muda” e “amostras”. Nada como entrar com o pé direito numa dimensão até aí desconhecida. A imponência do edifício, tantos professores, imensos espaços de aula e recreios e muitos, muitos e barulhentos miúdos… Depois, depois foi bom.
O mestre de Trabalhos Manuais, na sua bata azul, lá batia de vez em quando, com uma régua vigorosa, na primeira bancada. O som soava com ressonâncias mil. Era assim que ciclicamente a turma silenciava, temendo que atrás do trovão surgisse alguma faísca disciplinar. No 2º ano, com o mesmo mestre, fiz um bonito candeeiro. Uma ancora de madeira com grossa corda entrelaçada e que o próprio professor electrificou.
As aulas de português eram vivas. Frequentemente teatralizávamos textos. Por certo entusiasmado, o professor resolveu fazer algo de mais criativo com o tema da revolução de 1640. Roupas e cenários a sério, com a colaboração dos pais. Textos adaptado por um grupo. Fiquei magoado com o meu papel de traidor. Mas eu era o mais pequeno Miguel de Vasconcelos da turma, era o único que cabia no armário…
Em Canto Coral, fui cooptado para o orfeão. Em Desenho, fui cooptado para um grupo restrito de criadores e pintar tudo e mais alguma coisa, Recordo o deslumbramento quando vi a minha obra, depois de passar pela mufla da Cerâmica Viúva Lamego. Era um prato decorativo com as imagens de uma cegonha e uma raposa com dizeres que já não recordo, mas que seriam certamente alusivos à fábula de La Fontaine.
Estes grupos funcionavam às 5ªs feiras, mas acabaram. Em sua substituição passamos a ter uma outra preparação para a vida. Fardados, mas já não de bata branca.. Passei a ter de marchar, fazer continência…
Isto, não só estragou o resto desse meu ano lectivo de 1957, como me marcou para o resto da minha vida...
O mestre de Trabalhos Manuais, na sua bata azul, lá batia de vez em quando, com uma régua vigorosa, na primeira bancada. O som soava com ressonâncias mil. Era assim que ciclicamente a turma silenciava, temendo que atrás do trovão surgisse alguma faísca disciplinar. No 2º ano, com o mesmo mestre, fiz um bonito candeeiro. Uma ancora de madeira com grossa corda entrelaçada e que o próprio professor electrificou.
As aulas de português eram vivas. Frequentemente teatralizávamos textos. Por certo entusiasmado, o professor resolveu fazer algo de mais criativo com o tema da revolução de 1640. Roupas e cenários a sério, com a colaboração dos pais. Textos adaptado por um grupo. Fiquei magoado com o meu papel de traidor. Mas eu era o mais pequeno Miguel de Vasconcelos da turma, era o único que cabia no armário…
Em Canto Coral, fui cooptado para o orfeão. Em Desenho, fui cooptado para um grupo restrito de criadores e pintar tudo e mais alguma coisa, Recordo o deslumbramento quando vi a minha obra, depois de passar pela mufla da Cerâmica Viúva Lamego. Era um prato decorativo com as imagens de uma cegonha e uma raposa com dizeres que já não recordo, mas que seriam certamente alusivos à fábula de La Fontaine.
Estes grupos funcionavam às 5ªs feiras, mas acabaram. Em sua substituição passamos a ter uma outra preparação para a vida. Fardados, mas já não de bata branca.. Passei a ter de marchar, fazer continência…
Isto, não só estragou o resto desse meu ano lectivo de 1957, como me marcou para o resto da minha vida...
Gostei que partilhasses de historias de momentos da tua juventude! Podias faze-lo mais vezes até talvez contá-los! Beijinhos
ResponderEliminarConcordo absolutamente com a tua “filhota mais nova”‼️
EliminarTambém eu andei na Nuno Gonçalves.
ResponderEliminarTeve uma influência enorme no meu desenvolvimento. Fui da turma que tinha um professor de português fabuloso, o Director da escola Xavier Pintado.
Ensinou-nos a gostar de arte, poesia e teatro.
Já fiz alguns posts sobre isto:
- Geografias variáveis
http://dotecome.blogspot.com/2008/01/geografias-variveis.html
- O filme da minha rua
http://dotecome.blogspot.com/2007/12/o-filme-da-minha-rua.html
- O Cine Oriente, mais conhecido por "o piolho"
http://dotecome.blogspot.com/2007/12/o-cine-oriente-mais-conhecido-por.html
Caro Rogerio
ResponderEliminarÉ muito agradável ver que em meia duzia de paragrafos distribuidos por dois posts consegue dar a conhecer parte da sua vida e gostos.
Gostei especialmente da ligação com o seu avô e a narração que dele fez. Fez-me lembrar o meu.
(vou-lhe mandar o endereço de algo que há uns meses escrevi, sobre o meu.
Abraço e saborei bem " a liberdade que está a passar por aí"
http://forumlc.blogspot.com/2010/01/contributos-para-as-comemoracoes-do-18.html
Caros amigos,
ResponderEliminarSem saudosismos é bom regressar áquilo que nos deu estrutura e valores. É esse o sentido deste post e do anterior...
Penim, obrigado pelo filme da tua rua (que também é a minha) Aquela ponte, as "terras" do Vale Escuro onde fazia as minhas "ánocas" e "púrrias". O Café Chaimite. Lá terei que fazer um post sobre essa outra escola da minha vida. (Claro que te vou gamar as fotos...)
Filhota, como vês, acabo de me comprometer em contar mais coisa da minha vida. Bjs
Olá Rogério
ResponderEliminarTambém eu andei na Nuno Gonçalves e ía a pé (com 10 e 11 anos) desde o Saldanha. Descia à Estefânia, Almirante Reis, Penha de França e passava por baixo da ponte (terras do vale escuro onde uma vez fui assaltado)e subia para a Gen. Roçadas. Lembro-me da professora de matemática Isabel Castanheira, de quem gostava muito e que talvez por isso tivesse ganho gosto pela disciplina e obtivesse boas notas.
Um abraço e é bom recordar.
Também andei na Escola Técnica Elementar Nuno Gonçalves, em 1961/62 e 1962/63. Além dos famosos trabalhos manuais (a que os alunos chamavam "trabalhos manetas"), todos os anos tínhamos de ir fazer ginástica ao Estádio Nacional, com alunos de outras escolas, e com o Américo Tomás a ver. Não recordo que cerimómia era aquela, mas era obrigatório ir, no pino do verão...
EliminarAlguém aqui se lembra dessas idas de camioneta de passageios para as matas em redor do estádio nacional, onde aguardávamos, para fazer ginástica no estádio. No final davam a cada um um saquito com uma sandes e uma Canada Dry...
Alguém mais se lembra?
Guilherme de Almeida
Também andei na Escola Técnica Elementar Nuno Gonçalves, em 1961/62 e 1962/63. Além dos famos trabalhos manuais (a que os alunos chamavam "trabalhos manetas"), todos os anos tínhamos de ir fazer ginástica ao Estádio Nacional, com alunos de outras escolas, e com o Américo Tomás a ver. Não recordo que cerimómia era aquela, mas era obrigatório ir, no pino do verão...
ResponderEliminarAlguém aqui se lembra dessas idas de camioneta de passageios para as matas em redor do estádio nacional, onde aguardávamos, para fazer ginástica no estádio. No final davam a cada um um saquito com uma sandes e uma Canada Dry...
Alguém mais se lembra?
Guilherme de Almeida.