Hoje as notícias são bem mais sombrias do que aquelas que deram abertura aos telejornais. Nem o Expresso as ignora. O aumento dramático das matérias primas é, de momento, menos visível que tufões e vulcões, mas terá muito mais severas repercussões. Como um mal nunca vem só, às notícias do PEC, somam-se estas. Ah!, não querem saber de más notícias? Então, vão lá à vida…
Eu, que tenho como compromisso mudar o mundo, tenho de desenvolver este texto, digo eu:
Com as anunciadas privatizações perderá o Governo condições para contrariar a avalanche de especulação dos preços, fenómeno que frequentemente acompanha este tipo de conjunturas. Que jeito daria agora se o Estado pudesse dispor da Siderurgia Nacional para poder contrariar os cambalachos que se avizinham em torno do comércio do aço, que regista um aumento de 50% num só dia. Mas não é apenas a perda de instrumentos sobre sectores estratégicos do desenvolvimento. É, também, perder enormes fontes de receita com o falso argumento de a posse das Empresas Públicas serem o grande factor de endividamento do país…
Sobre este tema, dou uma vez mais a um economista o espaço que os semanários lhe negam, diz ele:
Sobre este tema, dou uma vez mais a um economista o espaço que os semanários lhe negam, diz ele:
"No passado, os governos do PSD e do PS utilizaram diversas razões para justificar, perante a opinião pública, a privatização de empresas públicas. A experiência depois mostrou que essas razões não eram válidas. Neste momento, o governo defende a privatização de mais empresas públicas, com o argumento de que isso é necessário para reduzir a divida pública. No entanto, a experiência e a análise objectiva mostram que não é com a venda de empresas públicas que se consegue reduzir a divida. Muito contrário, até se agrava como se prova neste estudo.
Entre 1987 e 2008, os governo de Cavaco Silva, Guterres, Durão Barroso e Sócrates, procederam à privatização maciça de inúmeras empresas públicas, obtendo uma receita de 28.039,6 milhões de euros a preços nominais. No entanto, no mesmo período, a Divida Pública passou de 19.049,4 milhões de euros para 110.346,6 milhões de euros, ou seja, aumentou 5,8 vezes (+ 91.297,2 milhões de euros). Até 2013, o actual governo tenciona privatizar totalmente cinco empresas (INAPA, Edisoft, EID, Empordef, Sociedade Portuguesa de Empreendimentos) e parcialmente sete empresas (GALP, EDP, TAP, CTT, ANA, Companhia de Seguros Fidelidade-Mundial e Império- Bonança, e EMEF), e arrecadar desta forma cerca de 6.000 milhões de euros. No entanto, em 2013, o governo prevê no PEC:2010-2013 que a Divida Pública atinja 89,8% do PIB o que corresponde a cerca de 163.860 milhões de euros, ou seja, mais 53.513,5 milhões de euros do que em 2008, e mais 144.811 milhões de euros do que em 1987. É claro o fracasso desta politica de venda de empresas públicas para resolver o problema do aumento rápido da divida pública."
Para ler na integra este estudo do economista Eugénio Rosa, ver aqui
Estamos meeeessssmo tramados, mas também já estávamos, agora eles arranjam mais uma desculpa.
ResponderEliminarSiderurgia Nacional? Que poderiamos fazer pois o aumento incide sobre os minérios de ferro? O que eu percebo é que há aqui um dedo tendencioso nestes alertas.
ResponderEliminarIsa, o que vem aí é tremendo...
ResponderEliminarAnónimo, tem razão. Trata-se de aumentos de matéria-prima. Contudo, deixe que lhe diga algo sobre a SN que talvez não saiba. Nas sua duas fábricas Seixal e Ermezinde produzia-se ferro a partir da sucata (aciarias electricas) . Isto é, sem importar um milimetro de minério (para utilizar uma escala muito querida do Engº Sócrates) produzia-se varão para a construção cívil... A partir da SUCATA!!! Negócio que agora é chorudo e objecto de grandes negociatas (Face Oculta)e que em 1991 "não tinha" qq valor...
Sobre o que uma SN do Estado poderia fazer agora, neste contexto, espero em breve dizer algo sobre isso.
Isto é escrito, sobre o meu teclado, com o meu dedo mais tendencioso
Rogério,
ResponderEliminarPor muitos, seremos acusados de pessimismo, mas concordo consigo ao antever um futuro próximo tremendo! Ou seja, as erupções tóxicas, mais ou menos, naturais desencadear-se-ão sem termos capacidade de resposta rápida e eficaz. Aliás, a capacidade de nos prepararmos para essas "erupções tóxicas" estão praticamente desfeitas pelas recentes orientações políticas, e não só... Muitos desses responsáveis vivem toldados por uma realidade ilusória e tentam toldar a restante populaça. Fado d'um ladrão!