30 abril, 2010

Porque é que, não devendo lá estar, vou para a rua gritar?

Após o 25 de Abril, Maio nasceu com esperança e festa. Na festa entrei eu, tu, este, aquele, nós vós e os outros. Tal não escapou a João Abel Manta, que na altura, desenhou um esclarecido "cartoon", comigo mesmo ali, à direita do operário, mascarado de Povo Unido:
Amanhã, esperam alguns, algo de novo vai acontecer. Vai estar quem deve: Que a raiva se sobreponha ao desanimo; que a consciência se junte à determinação; que a desesperança se transforme em resistência...


Eu não devia estar na rua:
- Não estou entre os 700 mil desempregados

- Não estou, nem nunca estive, em condições precárias de emprego
- tenho uma pensão de reforma jeitosinha
- Nunca fui operário
- Não sou funcionário público
- Não pretendo ser presidente da junta, nem da câmara
- Nunca disse que na URSS é que era bom
- Nunca paguei cotas de um sindicato

Mas acho que devo ir para a rua gritar, por opção de classe! As palavras de ordem lá estarão...

4 comentários:

  1. Logo para começar este 1º de Maio, algo está muito mal: Sindicatos separados e em diferentes pontos da cidade.
    Até convém a alguns: Dividir para reinar :(
    Não aprenderam que "a união é que faz a força"?

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  2. Sou igualzinho a ti com duas excepções:
    1. Durante muitos anos disse que na URSS é que era bom
    2. Paguei toda a vida volumosas cotas para o sindicato

    É por isso que, devendo lá estar, eu não vou.
    Acho que não vais conseguir lidar com este paradoxo.

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  3. Isa,
    uma pergunta sincera (se é que sabe a resposta): A parábola dos sete vimes saíu dos textos escolares ou foram os professores que saltaram a página?

    Penim, essas duas excepções tornam-nos muito diferentes. Seriamos mais iguais se o não tivesses feito ou, tendo-o feito, mantivesses algumas dessas convicções...

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  4. Para o F.Penim Redondo.

    Eu tambem fui daqueles que andei muitos anos a dizer que na U.R.S.S é que era bom. Mais, eu não andei só a dizer que era bom, acreditava que era mesmo, até porque lá vivi e estudei 7 meses e garanto-lhe que aquilo que me foi mostrado era mesmo bom. Mas foi lá que me comecei a interrogar, especialmente quando alguem ( um professor) nos contou com todos os pormenores o "periodo stalinista" estava em 1977/1978 e aí começaram as duvidas que se foram avolumando até que para aí no final dos anos oitenta, rompi. Foi demasiado tempo. Mas mais vale tarde do que nunca(digo eu à laia de desculpa) mas há uma coisa que hoje tenho a certeza: se aquele socialismo não era a solução. Este capitalismo tambem não é!

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