20 abril, 2010

Nuvem Passageira - Um bom treino, a servir de pretexto para...

Mudar a nossa cultura, viver sem aviões, regressar ao campo e à economia de subistência

Uma nuvem, grande, grande! Pequeno o vulcão, enorme a lição:

Alguém se lembra, ou mesmo saberá, que a Revolução Francesa começou numa erupção vulcânica e que, uns anitos depois, uma outra daria origem àquilo que historiador John D. Post chamou de "a última grande crise na subsistência no mundo ocidental"? Caso não, relembrem aqui. Julgo que ocorrências dessa dimensão ajudariam a mudar toda uma cultura e modo de vida baseada no petróleo. Alterar uma sociedade totalmente dependente de uma imensidão de produtos derivados do petróleo não é fácil. Se um pequeno cataclismo ajuda, um dos grandes ajudaria muito mais.
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A verdadeira ameaça é o fim da civilização do petróleo (Fase E):
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Para a maior parte dos cientistas já aconteceu o inicio da fase D

Hoje tal ameaça é reconhecida por entidades insuspeitas e pelo próprio governo britânico. O ministro da Energia Lord Hunt, efectuou em 22 de Março uma reunião cimeira "à porta fechada" com uma task force de especialistas do "pico do petróleo". Segundo informações dos que compareceram, a cimeira produziu algumas conclusões importantes:
    • O Pico Petrolífero está já aí, ou bastante próximo.
    • Os preços terão de ser mais altos pois a procura ultrapassa a oferta.
    • Governos serão forçados a intervir para manter níveis críticos de abastecimento de petróleo e limitar a volatilidade.
    • Medidas de racionamento podem ser inevitáveis.
    • A electrificação do transporte deve ser prosseguida a fim de reduzir a procura.
    • As comunidades precisarão de trabalhar rapidamente para reorganizar-se a andar a pé ao invés da condução, produzir alimento e energia localmente ao invés de importar e tentar na generalidade reduzir as suas necessidades de petróleo.

Por cá, como se estivessemos na fase D, tomam-se medidas desgarradas:

O transporte aéreo de passageiros levará uma grande volta, reduzindo-se a mobilidade

Decidem-se TGVs e novo aeroporto e ainda não foi apresentado o Plano Integrado de Transportes. Ignora-se o problema como se nada se passasse e o "pico petrolífero" fosse uma ficção. Ignora-se mesmo realidades que se metem pelos olhos dentro, como seja a tendência para a redução do transporte aéreo (ver alerta hoje no Diário Económico).
No que se refere à autonomia alimentar, continua-se sem ter tomates (o Pingo-Doce vai comprá-los a Espanha) e a encarcerar a água do Alqueva sem lhe definir o preço nem uma politica de uso. Ignora-se que as terras alentejanas permanecem incultas... ou pensa-se em empreendimentos turísticos. Pois não se vê que a mobilidade vai deixar de ser o que era.
A nuvem passageira não serviu de alerta? O vulcãozito não despertou inteligências nem memórias?

7 comentários:

  1. Quando comecei o meu blog no final de Maio do ano passado falei sobre este mesmo assunto, a vida vai mesmo mudar muito e os poderosos sabem, eles já devem de andar a tratar da vidinha, acabar de rapar os tachos e quando chegar a hora, somem e nunca mais ninguém lhes põe a vista em cima.
    A propósito sabe por onde anda o Dias Loureiro?

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  2. Caro Rogerio Pereira

    Para mim que não sou lá muito entendido nestes coisas dos combustíveis fosseis e energias alternativas, o seu post foi uma excelente lição. Diria mesmo que apesar de viver momentos de grande procupação resultantes da minha actividade profissional, vou arranjar algum tempo para tentar aprofundar melhor os conhecimentos que o seu post-alerta me deram.
    Abraço

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  3. Rogério,

    Li hoje na imprensa que 5 operadores aéreos correm o risco de entrarem em falência. Meia dúzia de dias tem assim este impacto tão grande?

    Maiúka

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  4. Cara Maiúka

    Permita-me fazer uma observação ao seu comentário.

    Há 19 anos que sou empresário (dos pequenos) a empresa de que sou sócio (maioritário) há largos anos que paga IRC o que signififica que que tem uma situação liquida positiva e apresenta (e tem)resultados de exploração positivos e mantem em dia os seus impostos e os salários, mais os subsidios respectivos. Nesta empresa ninguem trabalha só com o salário mínimo. No entanto posso dizer-lhe que basta uma semana, sim só isso para que esta perfomance se altere talvez irremediavelmente. Sim uma semana sem abastecimento da matéria prima que transformamos e "chapéu" poder ir por terra o trabalho de quase 2 décadas. Sabe mais, eu sou daqueles (porque me armei em empresário, e não tenho contas caladas em off shors, diga-se de passagen, tambem não deu sequer para pensar nisso)que nem sequer ao subsidio de desemprego,tenho direito apesar de contar já com 43 anos de desconto para a segurança social. Daí só me restar utilizar toda a capacidade e forças para manter as coisas a funcionar. Mas de facto basta uma semana para tudo ser posto em causa.

    Já Agora uma pequena história de um grande homem (Arnaldo Matos, o outro) Ao longo da vida foi operário (filho de um dos operários do 18 de Janeiro, que passou largos anos nas masmorras do Fascismo) tornou-se empresário, não sendo um homem com grande formação escolástica tinha um certo jeito para transformar as suas passagens pela vida em poesia. Fui dos seus amigos que insistiu em que publicasse as centenas de poemas que tinha rascunhadas em vários suportes, até em guardanapos. O livro saíu em edição de autor, paga pelo próprio e cujos proveitos seriam entregues ao Sport Operário Marinhense.
    Estava tudo pronto para o prelo, mas faltava o título. Apesar das várias sugestaçães foi ele que escolheu. "a NU"
    Já agora o prefácio foi escrito pelo seguidor deste blogue, que pela alhada em que está metido (membro da comissão de inquérito ao caso PT/TVI Osvaldo Castro) não vai certamente ler este comentário.
    As minhas desculpas pelas extensão do comentário mas senti-me "NU"
    Cumprimentos

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  5. Isa,
    Há Dias, um Loureiro de-me folhas
    seviram-me para temperar... Portanto... não, não esse! Esse, não dá folhas, faz-nos a folha...

    Anónimo,
    veja só o que o "folha seca" escreveu...(e ele está longe de ser accionista de qq desses operadores aéreos)

    Folha Seca,
    Primeiro: é um incentivo dizer-me que contribuí para o alertar para aspectos omissos pela imprensa (esse é o objectivo do meu blogue)
    Segundo: esteja aqui como se estivesse em sua casa. Só lhe agradeço o ter valorizado o meu trabalho
    Terceiro: porque não editar alguns desses poemas, do "NU" lá na sua praça? Seria um leitor atento...

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  6. Caro Rogerio

    De momento não tenho nenhum exemplar comigo do "nu" mas penso que não será difícil obter um para lhe ofertar, diga-me para onde e prometo que o farei, a não ser que a pequena edição feita esteja esgotada.

    Quanto ao seu trabalho só lhe posso dizer que de uma forma bastante acessível, conseguiu a um leigo como eu tocar nalguns aspectos, em que de facto nunca tinha pensado, "Limitações" como certamente compreenderá"

    Dou-lhe um exemplo: No noite anterior à publicação do seu post, assisti (na Sic) a um debate entre o especialista Carlos Borrego e Henrique Neto) este ultimo um grande mentor da minha forma de encarar a vida, Homem (o H grande é de propósito) com muitas opiniões e na minha e quanto a mim , bastantes válidas, no entanto embora o primeiro seja um "especialista" na matéria, o segundo, só estava ali por ser subscritor de um qualquer manisfesto.
    No dia seguinte li o seu post e de facto "percebi" alguams coisas que até aí???
    Abraço

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  7. Quanto ao NU, não se mace, diga-me só qual a editora...

    Também vi o programa que refere. Acompanho com interesse os 2. Gostei de ouvir o Pimenta a defender a energia eólica e o Henrique a admitir rever a sua posição, com condições (incorporação nacional e preço). Gostei de ouvir o Henrique defender um maior esclarecimento da energia nuclear. São pessoas, ambas, de diálogo... Não tenho qq esperança nos partidos que representam, mas tenho esperança nos seus contributos individuais.

    Abraço

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