COISAS SIMPLES (*)
"Por dever profissional tive de ouvir estas coisas simples proferidas pelo futuro ministro da educação. Em síntese, sustenta o seguinte:
1. A avaliação que se faz em Portugal não é séria. Os exames praticamente não existem. Os que existem não são fiáveis. Não são credíveis. Solução: extinguir o GAVE, generalizar a prática de exames, atribuir essa missão a uma agência externa ao ministério.
Esta questão é muito mais complexa do que o senhor ministro pensa. O problema da fiabilidade (e da validade, já agora, que é um critério ainda mais importante do que a fiabilidade) tem contornos críticos de extrema exigência e rigor. Veremos como fará a avaliação séria e que efeitos vai ter nas aprendizagens dos alunos.
2. Os programas são enciclopédias doutrinárias sobre o modo de ensinar. Devem reduzir-se a metas e standards e a conteúdos. O resto são os professores que sabem.
Esta análise parece-me, em teoria, consistente. De facto, os programas devem reduzir-se ao essencial e prescindirem de ser manuais de pedagogia e de didáctica. Será também uma forma de promoção e exigência profissional.
3. Os professores devem ser avaliados pelos resultados que os seus alunos vão obter nos exames.
Não há dúvida que há um efeito professor no resultado do exame. Mas há muitos outros efeitos. Avaliar os professores considerando a centralidade deste factor será certamente impossível.
4. Formação de professores: 3 anos a aprender e depois 2 anos a desaprender com a injecção das ciências ocultas que são as ciências da educação. Solução implícita: acabar com as ciências ocultas.
Penso que senhor professor Nuno Crato não saberá exactamente o que está a dizer.
5. Fazer um exame de entrada na profissão.
Já está previsto no actual ECD e sempre o defendi, embora conheça a complexidade da matéria.
6. Dar muito mais liberdade às escolas na gestão do currículo, torná-las muito menos dependentes da asfixia centralizadora do ministério.
Uma das duas linhas de acção que me parecem completamente pertinentes.
Em síntese: meia dúzia de coisas simples que vão ser de extrema complexidade."
(*) Retirado do blogue TERREAR, escrito por JMA
Para ter uma visão mais completa, nomeadamente quanto a questões mais complicadas, é recomendável ver isto aqui...
O senhor professor, doutor, doutorado, matemático, gestor, possuidor de um currículo
ResponderEliminarque até faz dores
pensa que é só estalar os dedos
e os professores
tiram-se dos seus desvelos
e é vê-los
a corresponder...
O senhor doutor
nem vai saber o que fazer
para os convencer...
A resposta às três perguntas é sim.
ResponderEliminarAté Quinta-feira.
Abraço,
António
Ciências Ocultas???? Se não fosse séria a matéria, partia-me a rir! Eu até gosto ,muito do novo ministro, mas esta foi de arrepiar... quero ver o que pensam os meus muitos colegas dessa área...
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNo ponto 3 irá ser descontado algum coeficiente pelo número de alunos de determinado professor que recorrem a explicador externo?
ResponderEliminarFui professora durante a maior parte da minha vida e dói-me tanto ver o que têm feito à Educação...
ResponderEliminarL.B.
A ideia que tenho dele é que é utópico.
ResponderEliminaràs vezes as utopias quando postas em prática são desastrosas
Quanto ao ponto 2: - Sou uma ignorante na matéria, mas atendendo a algum conhecimento que tenho da competência de alguns professores, parece-me que se pode correr o risco de ficar entre o nada e coisa nenhuma. Mas isto sou eu a falar, que não percebo peva do assunto.
ResponderEliminarAbraço
O Rogério sabia que o Saramago vai ter uma estátua de homenagem na região da Toscana?
ResponderEliminarTexto que Saramago escreve sobre Terra di Siena, merece a estátua e merecia também estar num livro de português. A beleza do texto contrasta com o que os alunos aludem quanto a dificuldades em oler. O Novo Ministro não olha para isto....belo, ver aqui Terra de Sena, Molhada
ResponderEliminarHummm!...
ResponderEliminarTanta 'simplicidade' vai dar em complicação e da grossa.
Suponho que no começo estão todos com muita vontade de resolver coisas... depois tentam enfrentar o Adamastor e no fim... de boas intensões está o Inferno cheio.
ResponderEliminarSuponho que, se fosse possível, começar tudo de novo seria mais fácil do que endireitar o que anda torto há muito tempo... de simples... este país já não tem nada...
Bjos