“…E quando passar a tempestade que Saramago – humano - provocou com as suas acintosas apreciações, restarão sempre as lombadas beges de Saramago – escritor - para lembrar que aquele fervoroso e impertinente velho rezingão era, no fundo, um apagado sonhador.”
Termina assim um (longo) texto que li em “casa” amiga. Está bem escrito e serve para homenagear, mas também para o contrário disso. Diz bem com palavras de mal dizer. Diz mal com adjectivação de admiração. É um desenrolar de apreciações num estar com Deus e com o Diabo, ou o de dar uma no cravo, outra na ferradura ou, se quiserem, é um texto para ser lido à hora do chá, a pessoas bem pensantes por quem não sabe o que vai na cabeça de quem escuta tal leitura. Não venho aqui abespinhar-me com o escrito, mas apenas aproveitar para sublinhar que o autor daquele escrito se fartou de enganar vaticinando o apagar do “apagado sonhador”. Hoje mesmo, um escritor da nova geração deu testemunho que assim não será. Passo a transcrever palavras dele, do seu romance e depois um video datado:
[...]
nem sequer impossível. A verdade, como o silêncio, existe apenas onde não estou. O silêncio existe por trás das palavras que se animam no meu interior, que se combatem, se destroem e que, nessa luta, abrem rasgões de sangue dentro de mim. Quando penso, o silêncio existe fora daquilo que penso. Quando paro de pensar e me fixo, por exemplo, nas ruínas de uma casa, há vento que agita as pedras abandonadas desse lugar, há vento que traz sons distantes e, então, o silêncio existe nos meus pensamentos.
Intocado e intocável.
Quando volto aos meus pensamentos, o silêncio regressa a essa casa morta. É também aí, nessa ausência de mim, que existe a verdade.
[...]
in Cemitério de Pianos,
José Luís Peixoto
Lamento muito, mas não suporto Peixoto desde o dia em que li uma sua crónica acerca da geração que fez Abril!
ResponderEliminarQuanto ao "apagado" acho completamente ridículo tal adjectivo.
Que concretize muitos sonhos durante esta semana.
Olá São, Não conheço o artigo mas se não diz bem até sou capaz de concordar pois se tivesse sido feito a preceito teriamos agora menos de que nos queixar... (estou meio a sério, meio a brincar...)
ResponderEliminarAcho que vou ler o livro do JLP. Quanto ao que se escreve sobre Saramago, não ligue. JS sempre ficará no coração de quem o leu e ouviu.
ResponderEliminarBeijo
Maiuka
http://camaraazul.blogspot.com/2011/06/blog-post_1316.html
ResponderEliminarpara ser lido à hora do chá, meu caro Rogério, mas por favor com natas!!!
Como leitora, sou fâ incondicional da escrita e talento de José Saramago (o que não quer dizer que não tenha algumas reservas pessoais quanto a certas posições pessoais do homem), e por acaso, também gosto bastante de JLPeixoto... no entanto, penso que todos têm o direito de exprimir as suas ideias e se por acaso elas são ambivalentes, como parece ter sido o caso nesse artigo para ser lido à hora do chá,, é a opinião de uma pessoa... sem grande peso, convenhamos. Não acredito que seja apagado, nem a sua memória, o seu legado, nem o seu sonho... mas será sempre responsável por críticas,e opiniões divergentes... esse é também o seu legado(e mérito!)... como o de outros grandes sonhadores... :)
ResponderEliminarAbraço
Rezingão, talvez, e com razão. Mas bem aceso...
ResponderEliminarAntes de crucificarem o Diogo, os seus leitores deviam ler o texto íntegral
ResponderEliminarhttp://os-protagonistas.blogspot.com/2011/06/velho-rezingao.html
que é uma GRANDE HOMENAGEM ao José Saramago, para quem compreender o texto e tiver sentido de humor.
Estar com Deus e com o Diabo, ou dar uma no cravo, outra na ferradura chama-se na filosofia
ResponderEliminarD I A L É T I C A !!!
Querida Teresa, deixe lá...
ResponderEliminarTenha paciência...
Só queria dizer, com veemência,
que o José não ficará no chão
do esquecimento, com o tal apagão
que seu amigo lhe destina...
Não será essa a sua sina!
O Rogério não compreendeu o texto do Diogo, pois se há alguém que admire e conheça profundamente a obra do José Saramago é o Diogo, ou melhor, toda a família Malheiro Dias.
ResponderEliminarQuase todos os livros que tenho do nosso Nobel foram ofertas dessa família.
Tivemos já mais de mil disputas por eu apreciar muito mais o escritor-intelectual António Lobo Antunes.
Foi o Diogo que me anúnciou, meio transtornado e com as lágrimas nos olhos, a morte do Saramago, pois que eu me encontrava nesse dia na casa dele em Vila-Nova-de Gaia.
Que o Rogério não desse a oportunidade aos seus leitores de lerem o texto na íntegra, também não foi um "fair play"!!!
Pois quando se fazia clique na "casa amiga" aparecia a caricatura do Saramago.
Na minha opinião, o rapaz escreve MUITO BEM, e sabe se lá se não será o nosso próximo Nobel da Literatura. O escritor Mário Claudio já lhe reconheceu o talento.
O futuro de Portugal está nas mãos de jovens como o Diogo e não nas mãos da geração rasca que o Rogério tanto gosta.
Há um provérbio alemão que diz, que nunca se deve enfurecer uma mulher, porque a vingança dela é terrível!!!
Cara Amiga,
ResponderEliminarTambém reconheci o mérito à escrita do autor do texto. Mas transcrevo aqui o comentário que lhe deixei (a si e a ele próprio) evidenciando os adjectivos utilizados no texto:
O azarado burlesco;
O herege que não espanta;
O sarcástico embriagante;
O falador sorrateiro sobre o povo lusitano;
O eloquente prosaico;
O sempre dúbio prémio da academia sueca;
O radical trotskista
O irritante
O terrivelmente exagerado
O estonteante malabarista
O velho rezingão
O apagado sonhador
Quanto ao link tem toda a razão, já corrigi o erro.
Saramago terá sempre admiradores e críticos. Assim como haverá sempre alguma tendência para o preferirem ou ao Lobo Antunes.
ResponderEliminarEu acho que, sendo Portugal um país pequeno, temos sorte em ter a literatura de ambos. E de outros.
Eu, continuarei a ler todos, gostando mais de umas obras do que de outras, mas sempre grata por existirem.
Beijinhos.