Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro" (tirado daqui)
"Portugal está a meio caminho entre a realidade e a ficção. Sempre assim foi."
_____________________Baptista Bastos, in Diário de Notícias (ler texto integral)
Este poema de Fernando Pessoa é maravilhoso e os comentários só podem ser estes. Lições de um pensador nato.
ResponderEliminarParece-me que muita gente ainda não aprendeu a pensar para viver correctamente sem aos outros prejudicar.
Caro Rogério
ResponderEliminarOntem publiquei um poema do Eça de Queirós. Entretanto dada a festa de S.João onde se deve ter passado algo identico ao que B.B relata na sua crónica relativo ao Stº António, decidi passá-lo para hoje.
De facto quando ao longo da vida fui lendo uns poemas dos nossos poetas, não os conseguia tranpôr para a realidade. Agora, caramba parece mesmo premonição, como o Pedro Coimbra escreveu no comentário.
Abraço
Quanto ao "poder absurdo e quase absoluto não ser limitado por nenhuma lei nem por qualquer obrigação moral" podemos agradecer aos políticos que nos desgovernaram porque, simplesmente, venderam a nossa liberdade, porque nenhum país pode ter independência política sem independência económica.
ResponderEliminarAgora estamos à mercê de tantos factores que uns escolhem fingir que não vêem o que está para vir,e outros... não fazem, mesmo, a mínima ideia...
Bjos
Este coloquei-o lá, no meu canto, para lembrar Pessoa na data do seu nascimento (13 de Junho) e para lembrar, também, que falta uma ponte (a construir) entre o vivido e o sonhado.
ResponderEliminarUm beijo
Querida Lídia,
ResponderEliminarFoi do seu canto que tirei o poema (e fiz link). Inibi-me em colocar neste post o comentário que então lhe deixei, Assim:
Dás-me Pessoa
Desassossegadamente
Me perturbando
Eu que vivo
No limbo
Entre o erro e a verdade
Entre o parecer e o ser
Entre Mim e o Meu Contrário
Sem que Minha Alma resolva
Este fadário
e esclareça, em tudo que aconteça
qual a vida que é vivida
e a parte dela que é pensada
Caro Luis,
ResponderEliminarO poeta diz-nos, e o BB confirma, que vivemos a meio caminho entre a vida verdadeira e a vida errada, entre a realidade e a ficção e não julgo que seja por não se ter aprendido a pensar. Talvez seja mais como a
Isa, que diz e bem dito:
"uns escolhem fingir que não vêem o que está para vir,e outros... não fazem, mesmo, a mínima ideia..."
Caro Rodrigo,
Irei fazer o que sempre faço: ler o que escreveu...
O meu estimado amigo BB
ResponderEliminarestá cada vez mais lúcido
avinagrei-me por aqui
ResponderEliminarcom Pessoa e consigo, na pessoa que é
é bom entender o destempero das coisas
"com o bálsamo do sonho"
assim é!
um abraço
manuela
As eternas dualidades de Pessoa. E que bem ele dominava o pensamento e a(s) palavra(s).
ResponderEliminarMuito lindo.