Tal como, antes, a guerra colonial era tema proibido,
hoje, a saída do euro é um debate ostracizado...
O regresso de Sócrates não é um facto isolado. Marcelo dizia que "o que a televisão não mostra, não existe". Se substituirmos o "que a televisão não mostra" por "quem a televisão não mostra" o juízo permanece com a mesma mensagem, evidenciando o poder da imagem (do quem) como suporte da mensagem (o quê). O regresso de Sócrates será uma forma de impor a sua imagem e o seu discurso, e acontece em simultâneo com o regresso das imagens e dos discursos de Marques Mendes, de Jorge Coelho, de Ângelo Correia, de Bagão Félix, de Medeiros Ferreira, de Morais Sarmento, de Santana Lopes e de Francisco Louçã. Já referi que a imprensa (os média, em geral) com esta maré de comentadores aceita que os seus jornalistas passem a ser parceiros de teatro em que o espaço de cena é dado aos convidados. Quem não entra directamente fica remetido ao papel de comentador dos comentadores ou à criação do ambiente para a próxima intervenção. "Quem" e o "quê" ficam de fora? "Quem" e o "quê", não sendo mostrados, não existem?
"Quem" não existe e o "que" não existe passa, nesta estratégia global dos média, a uma existência clandestina. Quer por falta de espaço quer pela estratégia que os partidos envolvidos determinarão. A estratégia ostraciza quem se disponha a encontrar soluções de alternativa ao caminho suicida delineado pela "Troika", designadamente a saída do Euro A maré de comentadores trará para cima da mesa tudo menos o "debate inadiável". Se o referir, será para o ridicularizar, considerar irresponsável ou irrealista.
JM Correia Pinto, hoje no seu Politeia (de onde retirei a imagem deste post) discorrendo sobre tal debate, evidencia as razões porque ao PS, ao PSD, ao CDS/PP e ao próprio BE não interessam por ele. Sobre o PS, escreve JM Correia Pinto:
«...Cortar com a Europa ou reconhecer o seu rotundo fracasso seria o mesmo que reconhecer a falência do seu próprio projecto. “A Europa connosco”, as ilusões sobre a construção europeia como uma zona de solidariedade e prosperidade sem par fazem parte da matriz genética do PS. Sem a Europa, como referencial imaginário – que para o PS funcionou como referencial substitutivo do mito imperial -, o PS não existe. E isso está-se notando já hoje, mesmo sem o partido ter feito esse debate ou sequer interiorizada a falência do projecto europeu, na incapacidade de apresentar uma real alternativa à presente situação, quer sob a liderança de Seguro, quer sob a de Costa ou de Assis, todos eles tolhidos pela ausência de saídas minimamente credíveis e susceptíveis de reverter a presente situação.»Mas a discussão está a decorrer e não há maré que a faça parar. Nem Sócrates. É que, entre outras coisas, haverá jornalistas que não se venderão a tais estratégias e porque não há mais lugar nem condições para o silenciamento. Estamos perto, mas não chegámos a esse tempo!
Este país está sentado num tripé
ResponderEliminarMeu caro, nem sei o que o senhor Sócrates vai dizer. Ou sei muito bem.
ResponderEliminarSinceramente o homem nem medo nem vergonha tem. E já não há pachorra.
Abraço
São ondas...meu amigo, ondas que se cavalgam movidas pela ignorância...
ResponderEliminarIncisivo, como sempre.
Beijo grande.
Deve ser da Páscoa, estão todos a ressuscitar da 'morte política' ao mesmo tempo
ResponderEliminarEstou de acordo com os teus pensamentos e fiquei mesmo convencido que estas jogadas vão sendo cada vez mais comuns.
ResponderEliminarEnquanto as pessoas se juntam em volta de uma personagem ou tema, eles esfregam as mãos porque distraíram o país da sua desgraça e dos graves problemas...
ResponderEliminarUma orquestra (desafinada, contudo) que vai levando a sua por diante, tirando partido da "inocência" de muitos, com prejuízo de todos.
Um beijo