O que a televisão não mostra, os jornais não falam e os comentadores omitem, existe. Existe sim senhor, e vai-se impôr !
«Há três anos, antes de quaisquer outros e enfrentando acusações e
incompreensões, o PCP apresentou a renegociação da dívida como o único e
indispensável caminho para evitar o rumo de afundamento e declínio que
hoje temos confirmado.
Afirmámos então que só tínhamos a ganhar quanto mais cedo fizéssemos a renegociação da dívida.
Afirmámos então que a grande questão não seria tanto a de renegociar
ou não renegociar, mas sim, perante a manifesta insustentabilidade dessa
dívida, quando e em nome de que interesses essa renegociação se faria.
PS, PSD e CDS, ao longo dos últimos três anos, rejeitaram na
Assembleia da República os sucessivos projectos de resolução
apresentados pelo Grupo Parlamentar do PCP.
Mas a vida deu-nos e dá razão.
Três anos depois, há agora mais quem reconheça a natureza
insustentável da dívida e as consequências devastadoras que lhe estão
associadas. Impõe-se pois, antes de mais, o elementar reconhecimento de
que o país poderia ter sido poupado a três anos de um profundo desastre.
Ontem como hoje, não desconhecemos as dificuldades e complexidades de
uma reestruturação da dívida. Sabemos bem que uma tal opção exige um
governo patriótico, que defenda intransigentemente os interesses do povo
e do país e não os interesses usurários dos credores; um governo que
ponha a vida dos portugueses à frente da dívida e que não ceda a
chantagens, sabendo procurar aliados entre os países que hoje enfrentam
dificuldades semelhantes.
(...)
Em relação à dívida do país, em primeiro lugar, é preciso recordar
que a dívida privada é superior à dívida pública, coisa que esses
senhores sempre escondem.
Depois, é preciso também lembrar que Portugal, em 2007, antes da
irrupção da fase mais aguda da crise, tinha uma dívida que rondava os 68
por cento do PIB.
O que se passou de então para cá para a dívida quase duplicar em percentagem do PIB?
Foi porque o Estado passou a gastar muito mais na saúde, no ensino,
na investigação, na cultura, nas suas funções sociais? Não foi. Bem pelo
contrário.
A subida em flecha da dívida pública, para além da quebra de receitas
provocada por uma errada resposta à crise, deveu-se à monumental
conversão de dívida privada em dívida pública. E nem é só o caso dos
milhões enterrados nos bancos privados; são também os milhões que esses
bancos ganham com o processo de extorsão montado a partir das regras de
funcionamento do Banco Central Europeu,
que financia a banca privada a juros inferiores a 1 por cento para depois esta cobrar aos estados 4, 5 ou 6 por cento.
É desajustado falar-se em “perdão” quando nenhum perdão é devido, face à especulação a que sujeitaram o País.
O que se impõe é uma renegociação assumida por iniciativa do Estado
português, na plenitude do seu direito soberano de salvaguarda dos
interesses do País e do povo, assente num serviço da dívida compatível
com o crescimento económico e a promoção do emprego, tendo como
objectivo a sustentabilidade da dívida no médio e longo prazos.»
João Ferreira, ontem, na Apresentação dos candidatos
às Eleições para o Parlamento Europeu
O pior cego é aquele que não quer ver!
ResponderEliminarBeijinhos Marianos, Rogério! :)
Não há outra hipótese que não seja essa, talvez com uma saída do euro no pacote. Quase toda a gente o admite, creio que mesmo dentro do governo, mas para já não o querem reconhecer.
ResponderEliminarQuanto a "cegos", Rogério, há-os para todos os gostos... desde os que "não estão para ter trabalho a ver" até aos que não conseguem, de todo, abrir os olhos...
ResponderEliminarAbraço!
Nem sei o que dizer ao pensar que outros países foram perdoados (tipo, Alemanha pós-guerra).
ResponderEliminarMas "ah e tal, Portugal, não! Portugal tem que vender os órgãos todos, perdão? Não! Essa gentalha de Portugal não pode receber perdão! Perdão é para fracos... E renegociação? Não podem renegociar, então, nem sequer falam inglês, como é que podem falar com a gente? Só tem que pagar e mais nada." - credores
abraço fraterno, meu caro Rogério - boas causas para vencer...
ResponderEliminarque nunca o ânimo (nos)falte.