22 julho, 2014

Poesia (uma por dia) - 69


Confissão de um terrorista!

Ocuparam minha pátria
Expulsaram meu povo
Anularam minha identidade
E me chamaram de terrorista

Confiscaram minha propriedade
Arrancaram meu pomar
Demoliram minha casa
E me chamaram de terrorista

Legislaram leis fascistas
Praticaram odiada apartheid
Destruíram, dividiram, humilharam
E me chamaram de terrorista

Assassinaram minhas alegrias,
Sequestraram minhas esperanças,
Algemaram meus sonhos,
Quando recusei todas as barbáries

Eles... mataram um terrorista!

Mahmoud Darwich (in "Voar Fora da Asa")


Mahmoud Darwich (1942 - 2008), poeta e escritor palestino. A vila em que nasceu foi inteiramente arrasada pelas forças  de ocupação israelenses,  em 1948, durante a Nakba, e a família do poeta refugiou-se no Líbano, onde permaneceu por um ano. Voltou clandestinamente ao seu país e descobriu que o vilarejo onde nasceu fora substituído pela colônia agrícola israelense de Ahihud. Mahmoud Darwish foi preso diversas vezes entre 1961 e 1967,  e a partir da década seguinte passou a viver como refugiado até ser autorizado a retornar à Palestina, para comparecer a um funeral, em maio de 1996. Darwish é o autor da Declaração de Independência Palestina, escrita em 1988 e lida pelo líder palestino Iasser Arafat, quando declarou unilateralmente a criação do Estado Palestino. Membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afastou-se do grupo em 1993, por discordar dos Acordos de Oslo. É considerado o poeta nacional da Palestina. Encontra-se traduzido em mais de 20 línguas.

8 comentários:

  1. Que dias estes, Rogério! :(

    Beijinhos Marianos!

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  2. - O que é um terrorista?
    - O herói ou o assassino?
    - Depende da perspetiva e do corte.
    - Pelo corte se vê a barriga.

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  3. ~
    ~ ~ Não conhecia-- gratíssima pela partilha.

    ~ ~ A poesia conta tudo, com uma certa falta de emoção, de quem há muito não tem lágrimas e perdeu a faculdade de sentir a angústia.

    ~ ~ Os poderosos-- riquíssimos do comércio de diamantes e não só, podem tudo e governam o mundo.

    ~ ~ As fortunas colossais que foram retiradas, de uma só vez, dos bancos da Àfrica do Sul, para os US, após a entrega das colónias portuguesas!

    ~ Dinheiro de diamantes do subsolo africano, lapidados em Israel...

    ~ ~ Eles podem tudo-- roubar um território e cometer um genocídio...

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  4. Conhecia!

    Os sionistas já estão abaixo dos nazis: estes nunca bombardearam guetos, assumiram sempre a sua estúpida teoria de serem uma raça superior e jamais se apresentaram como vítimas após o extermínio que fizeram a ciganos, opositores políticos, deficientes alemães, pessoas de todas as idades, sexo, religião, nacionalidade.

    Abraço fraterno

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  5. um mundo tão conturbado onde a justiça é apenas uma palavra vã...

    :(

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  6. Gostei imenso. Não conhecia nem o poema nem o autor.

    Obrigada pela partilha, tão a propósito. De facto, as coisas tomam-se das qualidades que se lhes quer atribuir. Tudo depende do ponto a partir do qual se olha.
    Eu só posso ver, neste momento, crianças inocentes assassinadas a sangue frio e os assassinos impunes...

    Lídia

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  7. Ficará mal dizer que o não conhecia? ADOREI! Revi-me um pouco no seu poema...Chamaram-me "Apachaia" quando tinha convivido sempre com todos eles e...fui "convidada" a deixar a minha terra...
    Mas o que se passa agora entre Israel e a Palestina...é demasiado hediondo ...Seria necessário que Cristo viesse de novo por aqueles caminhos, fazer o milagre da união,
    Abraço
    Graça

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