Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.
Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.
Entretanto, deixai que me não cale:
até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.
A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a própria dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.
(Post inteiramente transladado do Bio Terra)Carlos de Oliveira, in 'Mãe Pobre'
Muito grato, Rogério!
ResponderEliminarOs poetas são considerados os primeiros educadores do mundo antigo. Numa sociedade onde a oralidade era a base do processo comunicativo, os poemas de Homero e Hesíodo eram transmitidos oralmente, pelos filósofos e poetas da antiguidade, através das gerações, encantando e educando.
A poesia gozava de grande prestigio na educação do povo Grego. A sua importância era em função da necessidade de preservar a memória e as tradições. Nesse contexto a praça pública era considerada o espaço mais importante da cidade, onde os gregos declamavam poemas, contavam estórias e através da dança e do teatro prestavam homenagens aos Deuses, além de praticar a política e a filosofia.
Devemos tanto aos Gregos, tanto!
Um forte abraço.
ResponderEliminarHá quem não acredite que se possa morrer de tristeza...são loucos ou nunca amaram !!!
Existe sim..o excesso.
Seja do que for...acaba derrubando o Amor.
AbraçO
Haja muitas vozes de luta, que bem necessárias são!
ResponderEliminarBelo quadro também
A ideia aristotélica do poeta como pedagogo fazia todo o sentido na Antiguidade onde o saber era privilégio de uma classe de elite onde se incluíam os poetas reconhecidos como detentores de todo o conhecimento. Hoje o poeta o-é dentro de uma ideia de ética e de estética, pois o Saber está disseminado e ao alcance de quem dele quiser saber. Deixou assim de fazer sentido a imagem do poeta como sábio e consequentemente o estatuto de pedagogo, o que o libera da função de "educar/dirigir" e lhe reserva a função de "educar/fazer sentir.
ResponderEliminarQuanto a mim, ser capaz de "revelar" a necessidade de um mundo sustentado em valores como sensibilidade justiça respeito pelo "Outro", é já uma tarefa hercúlea, pois "[...]a luz que não nego" (tem de)abrir o escuro da noite que nos cerca como um muro".
Bj.
Lutemos, sempre!
ResponderEliminarBeijos, Rogério. :)
Um dia haverá poesia todos os dias.
ResponderEliminar~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Que o Tejo se encha de velas
tantas tantas
até que cresçam
nas ribeiras todas de Lisboa
as ruas orvalhadas
e a Avenida cheia
de liberdade
e no Parque floresçam
as loiras espigas:
matem a fome da Nação!
soprem todos o vento de feição!
hajota
Um poema comovente de luta e esperança!
ResponderEliminarBeijinho