MARCELO E AS TÁGIDES
Marcelo, em cupidez municipal
de coroar-se com louros alfacinhas,
atira-se valoroso - ó bacanal!
ao leito húmido das Tágides daninhas.
Para conquistar as Musas de Camões
lança a este, Marcelo, um desafio:
Jogou-se ao verso o épico? Ilusões!...
Bate-o Marcelo que se joga ao rio.
E em eleitorais estrofes destemidas,
do autárquico sonho, o nadador
diz que curara as ninfas poluídas
com o milagre do seu corpo em flor.
Outros prodígios - dizem - congemina:
ir aos bairros da lata e ali, sem medo,
dormir para os limpar da vil vérmina
e triunfal ficar cheio de pulguedo.
Por fim, rumo ao céu, novo Gusmão
de asa delta a fazer de passarola,
sobrevoa Lisboa o passarão
e perde a pena que é de galinhola.
NATÁLIA CORREIAin INÉDITOS 1979/91POESIA COMPLETA
12 janeiro, 2016
À Natália, não lhe escapava nada
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Agora mudou de táctica. Anda pelos lares da Terceira Idade, come sandocha. Um deboche para quem não tem que comer. Demagogia dura e crua.
ResponderEliminarUm abraço
Demagogia dura e crua
Eliminarpura e dura
(esse gajo não tem cura)
Que o voo seja raso!
ResponderEliminarA Natália era/é muito especial!
Beijinhos, Rogério. :)
Verdade
EliminarContinua a ser
Pode crer
Não sou grande fã da escrita de Natália - muito erudita para o comum dos portugueses a entenderem bem - mas certo é que ela era imbatível nestes poemas irónicos... :)
ResponderEliminar...muito erudita para o comum dos portugueses?
Eliminaràs vezes!
Como neste poema se demonstra
Do sentimento trágico da vida
Não há revolta no homem
que se revolta calçado.
O que nele se revolta
é apenas um bocado
que dentro fica agarrado
à tábua da teoria.
Aquilo que nele mente
e parte em filosofia
é porventura a semente
do fruto que nele nasce
e a sede não lhe alivia.
Revolta é ter-se nascido
sem descobrir o sentido
do que nos há-de matar.
Rebeldia é o que põe
na nossa mão um punhal
para vibrar naquela morte
que nos mata devagar.
E só depois de informado
só depois de esclarecido
rebelde nu e deitado
ironia de saber
o que só então se sabe
e não se pode contar.
Natália Correia
o que eles fazem...o que se submetem...até faz impressão.
ResponderEliminar:(
Esta gente
Eliminaré repelente!
Vamos ver
depois da queda
que o povo lhe reserva
com que garganta
se levanta
até fará impressão
Da mestra, o poema. Do mestre, a partilha!
ResponderEliminarObrigado!
Sem falsa modéstia
Eliminaracho que poeta é o que escreve versos
poeta é, também, quem sabe escolhe-los
Obrigado, eu
Mas onde é que o meu amigo descobriu esta preciosidade ? :)
ResponderEliminarGrande Natália !
Beijinho grato
Fê
Por vezes procuro.
EliminarOutras vezes são estas pérolas a encontrarem-me...
Sem dúvida, Fê, grande Natália!