imagem: Serge Marshennikov
«Nunca mais servirei senhor que possa morrer.»
Sophia
um pescador de anzóis, um peixe em sobressalto
a pular do azulejo para a água.
a boca seca. um mar de escamas lançado no lavatório
o sabonete a destilar inquietas sugestões.
lá fora, longe, teus braços…
chegarão a tempo teus braços de me salvar?
chuva, dedos frios desenham corpos invisíveis
que desfilam no declive deste universo
de paredes espessas e altas e surdas.
desvias do deserto o pensar
o gato cata cacos nos brilhos quebrados
do jarro que era da avó. o gato escorraçado.
que faz o gato ainda nesse lugar onde o bolor engorda?
quanto a ti
gostava de te ver, confesso,
à hora de um outro relógio noutro céu denso de azul
que, em se pousando os olhos,
outros vértices, outras faces, outras orações.
gostava de te ver, se ver-te fosse saber-te eu.
inverso a este reflexo no espelho, contraditório
em simetrias sucessivas. um pescador de anzóis,
um peixe embrulhado em verdes algas
inundando de alucinações líquidas o rio
(dizem que a vida é um rio), como se fosse a vida
culpada da rigidez da pedra no meio da água,
a pedra que o rio não deixa de violentar. A pedra
que enfrenta a corrente e não, não cede.
fosses pedra e meus braços seriam em ti foz
e seríamos tu e eu sem fim, unos
imóveis, insensíveis…
e insensatos para todo o "nunca mais".
Um presente inesperado!... :)
ResponderEliminarMuito grata, Rogério.
Bj.
Que sorte
Eliminartua e minha
que os poetas de bom recorte
não tenham nascido no mesmo dia
eu é que agradeço teres nascido
Parabéns, Lídia! Duplo, pelo aniversário e pelo magnífico poema, segue o meu forte abraço de parabéns! <3
EliminarMaria João
Belíssimo poema.
ResponderEliminarDuplos parabéns à Lídia Borges. Pelo seu aniversário e pelo inspirado poema.
Abraço para os dois e obrigado pela partilha.
Obrigado, pelos dois
EliminarMuito grata, Elvira.
EliminarBj.
Lídia
Chama-se ao que aqui se lê uma construção poética, elaborada, séria e, claro, a puxar pelos cordelinhos das emoções!
ResponderEliminarBem vinda bernardete
EliminarA minha ligação está atroz, hoje, não sei se o duplo abraço que deixei em resposta ao primeiro comentário da Lídia, ficou ou não...
ResponderEliminarA este poema vejo-o traduzindo uma reflexão que fosse saindo dela e viesse esculpir-se neste/nesse ecrã, para mim, papel... para mim que sou rio e quase mar...
Abraço!
Maria João
Sempre atentos os amigos
ResponderEliminarBjs para a Lídia
poeta que estimo
...e a propósito de atentos, ó meu amigo
Eliminarquando é que te edito?
Um poema que me arrepiou.
ResponderEliminarSó lamento não ter saber para decifrar as emoções que ele me despertou.
Bem-haja, Lídia Borges e muitos parabéns!
Obrigada Rogério por esta partilha.
Beijinhos para ambos
Não há saber que as decifre
Eliminarpois as emoções sentem-se
sem que se ajuíze
sobre tal sentir
Que melhor adjectivo
que esse teu sentido arrepio