04 novembro, 2016

Hoje é a vez do M (eme) a 13ª letra do alfabeto latino, poeta por destino



POEMA INTRODUTÓRIO
O poema tem o travo
De um raminho de hortelã
Sobre o vermelho do cravo
Dos poetas de amanhã

Ele há portas, muitas portas
Por detrás de cada muro
E os poemas do futuro
Tombam como folhas mortas,
Ou fervilham nas retortas
De um poeta ainda obscuro
Cujo percurso foi duro,
Cujas mãos pendem absortas
Porque se fecham comportas
Onde deve abrir-se um furo...

Há, porém, o travo fresco
De um pé de manjericão
A dominar o grotesco
E a passar de mão em mão

Abram alas, abram alas
Que o poema quer passar;
Cansou-se de se curvar
Pr`a desviar-se das balas
Que vão fuzilando as falas
Dos versos que quer cantar,
Mas que não volta a calar
Porque há-de ressuscitá-las
Assim que todas as salas
Se abram pr`ó futuro entrar...

Tem o gosto das amoras,
Traz o sabor do que é novo,
Troca as voltas às demoras
E vem dar mais voz ao povo!
Maria João de Sousa
in "A CEIA DO POETA"

12 comentários:

  1. <3 Nem sei como agradecer-te, Rogério... pronto, fiquei outra vez sem palavras...

    Abraço grande!!!

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    1. Aqui os coraçõezinhos não assumem o seu formato, mas tu sabes o que eu quero dizer quando fico sem palavras... <3

      Mª João

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  2. Sem palavras fiquei eu, cara Maria João,
    com um sentimento a ferver dentro do peito
    onde esse travo fresco, do pé de manjericão
    calou fundo, lá ficou,e eu, me curvo com respeito.

    Um abraço para ambos.
    Com profunda admiração pela sensibilidade e talento da Poetisa.

    Janita

    PS- Peço desculpa pela ousadia de me atrever a rimar. Saiu...sem querer!

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    1. As rimas certas
      vem ter connosco
      raramente somos nós
      a ir ter com elas

      Quanto à Maria João
      curvemo-nos com respeito

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    2. :) Muito, muito obrigada, Janita... fico sem palavras... <3

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  3. Eu não sei comentar poesia. Sempre entendi que ela, a poesia, é como o amor, ou a raiva. Sente-se ou não se sente. Emociona-nos, enraivece-nos, ou nos deixa indiferentes. Não sei usar as palavras para comentar um poema.
    Este poema da Maria João, como aliás outros que tenho lido no Facebook, trás a alma dispersa em cada verso. Sente-se. Não deixa ninguém indiferente.
    Se "A Ceia do Poeta" está à venda, gostaria de saber onde adquiri-lo.
    Um abraço e bom fim de semana

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    1. "A Ceia do Poeta" são 49 folhas saídas na minha impressora...
      a pedido da autora
      Que eu saiba ainda não é um livro, e é pena

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    2. Muita pena mesmo. O que tenho lido é excelente. Fiquemos com a esperança de que seja um dia.

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    3. Muito obrigada, Elvira! Também eu espero, ainda, que esse dia venha a chegar!

      O meu abraço!


      Maria João

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  4. Quando um poema tem o dom de nos emocionar, as palavras deixam de fazer sentido.
    Curvo-me sempre perante uma Poeta.

    Um beijinho Maria João e
    outro para o Rogério.

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  5. Eu sou fã incondicional de Maria João de Sousa, tenho uma pena imensa que não estejam publicados todos os seu poemas em livro. A Maria João tem uma obra ímpar toda a sua poesia é grande mas onde está mesmo mais à vontade é nos sonetos e escreve-os maravilhosamente bem. Tenho pena que uma Editora não aposte na sua publicação. Bem sei que se os livros de romance já poucos se vendem a poesia será bem pior, mas a obra ficava mais útil para quem a quisesse adquirir. Obrigada Rogério pela divulgação que tem feito e a ajuda que tem dado à Maria João. Beijinho à Maria João e um abraço para si.

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