A Paula Rego pintava intensamente sobre o medo, a ponto de o seu nome aparecer muito ligado ao tema. Ao ver tudo isto que há pouco vi lembrei-me que sobre o medo também eu escrevi. Um poema. Assim:
O medo
(versão actualizada)
Rir? Sorrir?Sorrir de um medo?Desse medoque resultado nosso próprio enredo?Em criança, nesse tempo
o medo fazia parte do crescimento
Vencíamos o medo, íamos crescendo
Hoje, ao certo, não sei definir o medo
Só sei que gostaria
que o medo pudesse ser
qualquer coisa de tangível,
de apalpar, de cheirar e de se ver
E se o fosse, que fosse redondo,
que ao rolar o fizesse com estrondo
E que se tivesse cheiro,
que fosse o do sebo salazarento
E que ao tacto se sentisse a impressão
do fogo vivo das fogueiras da inquisição
Depois, o medo podia ser apontado
e, sei lá, esmagado ou até cortado
Ver-se-ia que o medo
Não tendo nada dentro
Se libertaria o Mundo
deste medo tão profundo
Rogério Pereira/Julho 2020
Quando éramos crianças, o medo era ir lá dentro buscar uma coisa e depois apagar a luz, o medo era do que vinha atrás de nós.
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Eliminaro medo fazia parte do crescimento
Vencíamos o medo, íamos crescendo
Hoje, ao certo, não sei definir o medo
Só sei que gostaria
que o medo pudesse ser
qualquer coisa de tangível,»