17 outubro, 2023

ENTRE RUÍNAS

ENTRE RUÍNAS

Pressentir a morte na desmesura de uma afronta 
na opressão interminável de cada rua queimada 
de cada disparo de cada cerco de cada agressão. 

A revolta presa na arma do terror. 
A coragem engatilhada nas mãos. 
O susto das sirenes no rosto dos filhos 
e na correria angustiada das mães. 
O clamor sufocado nas lágrimas 
e no sangue a quem dói violentamente 
o exílio do chão onde nasceram. 
A exaustão a golpear o corpo. 
A força do silêncio a ensurdecer o grito. 

Sem tréguas sem resgate sem sujeição 
hão-de abraçar-se fortemente entre as ruínas.

Graça Pires

De O improviso de viver, 2023, p. 64 

8 comentários:

  1. Um poema que fará parte dos documentos que vão ficar desta época de violência.

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    1. Não há adjectivos para qualificar este horror...

      Abraço

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  3. Meu Amigo Rogério, como não sofrer com os que sofrem inocentemente? Como calarmos o grito que o coração reclama? Muito obrigada pela divulgação.
    Tudo de bom.
    Um beijo.

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    1. Se algo me toca, não passo ao lado!
      (Aliás, admiro muito todo o teu trabalho)

      Bjinho

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  4. Esta cada vez mais sufocante os ataques entre as partes envolvidas
    a escalada de destruição continua dizimando inocentes de ambos os lados
    e de certa forma ,pelo mundo que se ressente de mais uma guerra.
    Graça Pires documentou poeticamente, a quem agradeço
    com admiração irrestrita.
    Grande abraço Rogério.

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    1. Querida amiga Lis, usaste o termo certo!
      O poema da Graça é um documento... e este Mundo, a caminhar-se assim, não tem salvação possível.

      Abraço grande.

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