04 outubro, 2023

POESIA (UMA POR DIA) - 99

DONA ELITE DE OLIGARQUIA & SA
*

Das migalhas que ao povo atirava,

Dona Elite, pensando melhor,

Entendeu ser demais o que dava

E que ao povo sobrava vigor
* 

Porque, quando a migalha abundava,

Poderia sentir-se um senhor

E atrever-se a sonhar que mandava

Em si próprio, apesar de “inferior”
*

Dona Elite, prevendo o pior,

Sem cuidar do que ao povo faltava

Comeu tudo o que, a si, lhe sobrava:
*

Comeu pobre e criado e senhor

E, por fim, sem notar quanto inchava,

Engoliu tudo quanto restava
*

Até ver que mais nada, em redor,

Preenchia o vazio que gerava

E onde, impante e rotunda, orbitava
*

Muito alheia ao seu próprio fedor.
*
 

Maria João Brito de Sousa


8 comentários:

  1. Uma escolha muito certa. Sou um admirador da poesia da Maria João.
    Um abraço aos dois.

    ResponderEliminar
  2. Obrigada, Rogério, por teres partilhado este meu soneto formalmente "estrambótico", mas muito seguro daquilo que diz.

    Um abraço apertado para ti, para o Senhor das Nuvens e para a Lídia Borges!

    ResponderEliminar
  3. Também eu grande admiradora da POESIA de Maria João Brito de Sousa — apoio absolutamente a tua escolha neste dia histórico.

    Já agora, o meu avô materno era monárquico.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A minha avó materna também era monárquica, filha do general Francisco Manuel Valente, amigo pessoal do rei D. Carlos.
      Abraço!

      Eliminar
  4. O meu pai foi o 1° republicano a nascer na aldeia enquanto o meu avô andava na luta em Lisboa!
    Poema bem escolhido!

    Abraço

    ResponderEliminar
  5. Porque o tempo é um bem escasso
    Porque ando permanentemente ocupado
    Porque a minha escolha recebeu total agrado
    Porque a Maria João me tirou espaço
    Porque me Avô não era monárquico
    Mais não digo nem avanço
    e
    Recebam tod@s o meu abraço

    ResponderEliminar