29 novembro, 2011

O Paulo Guinote, o Pacheco e cá o rapazote....

A cada um o seu retrato, destes "fala-barato"....

O que mais me maravilha na blogosfera é este (fictício) sentimento de verdadeira democracia onde cada um se junta a "gente grande", lhes "linka" textos, os transcreve, os riposta, confronta ou complementa, conforme a razão que julga ter. E, ainda por cima, à borla (daí a referência aos "fala-barato"). Claro que, fora daqui, me remeto à insignificância de só ser um ser pensante, um "Cavaleiro Andante". Os meus parceiros são outra coisa: Paulo Guinote é um (já) ilustre "fazedor de opinião" (escreve posts à média de doze por dia, está nos comentários, dá entrevistas e escreve em jornais e revistas e... ainda lhe sobra tempo para ser professor). José Pacheco Pereira é bem mais que isso, tem outra notoriedade o que faz dele uma autoridade bem instalada...
Mas vamos ao que importa:
Paulo Guinote - Escreve que se farta sobre sindicalismo e sobre a greve. O que pensa não é pensamento isolado e é cada vez mais o porta-voz dos que já a tem. O que ele diz? Coisas assim: "...o movimento sindical demonstra uma evidente incapacidade para capitalizar o descontentamento popular (...) existe a percepção de que as organizações sindicais, cada vez mais burocráticas e estabelecidas, procuram defender, em primeiro lugar, as suas posições organizacionais.(...) Formas alternativas de actuar no sentido de aumentar a mobilização teriam que passar pelo reforço dos laços identitários de cada grupo profissional (...) - Vale mesmo a pena ler na integra
José Pacheco Pereira - Quase responde ao Guinote (e esta hein?): "Mas quem é que podia deixar de esperar que houvesse uma greve? Só quem pretendesse que subitamente a sociedade portuguesa prescindisse da conflitualidade social e que muitos milhões de portugueses que estão a empobrecer se sentassem numa sala escura, abatidos e deprimidos, à espera da salvação.(...) Depois, há os argumentos quanto ao significado da dimensão da greve, para interpretar o impacto que pode ter na sua leitura política(...), vamos admitir que todos os que não fizeram greve porque não podiam perder o salário de um dia, e só mesmo esses, em estado de necessidade, se somavam aos grevistas. Convenhamos que seriam muitos e superariam certamente os que retirámos do número geral anterior de grevistas à força. E, por último, acrescentemos todos os que desejariam manifestar o seu protesto através de uma greve, caso não sentissem que haveria qualquer consequência na sua situação laboral, não seriam prejudicados nas suas carreiras e salários, e, acima de tudo, não seriam despedidos. Então, meus amigos, garanto-vos que a greve seria muito mais próxima do "geral" que esta foi e o sector privado teria uma importante participação. O país pararia mesmo." - é, quase, obrigatório ler na integra
Pela tendência registada, daqui a pouco não há nada...
Este Rapazote (que sou eu) - Não queria ir muito além do objectivo de deixar os textos dos dois "gurús", que quase se rebatem ponto por ponto. Não quero, contudo de chamar a atenção para o escrito do José Pacheco Pereira e sugerir que ele seja cruzado com os dados do pequeno video que encima estas minhas palavras. A grande questão é, face à terciarização da economia e à pulverização da dimensão das empresas se (qualquer) organização sindical resistirá. Dito de outra forma: a questão é se, de forma mais eficaz que o Salazarismo (renitente ao desenvolvimento por temer um sindicalismo forte), o neoliberalismo e as politicas que o suportam, não conseguirão o grande feito de matar a organização sindical, pela simples razão de já não haverem empresas. Está-se numa fase de resistir, de lutar e não de rever outros  processos que não sejam os que levem à consciencialização de vamos a caminho do abismo. Tendo participado na greve, vi muita gente jovem e responsáveis sindicais a actuar. Fiquei com a certeza de que os trabalhadores saberão resistir....

22 comentários:

  1. Não sei... essa do resistir... basta ver como chegámos até aqui... um povo que acaba sempre por escolher... de mal a pior e que acaba sempre por cair... em cantigas

    Bjos

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  2. Resistir isso eu acho que sim, mas sabe Deus e os de cada casa como...
    Gostei pois todos escrevem lindamente. Beijos com carinho

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  3. Como diz o Professor Marcelo Rebelo de Sousa: os portugueses são resistentes, resistem a tudo!Através da história, não foi isso que aconteceu?? A última palavra será a do povo,sem dúvida!
    Bjs e boa semana (resto)
    Graça

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  4. Resistir, sim ! mas activamente e não resistir de forma silenciosa e medrosa.

    Porque o que temos feito é resistir no formato de autênticos sacos de boxe, encaixando directos e upercuts de direita.
    Agora, a hora é de resistir pela luta, desferindo golpes, se preciso for, nas partes baixas destes neo-liberais de trazer por casa que nos (des)governam.

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  5. Concordo, por ser uma evidência, que a tercearização da economia e o modelo neoliberal contribuiu para enfraquecer o movimento sindical. Mas também é verdade que a vulgarização "greve geral" em diferentes etapas, nem todas oportunas face aos valores em jogo, não tem ajudado. Acresce que é nos momentos de maior aperto como o que estamos a viver, que as pessoas paralizadas pelo medo, aderem menos, e tendem a valorizar os "esforços do governo" e a dar-lhe o benefício da dúvida. A partir daqui só quando bater generalizadamente no bolso da esmagadora maioria haverá condições de revolta. Não sei se estaremos longe...

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  6. Rogério,
    insistir é preciso!
    Achei linda a capa do livro.
    bjs
    Jussara

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  7. Gostei especialmente da terceira parte do poste.
    Mas toma cuidado com as companhias que escolheste. ;)

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  8. Resistir, resistir até a corja sucumbir.

    José.

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  9. Estimado Rapazote
    tens razão no que dizes e cumpres
    mas não tinhas necessidade
    para brilhar
    de te fazeres fotografar junto de camafeus

    Abraço

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  10. Caro Mar Arável

    Esses camafeus
    não são amigos meus

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  11. Caro Rogério

    Já dei por aqui umas voltas e não saiu nada de jeito para juntar a minha à sua voz.
    Creio que não basta a analisar a as greves só por si. Há que ir mais longe e não limitar os trabalhadores a participar nesta e noutras acções de luta. Para mim está há muito claro que o problema está no tipo de sociedade em que vivemos (contrariados ou não). Mas no tipo de sociedade em gostaríamos de viver. Essa não existe, terá que ser construída, resta saber se a partir dos cacos em estão a transformar o que resta ou se imerge uma força capaz de nos levar a perceber que é preciso agir antes que seja tarde.
    Abraço

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  12. Amigo Rapazote :)
    O sua visão sobre o assunto está, como é habitual, muito bem explanada e nela ressalta que empregados e sindicalismo dependem da existência de empresas.
    Ora, se elas se estão a extinguir, pergunto se a resistência passa pelos sindicatos criarem empresas?

    Os dois comentários removidos são meus. Tive problemas com o blogger. Só isso.

    Abraço,

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  13. Na minha nao tao ouvida ou Lida opiniao, o maior entrave a economia , ao empreededorismo e a criacao do emprego Sao leis, regulamentos e afins que priorizam o consumo em vez da producao. Ora se consumimos sem produzir temos de ir comprar a quem produza.

    Se nao produzimos ninguem nos compra nada, entao para comprarmos o que consumimos temos de pedir emprestado.

    E agora como alterar isto?

    Nao tenho Vindo aqui tanto pois estou destacada numa aldeiazinha onde nem se sonha com os problemas europeus, alias penso que ter esses problemas seria o sonho das pessoas por aqui.

    A Internet so me permite basicamente ver mails:)

    Bjinhos
    Paula

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  14. Nunca viro as costas a uma pergunta:
    "Ora, se elas se estão a extinguir, pergunto se a resistência passa pelos sindicatos criarem empresas?" A transcrição inclui o contexto, para me permitir uma observação: As empresas extinguem-se? Fazem flop, pimba e cá vai mais uma? É sabido o desincentivo a determinados sectores. É conhecido o papel da Europa na destruição do aparelho produtivo que conduziu à queda de 300 000 postos de trabalho. O video é omisso, relativamente à marinha mercante, às pescas e à agricultura. As empresas não se extinguem massivamente, as empresas extinguem-se por politicas sectoriais, pela pressão das exigências bancárias e condições de crédito. Face à situação dramática da economia o papel dos sindicatos é muito limitado. Mesmo que que quisessem ter outro, na condição de parceiro social, o sistema não o admite. Estamos numa situação de total compromisso com os credores. Resistir é só isso: contrariar a pressão, defender o trabalho com direitos e mobilizar para a inversão deste caminho. Se a inversão acontecer...

    É um cenário em que vale a pena pegar, noutro lugar.

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  15. Como sempre um interessantíssimo e completíssimo texto.

    Eu sempre acreditei mais nas pequenas empresas e não é por acaso que estas políticas económicas escravizadoras e que tratam as pessoas como números têm tudo a ver com as multinacionais e os grandes grupos onde ninguém conhece o rosto daqueles que efectivamente emanam as directivas que massacram o dia a dia de quem para eles produz riqueza.

    Ontem quis ler com atenção os textos, mas tinha chegado de uma tarde de comboios Porto-Lisboa-Porto, da despedida definitiva de um amigo e já não fui capaz. Hoje já consegui ler tudo e até espreitar os links, mas ainda me falta ver melhor os textinhos dos "simpáticos" que estão à tua esquerda. Voltarei, porque amanhã faço outra viagem e só vim cá porque há sítios que são visita diária e obrigatória para mim e vou sempre com um valor acrescido de conhecimentos e sabedoria.

    Beijos

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  16. A coisa está a ficar complicada. No blog do passismo já se pede o fim do direito à greve! ( Em defesa do superior interesse nacional, claro...)
    Não creio que o sindicalismo esteja em risco, mas terá de se reformular e encontrar respostas para um modelo de desenvolvimento económico e social assente em novos parâmetros.
    Fiquei agradavelmente surpreendido com o elevado número de jovens na manif ( não na dos Indignados, na outra)e creio que eles encontrarão a nova fórmula sindical de que o mundo inteiro precisa.

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  17. Belo diálogo de perspetivas.
    O Guinote, até que chegou a prometer. Depois não sei o que aconteceu, mas "a montanha pariu um rato".

    Lídia

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  18. Ha muita gente que discorda comigo, e ate por vezes se zanga comigo, mas acho que cada vez Mais a democracia e usada como uma maneira de se atirar a responsabilidade para outros ( de Amos os lados), do que como uma forma de assumir a responsabilidade e de fazer valer os direitos

    Bjinhos

    Paula

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  19. Mmm... sóp não percebi se o autor percebeu que eu fiz greve.

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