30 novembro, 2011

Fernando Pessoa - 30 de Novembro de de 1935.

Numa só morte se perderam tantos
e a falta que eles me fazem,,,
Suas palavras não minimizam
a ausência
de quem me olhava no olhar,
mas me atiçam, ainda, a esperança
e a lembrança
de que a certeza de ser não me irá faltar
Rogério Pereira

Sonho. Não Sei quem Sou
Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

13 comentários:

  1. Palavras e certezas. Acho que também pensei sobre isso (afinidades de almas?)
    Um bj querido amigo

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  2. Lembrar Pessoa hoje, na data do seu falecimento é lembrar uma pessoa muito especial e este poema é ele todo, assim definido.

    Muito lindo e profundo!

    Obrigada pela partilha.

    Beijos

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  3. Para além de Pessoa só Saramago, que bem o descreveu.
    Evocando-o, hoje, cito um heterónimo:
    "...entre a vida dos homens e dos animais não há outra diferença que não a da maneira como se enganam ou a ignoram. Não sabem os animais o que fazem:nascem, crescem, vivem, morrem sem pensamento, reflexo ou verdadeiramente futuro. Quantos homens, porém, vivem de modo diferente do dos animais? Dormimos todos, e a diferença está só nos sonhos, e no grau e qualidade de sonhar. Talvez a morte nos desperte..."

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  4. Grande verdade, meu caro!Mas morrerá Pessoa, no esgar da sua crise hepática?
    Mas que é a morte? «Hoje estamos e amanhã já não estamos», como bem disse Saramago...

    Bjs

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  5. Grande lembrança, poesia é necessidade e Pessoa é especial.
    bjs
    Jussara

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  6. Obrigada por teres partilhado.
    Ambos belos, amigo Rogério.

    Beijinho

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  7. Impossível deixar de o celebrar mesmo na data da morte!

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  8. Da dispersão do ser, fruto da dispersão dos tempos.
    Não sei o que escreveria hoje Pessoa, mas de Unidade não seria por certo que o mundo se estilhaça mais e mais, a cada dia.
    Recomeçar é sempre possível - dir-me-ão. Acontece que começa a fazer-se tarde e o homem atacado de um individualismo doentio não dá sinais de querer mudar de rumo.

    Um beijo

    Lídia

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  9. Um homens que Sao varias das minhas pessoas preferidas

    Bjinhos
    Paula

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  10. … apesar desta desesperança,
    desta incerteza de livre já não se ser…

    Ironicamente, hoje, quando pela última vez (será?) se comemora a restauração da independência...

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  11. Caro Rogério
    Excelente homenagem!!! Fernando Pessoa uma referência.
    Beijo e uma flor

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  12. Meu amigo:
    A morte de um sonhador, mata um pouco de nós.
    Fernando Pessoa o nosso poeta maior.
    Faz-nos falta mais Homens assim.

    beijinhos

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