O mito de um Portugal periférico tem de ser desfeito. Dou meros contributos...
Na Europa, Portugal ocupa um lugar periférico. Diz-se que ocupa o cu do espaço europeu e foi com esse dizer juncoso que se convenceu, entre outros argumentos "demolidores", que a nossa economia não seria competitiva com uma base industrial forte e com uma agricultura desenvolvida. Os gráficos abaixo, mostram duas realidades que resultam do facto de temos embarcado no mito de sermos um país periférico e de nos termos rendido a politicas erradas em beneficio de quem agora nos apresenta factura pesada. A situação actual resulta disso, não daquilo que nos querem fazer crer:
Clique na imagem para aumentar (dados retirados daqui)
O gráfico da esquerda mostra que a produção agrícola (2,7%) e a indústria (22,8%), estão no limite dramático das necessidades do consumo interno que é, será, satisfeito pelas importações. Não retirar daqui conclusões sobre de que forma esta realidade está ligada ao endividamento é embarcar, paulatinamente, na manipulação da realidade. O gráfico da esquerda mostra de que forma é que as exportações estão fechadas num quase único destino: a Europa em crise e com níveis de crescimento muito próximo de zero.
Há outra realidade, menos falada, e que tem a ver, também, com periferias e politicas erradas ou omissas:
Com a sucessiva perda de colónias desde a independência do Brasil até à queda do império colonial, Portugal passou de uma situação de sede de um espaço económico de poder mundial reconhecido, para uma situação onde, em contradição com esse histórico, não se assume qualquer expressão económica, nem política. Tragicamente, diria. Se olharmos o gráfico acima, o Brasil não representa menos de 1,7% (integrado no Mercosul, com a Argentina, Venezuela e Paraguai) e os outros PALOP não chegam a 7%... Há um fosso abismal entre o apelo dos afectos e as relações económicas. Negociamos mais com estranhos, do que com os povos com os quais temos afinidades históricas, linguísticas e culturais. Portugal viu-se, assim, remetido para uma outra periferia, sem qualquer influência nem beneficio.
Que interesses impedem que Portugal reveja a sua maneira de estar e se assuma como país que não só pode contrariar os mitos das periferias que tem ocupado, como, fundamentalmente se posicionar numa nova centralidade?
É altura de Portugal se afirmar com uma nova centralidade, voltando-se, com politicas de ruptura relativamente ao posicionamento actual, para uma inequívoca estratégia de aproximação aos Países de Língua Oficial Portuguesa. Outras economias e regiões do mundo veriam com agrado esse nosso passo.
Porquê não considerar a CPLP parte integrante de um Plano B?
Periférico? Nunca foi nem será!
ResponderEliminarTambém era periférico quando recebíamos as especiarias do Oriente e ouro do Brasil?
Actualmente, é só mudar a perspectiva.
Bons sonhos.
Gostei de ler estes pontos de vista já mais vezes procurados.
ResponderEliminarNão consigo entender porque não os levam até ao final e não assumem este plano B.
Gosto muito de ler seu blog e suas postagens apesar de nada entende de polica.
ResponderEliminarJá li muito referente ao Brasil ser dependente de Portugal também da luta pela sua independência.
A muitos anos essa dependência terminou sei da grande riqueza extraida do Brasil e levada para Portugal.
Mais agradeço Pedro Alvares Cabral por ter descobrido o Brasil.
Tenho Portugal como Patria mãe e amo profundamente os dois Paises.
Um lindo dia .
Evanir
Lá está! Por vezes estamos de acordo! Vou levar para o FB!
ResponderEliminarRogério querido,
ResponderEliminarFico na torcida para que Portugal encontre sua saída, como encontrou tantas saídas e entradas no passado. Se o plano B acontecer, certamente vou me lembrar de você.
Do lado de cá o sonho de Leonardo Boff ( e meu também) hoje é:
"O desafio hoje é entender a política como cuidado do Brasil, de sua gente, da natureza, da educação, da saúde, da justiça. Esse cuidado é a prova de que amamos o nosso pais.
11.Uma das marcas do povo brasileiro é sua capacidade de se relacionar com todo mundo, de somar, juntar, sincretizar e sintetizar. Por isso, ele não é intolerante nem dogmático. Gosta e acolhe bem os estrangeiros. Ora, esses valores são fundamentais para uma globalização de rosto humano. Estamos mostrando que ela é possível e a estamos construindo.
12. O Brasil é a maior nação neolatina do mundo. Temos tudo para sermos também a maior civilização dos trópicos, não imperial, mas solidária com todas as nações, porque incorporou em si representantes de 60 povos que para aqui vieram. Nosso desafio é mostrar que o Brasil pode ser, de fato, um pedaço do paraíso que não se perdeu."
Girassóis nos seus dias. Beijos
Minhas caras irmãs, do outro lado do Atlântico,
ResponderEliminarMeu próximo post é-vos dedicado e incluirá o V. comentário.
Há coisas que estão mesmo a nossa frente e não conseguimos ver, o mar e as suas potencialidades.
ResponderEliminarnão está mal visto, Rogério!
ResponderEliminarafinal estamos virados para o mar...
um abraço
portugal nao e o"cu da europa"
ResponderEliminarportugal poderia ter sido a porta da europa, tivesse investido na sua costa, portos ( nao faz sentido a espanha ou a holanda serem a porta de entrada) em vez de investir em medidas cosmeticas.
espero que nao seja tarde demais para dar a volta
Bjinhos
Paula
Meu amigo:
ResponderEliminarCá está! Uma visão que é fácil de entender e seria decerto a nossa salvação.
Mas....eles( que nos desgovernam) não sabem, não vêm , não escutam.
O resultado, estamos a pagá-lo todos os dias.
Beijinhos
A aproximação aos PALOP será inevitável.
ResponderEliminarA aparente "ruptura" deu-se num contexto ideológico preciso que se está a escoar de forma acelerada.
Abraço,